O ar fresco bate contra meus cabelos. Abro um pouco mais a janela para poder me refrescar ainda mais. Faz calor por todo lugar, nem mesmo o ar-condicionado é capaz de aliviar o clima abafado.
— Para onde vamos hoje?
— Bom, você vai gostar. — ele faz uma pausa. — Espero que goste.
Gostei de todos os lugares que Kurt me levou nesses últimos cinco dias, tirando apenas a última vez, quando uma mulher derrubou milk-shake em mim e Kurt usou isso para rir de mim o resto do dia.
— Sem milk-shakes.
Rimos juntos. O som de sua risada é um dos sons mais gostosos de se ouvir e acredito que poucas pessoas já ouviram. Volto a observar novamente a paisagem em movimento para não me sentir enjoada.
Ele para o carro em um lugar totalmente diferente do que eu esperava. Vejo apenas grama e árvores grandes cercando todo o local.— Gostei da escolha do local para me matar, mas deveria ter escolhido um mais escondido e reservado.
Ele ri, mas não estou brincando, não totalmente. Realmente não sei o porquê de estarmos aqui e nem o proposito dele. Ele abre a porta do carro, dando a volta para poder abrir a minha. Sua mão encontra a minha, e a aperto. Adoro a sensação que seu toque me causa.
Depois de andarmos por alguns minutos, posso avistar um riacho logo a frente e pétalas jogadas a grama, que dão um toque gentil ao lugar.
Nos sentamos logo a beira do riacho e o silêncio se estabelece de uma forma confortavel e calma. Ele se deita e me puxa, deixando minha cabeça contra seu peito enquanto seus dedos deslizam sobre meus cabelos.— Nunca mais vim a algum lugar assim. Longe de todos, afastado dos sons dos automóveis ou do cheiro da fumaça dos carros. Eu costumava vir quando era mais novo, para ler. Tinha um lugar parecido, logo a uns quinze passos de casa, e era o único lugar que eu podia ler ou fugir do som dos pratos quebrando.
Ele continua a mexer carinhosamente em meus cabelos e eu o ouço com atenção.
— Quando me mudei para cá, eu passei alguns dias procurando outro lugar calmo para fugir da realidade dura, e foi quando encontrei este. Não é bem o que eu esperava, mas servia. Só vim aqui cinco vezes, dois anos atrás, depois disso nunca mais voltei.
Fico curiosa para saber o que o fez parar de vir aqui, ou porquê ele veio novamente, e comigo. Mas permaneço calada e o espero continuar. Mas nada acontece, apenas, silêncio.
Tomo coragem finalmente e o pergunto.— Porquê parou de vir?
Sua mão congela e então ele a retira. Fico incomodada com a falta de seu toque e sinto vontade de colocar sua mão novamente ali.
— Não é relevante. Não para agora.
— Porquê voltou?
— Esse lugar não me trouxe a paz que eu buscava na última vez que vim. Mas algo me fez querer voltar e te trazer aqui.
— E o que está sentindo agora?
— Paz.
Ele me puxa mais para si, e me aperta com seu braço. Puxa um pouco de ar, antes de finalmente completar
— Descobri que paz não se resume só a um lugar, exatamente, mas a alguém.
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𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒
Romance- É ele! - alerta a garota a minha frente, enquanto me viro lentamente para encarar os olhos daquele homem muito maior do que eu. - Eu finalmente te encontrei. - sua voz grossa faz com que a minha pele se arrepie, e sinto um frio tomar conta da minh...