Gostaria que seus olhos verdes estridentes não tivessem tanto efeito sobre mim, mas têm. Estou com raiva de Kurt, mas estou ainda mais de mim mesma por me permitir ter me envolvido tanto. No fim, eu sabia que não poderia ter criado falsas esperanças sobre nós dois sem uma base concreta que me passasse confiança, mas mesmo assim, mergulhei de cabeça e me rendi até a última gota.
O garçom nos serve mais uma das outras mil bebidas que ele nos ofereceu nesses últimos trinta minutos e eu recuso novamente. Não quero ficar bêbada, ou melhor, não posso ficar bêbada.— Não acredito que ele está agarrando aquela loira na sua frente.
Manuel parece rir da situação. Ou de mim, não sei diferenciar muito bem
.
— Bom, é do Kurt que estamos falando.
Admito. Mas logo lembro que Manuel não está aqui por tanto tempo assim, e não conhece Kurt como eu conheço.— De qualquer forma — ele diz, tentando aliviar o peso do assunto — Você é uma moça muito fora do alcance para ele. Tenho certeza que ele sabe disso.
Fico um pouco confusa com suas palavras. Não me considero fora do alcance. Bom, eu gosto de mim e sei que tenho muitas qualidades admiráveis, mas ao olhar para a loira muito bem maquiada que agora lança sua língua para dentro da boca dele, — a boca que eu beijava — posso sentir meu coração acelerar, e por um momento, desejo ser ela. Não queria ser a "garota boa demais" para ele. Queria que suas mãos estivessem apertando minha cintura agora, como as dele fazem com a dela.
— Não vou permitir que você se torture.
Manuel me puxa daquela festa na qual fui obrigada a ir para acompanhar Kurt e garantir que ele não faça nenhuma besteira. É claro que ele não sabe disso, deve pensar que sou uma louca ciumenta e desesperada, que não chegou nem a ser namorada, mas está aqui desejando ser dele. Mas se for isso que pensa, não direi que está errado também.
Manuel e eu sentamos sobre o gramado. Encosto minha cabeça em seu peito, e ele gentilmente toca meus cabelos.— Sei que está triste por ter visto Kurt com a loira de farmácia.
Rio pelo termo usado a ele para se referir da menina que agora provavelmente deve estar no quarto com ele.
— Não estava triste. Não estou. — minto, mas talvez não.
Não sei se isso é estar triste ou estar ridiculamente brava com ele, por mostrar que não dá a mínima para os últimos dias que tivemos, como se não tivesse significado tanto quanto significou para mim. Mas talvez, não tenha.
Manuel não diz nada, apenas toca minha mão e a segura forte. Sua mão está gelada, mas quando os minutos passam, me acostumo com a temperatura de sua mão.
Por incrível que pareça, já se passou um mês, e trinta dias foram suficientes para eu arranjar um amigo do qual está sendo muito significativo para mim neste tempo. Ele me ajuda a ir às compras, quando meu pai e sua esposa estão ocupados demais trabalhando, e em todo o resto.
— Talvez eu realmente esteja triste. — admito, por fim — Ele parece ter preenchido uma parte da qual nunca imaginei que poderia ser preenchida, mas eu pareço não ter surtido nenhum efeito sobre ele, entende?Ele concorda com a cabeça.
— Duvido muito que Lili não tenha causado nada a ele. Arrepios, frios na barriga, tudo isso deve ser mesquinho perto do que ele deve ter sentido. Por isso ele fugiu de você, por isso escolheu ficar com qualquer outra garota normal do que com a que faz ele sentir algo realmente verdadeiro.
Manuel diz, e me surpreende. A maneira como usa as palavras bem colocadas e sabe me confortar no momento certo me deixa bem. Bem por saber que apesar de estar aqui, ter que suportar este lugar e ele, ainda tenho o apoio de Manuel.
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𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒
Romance- É ele! - alerta a garota a minha frente, enquanto me viro lentamente para encarar os olhos daquele homem muito maior do que eu. - Eu finalmente te encontrei. - sua voz grossa faz com que a minha pele se arrepie, e sinto um frio tomar conta da minh...