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Adentrei aquele lugar barulhento e lotado de pessoas dançando e gritando junto a música alta. Me senti um pouco desconfortável, talvez por falta de costume ou porque realmente não é a minha praia, mas para não parecer chata ou disfeita, continuei seguindo Candence que estava chamando a atenção naquele lugar com seu vestido vermelho super curto que eu nem poderia me imaginar usando. Ela segurava minha mão enquanto passávamos pela multidão de pessoas até que encontramos o restante do nosso grupo - nosso grupo? eu fazia parte de um agora?

— Demoraram. — Will anuncia e acena para nós duas, retribuo com um sorriso.

— Agora que todos estamos aqui, vamos precisar de bastante álcool! — ela enfatiza o "bastante" com um brilho nos olhos.

Me sento ao lado de Bryan que parece estar tão aéreo quanto eu nisso tudo, claramente não somos acostumados com isso.

— E então, o que vão querer? — ela pergunta, encostada naquele sofá de couro onde eu e o restante estávamos sentados.

— Fica a sua preferência, princesa. — Will sorri para ela e ela revira os olhos.

— Traz um não tão forte para mim. — Bryan pede.

Fico calada observando todos que estão com seus olhares vidrados em mim.

— Eu não bebo. Não assim, na verdade.

— Ah Lili, qual é! — ela apoia a mão em meu ombro e eu nego com a cabeça. — Você vai passar o resto da festa totalmente sóbria?

Penso a respeito por algum instante, e ela tem razão, se eu vou ter que ficar nessa festa, vou precisar de um pouco de álcool, afinal o que poderia acontecer?

Tudo. Minha mente faz questão de me lembrar e posso ouvir minha mãe me questionando e me repreendendo.

Bom, mas ela não está aqui.

— Ok, pode pegar, mas quero a mesma bebida que escolher para Bryan.

Ela e todos os outros arregalam os olhos e eu rio.

Ela finalmente volta com nossas bebidas em uma bandeja, e eu pego o copo de vidro com um líquido rosa e bebo entre goles. Posso sentir o gosto de álcool mas não tão concentrado, o que é bom, e um gosto não tão forte de morango.

— Não brinca! — Candence aponta para o garoto de blusa preta de couro e uma calça jeans preta, Kurt. — Nem fodendoooo, porra! Kurt Scott está mesmo aqui? — ela sorri.

— Aquele imbecil resolveu dar as caras? — Will diz em um tom de deboche, claramente eles não se batem pelo olhar que Kurt lança de longe para ele: nojo.

— Cala boca, Will. Faz muito tempo que ele não aparece.

Kurt olha para mim, e eu desvio o olhar envergonhada. Ele se aproxima de todos e eu reclamo mentalmente torcendo para que ele mude de direção, o que para a minha não sorte, não acontece.

— E esses olhares? — Bryan sussurra para mim, com um sorrisinho em seu rosto.

— Para, não tem nada, só não sei o que ele está fazendo aqui. — reclamo.

— Estou querendo me divertir, Lili, posso? — a voz grossa de Kurt me silencia na hora, e me almadiçoo por ter falado alto demais.

— Quem sou eu para estragar a diversão de Kurt, não é mesmo? — reviro os olhos e jogo mais bebida para dentro, não posso querer lidar com ele sóbria assim.

— Kurt Scott. — Candence o recebe com um abraço caloroso, o qual faz ele revirar os olhos.

— Candence! — ele faz uma animação forçada. — Já pode me soltar. — ele diz se afastando e me olhando.

— Você não cansa de ser um chato, né? — ela brinca. — Certo, o grupinho está completo novamente! — ela sorri e posso ver Will com uma expressão séria. — Agora vamos jogar!

— Finalmente algo bom saiu dessa sua boquinha. — Will sorri. — O mesmo de sempre?

Ela assenti.

— E que jogo é? — Bryan pergunta curioso e eu o agradeço mentalmente por tirar a minha dúvida.

— Verdade ou desafio. — ela responde com animação.

— Voltamos para o ensino fundamental? — ele caçoa.

— No ensino fundamental ninguém é desafiado a transar. — Kurt diz e seus olhos se voltam para mim, me deixando vermelha como um tomate.

Sei exatamente o que esse olhar significa, e conhecendo bem Kurt, posso até tentar adivinhar suas intenções e eu não participarei para concluir elas.

— Bom, de qualquer forma, bom jogo! — digo e cruzo as pernas.

— O quê? Nem pensar nisso! Você vai. — Candence senta do meu outro lado que estava vazio. — Você precisa sair um pouco dessa bolha!

— É um jogo besta. — reviro os olhos.

— É um jogo maravilhoso. — ela sorri maliciosamente. — Vamos, até o bobo do Bryan vai participar! — ela aponta para ele.

— Ei, em que momento eu concordei com isso?

Ela lança um olhar meigo para ele e suas bochechas ganham cor. Bryan está gostando dela? Puta que pariu. Dou uma risada com meus pensamentos.

— Ok, eu vou. — concluo.

Todos sorriem e fazemos uma roda com mais algumas pessoas estranhas e fedidas a álcool.

Candence gira a garrafa, que para em uma menina de cabelos pretos com mechas verdes e uma roupa meio esquisita, mas bonita, e um garoto de cabelos negros e um olhar meio obscuro, bizarro.

— Eu te desafio a ir para o quarto comigo por pelo menos 20 minutos. — o garoto anuncia.

— Eu não falei que escolhi desafio. — ela rebate. — Mas de qualquer forma, eu aceito!

Os dois sobem as escadas enquanto todos gritam feitos idiotas. Pelo amor de Deus.

— Gira a garrafa, ruivinha, quem sabe não dá sorte e para em você? — Um garoto aleatório fala enquanto me observa, como se eu quisesse que parasse em mim.

Giro a garrafa torcendo para que eu não seja seu alvo, e para toda a minha infelicidade, a garrafa para em mim e em ninguém menos e ninguém mais que o meu querido mimadinho imbecil.

Ele me encara com seus olhos verdes me fitando, enquanto todos nos observam em silêncio, e posso sentir minhas pernas fraquejarem. Deus, ele é muito lindo.

— Verdade ou desafio? — ele mantém seus olhos cravados nos meus.

— Olhando um pouco para ela, claramente ela vai escolher verdade. — uma garota loira que está ao lado de Kurt diz, com um tom incluso de deboche.

Observo-a melhor, com um vestido rosa curto como todas que estão aqui. Seu cabelo grande que vai até a cintura, perfeitamente liso. Ela tem alguns piercings na orelha e um no nariz, com algumas tatuagens carregas em seu braço, que não consigo distinguir o que são. Ela apoia a mão sobre o ombro de Kurt e me olha de forma provocante.

— Desafio.

Seu semblante calmo muda no mesmo estante, e ela franze as sobrancelhas.

— Você é maluca, senhora Lili Cooper! — Bryan sussurra no meu ouvido e eu rio.

— Eu sei.

Kurt me olha com curiosidade, e passa as mãos pelos cabelos, seu hábito que consegue me provocar frios na barriga inevitáveis.

— Ok, então vamos ao desafio bobo. — Kurt sorri e passa a língua entre os lábios.

𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora