9.

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Seu olhar me deixa estranhamente incomodada. Olho para Karol e meu pai que me olham com um olhar de "por favor, não diga nada que possa estragar a noite."

Suspiro e finalmente me pronuncio.

- Não, me desculpe caso eu tenha passado essa impressão. Não está incomodando. - digo meio baixinho e tomo um gole da minha bebida.

Se eu tiver que enfrentar o resto dessa noite, terei que precisar de um pouco de álcool.

Olho para Kurt e seus olhos encontram os meus. Coloco minha mão sobre a mesa e percebo ele aproximando a sua de forma lenta e confusa da minha. Quando ele nota meus olhos cravados nos movimentos de sua mão, ele rapidamente os desfaz e leva sua mão por de baixo da mesa.

Que porra está acontecendo? Primeiro, Kurt se incomoda com a forma como aquele velho incoveniente me olhava, e agora posso jurar que ele levaria sua mão até a minha, mas... Não, devo estar ficando maluca. Talvez seja esse vinho super caro que é com certeza mais forte do que os que estou habituada a beber. Sim, deve ser isso, com toda certeza.

Francisco mantém seu olhar sobre mim e me esforço para tentar manter uma expressão neutra. Por fim, acabo minha refeição e peço permissão ao meu pai para sair e tomar um ar.

- Não precisa de permissão alguma para sair, filha. - diz gentilmente.

É o costume de ter que pedir permissão para qualquer coisa quando estou sobre a presença de minha mãe. Hábitos.

Me retiro da mesa e caminho até uma parte menos lotada da festa, e logo encontro a sacada que dá vista a um céu maravilhosamente lindo. O céu está escuro e o vento está movendo as árvores lá fora de forma apressada.

- Peço desculpas se meu pai te incomodou em algum momento. - ouço uma voz masculina atrás de mim.

Me viro dando de cara com Bryan que mantém seu olhar para o chão.

- Tudo bem, estou..

- Acostumada? - ele me interrompe. - Não me admiro, deve receber muitos olhares. Sua beleza chama atenção. - ele leva sua mão imediatamente até a boca e posso ver suas bochechas corarem.

- Eu ia dizer que estava bem sobre isso, mas acostumada serve também. - digo ignorando suas últimas palavras para que ele se sinta mais confortável.

- Eu.. eu sinto muito por.. - ele pousa sua mão até a testa e fecha os olhos. - Bom, por isso que acabei de falar, não era a minha intenção, é o vinho.. - ele sorri aliviando a tensão em seu rosto.

Sorrio ao ver que o vinho está causando o mesmo efeito em mim, nele. Imagino que assim como eu, ele não tenha tanta tolerância ao álcool, o que faz com que suas atitudes fujam um pouco da normalidade de quando está sóbrio.

- Acredite, eu entendo mais do que possa imaginar. - rio.

- Não a vi fazer algum comentário vergonhoso até agora, será que entende mesmo? - ele ergue uma sobrancelha me desafiando.

- Não estou alcoolizada o suficiente. Tente novamente mais tarde após algumas taças! - digo e rimos.

Passamos algumas horas rindo e percebo o quanto a sua presença é divertida, e o quão diferente de seu pai é. Por alguns momentos, desvio meu olhar até o centro do salão, onde se encontram Kurt e a tal loirinha, Alice. Kurt está apoiado sobre a parede, e trocamos alguns olhares.
Por algum momento, o mundo parece congelar quando seus olhos verdes encaram os meus, e sinto um frio percorrer por todo o meu corpo.

Mesmo de longe, consigo sentir a intensidade de seu olhar. Ele logo desvia o seu olhar para Bryan que está ao meu lado, e sua expressão que até então estava suave e calma, muda de forma brusca e vejo ele puxar o braço da menina, sumindo do meu campo de visão.

𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora