𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒

25.

— Vai me embebedar antes de me matar?

Pergunto a Kurt que coloca as duas taças de vidro sobre o chão, depositando uma dose média de vinho sobre ambas.

— Talvez o próprio vinho te mate, está muito quente por ter ficado tanto tempo dentro do porta-malas.

Dou um gole rápido e sinto queimar minha garganta. O gosto não fica tão bom quando não está gelado, mas é suportável.

— Você sabe que vão te matar por ter roubado essas taças da cozinha, não sabe?

Ele assente despreocupadamente e então eu rio. Ele literalmente não se preocupa com mais nada, além de estar aqui, comigo. Comigo.
O sol desaparece e o clima já está gelado. Estou levemente tonta depois de algumas taças e me levanto depressa. Kurt me segura após eu quase cair e me mantém firme, então o abraço.

— Obrigada. — o abraço mais forte.

— Por eu ter impedido você de destroçar esse rostinho lindo?

Ele sorri, e seus cabelos ainda estão umidos depois dele ter pulado no riacho enquanto tentava falhamente de me convencer a entrar também.

— Não. Obrigada por hoje.

Ele não diz nada, mas beija o topo da minha cabeça e aquilo sai melhor do que uma resposta verbal. Curto por alguns minutos o quentinho do seu abraço e o cheiro gostoso de seu perfume.

•••

Acordo com um grito. Abro os olhos confusa e olho para o lado tentando encontrar Kurt que agora sumiu. Pisco algumas vezes para me recuperar da lerdeza repentina e quando finalmente me sinto pronta, abro a porta para encontrá-lo.
Olho em volta mas não vejo nenhum sinal dele.
Nada.
Procuro meu celular dentro da bolsa da calça e tento ligar para ele. Ouço o som de seu celular vibrando mas vem de dentro do carro, o que me faz perder as esperanças. Está escuro e estou com medo. Me preocupo sobre o que pode ter acontecido com Kurt, então entro novamente dentro do carro para me proteger do que pode ter o levado daqui.
Ainda me sinto tonta, e a preocupação me faz ficar mais enjoada que antes. Pressiono meus olhos, esperando algum sinal, algum som ou qualquer coisa para que eu saiba que tudo está bem. Mas não está, ele sumiu e não estamos nem na metade do caminho.
Não posso evitar fechar os olhos novamente.