Capítulo 16

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Os dias estavam passando rápido naquele apartamento em Londres, e Noah e Josh estavam cada dia mais próximos. Apesar das circunstâncias, era bom, eles estarem vivendo juntos. Se sentiam como um casal de fato, com briguinhas bobas, olhares furtivos, beijos roubados e mãos bobas. Aparentemente, Matthew ainda não tinha se movimentado, e, honestamente, Matthew Urrea era a última coisa que passava pela cabeça dos dois nos últimos tempos. Mas de repente, Josh teve um estalo. Eles estavam ali a tanto tempo e ele ainda não tinha se lembrado de olhar o cofre. Lembrava de seu pai dizendo que em casos de emergência tinham coisas no cofre que poderiam ser úteis.

Josh tirou o quadro que escondia o cofre da parede e o colocou sobre a cama. Noah continuou deitado de bruços na cama balançando as pernas e apoiando os cotovelos sobre o colchão usando-os de apoio para o seu queixo sem entender o que ele estava fazendo.

— Por que resolveu procurar isso agora? — Questionou curioso. — Já faz tem mais de duas semanas que estamos aqui.

— Lembrei do meu pai dizendo que tinham coisas aqui que poderiam ser úteis. — Ele passou os dedos pelo metal do cofre e analisou a fechadura. — A senha é o dia em que nasci. — Noah riu irônico.

— Meio previsível, não acha? — Josh olhou para ele por cima do ombro e sorriu ladino soltando uma piscadela.

— Não quando os números estão embaralhados.

— Esperto. — Josh suspirou voltando sua atenção para o cofre.

— É, ele era. — Noah mordeu o lábio inferior pensativo.

— Sente falta dele, não é? — Josh confirmou com a cabeça.

— Todos os dias. — Ele respirou fundo, balançando a cabeça para espantar os pensamentos tristes e se virou para o cofre começando a digitar a combinação. — 0...0...1...2...0...0...3...3... — E como um passe de mágica, a porta do cofre se abriu. Noah se sentou na cama olhando com expectativa para as costas do loiro enquanto ele retirava as coisas de dentro do quadrado de metal.

— O que tem aí? — O moreno perguntou. Josh pegou tudo e foi até ele, colocando tudo sobre a cama. Noah remexeu a bagunça franzindo o cenho. — Fotos, passaportes falsos, outros documentos... — ele arregalou os olhos — ... uma arma, dinheiro e... uma carta. — Ele pegou o envelope e leu o cantinho "R Beuachamp". Ele ergueu os olhos e entregou a carta para Josh. — Acho que é do seu pai. Josh encarou o envelope com hesitação, será mesmo que ele queria saber o que tinha ali? Percebendo a hesitação dele, Noah segurou a mão dele e colocou o envelope sobre sua palma sorrindo encorajador. — Você deveria ler. — Beauchamp concordou com a cabeça e abriu o envelope com as mãos trêmulas. Ele tirou de dentro um papel branco dobrado ao meio e colocou o envelope no colo, respirando fundo antes de começar a ler.

— "Josh, filho, você está chateado comigo por eu ter me intrometido, sei disso, mas Noah é um bom garoto e tenho a sensação de que ele fará bem a você, espero que você veja isso e não cometa nenhum erro que irá se arrepender. Não sei quando lerá essa carta, mas a estou escrevendo enquanto passo alguns dias aqui depois da nossa conversa. Gosto de vir a Londres de vez em quando. Essa cidade me lembra a sua mãe. — Josh sentiu a respiração ficar presa na garganta com a menção a Úrsula. A última vez que Ron havia trazido aquele assunto à tona, fora no seu aniversário de 25 anos, quando disse que tinha um presente para Josh. O loiro só não esperava que tivesse que pegar um avião para receber aquele presente. E muito menos que seria um apartamento. Ele conseguia se lembrar exatamente das palavras de Ron naquele dia:

"— Eu trouxe sua mãe aqui no nosso primeiro encontro. Ela estava de passagem por Londres e eu também, então a convidei para conhecer meu apartamento. Ela era linda, incrivelmente inteligente e sarcástica também, tinha um humor ácido que me deixava louco. Você me lembra muito ela às vezes. — Josh revirou os olhos. — É exatamente disso que eu estou falando. — Ele apontou para o rosto do filho com um sorriso terno. — Ela também vivia revirando os olhos. Você puxou isso dela. Desde o dia que a conheci eu soube que a amaria até o dia que eu morresse. — Ron olhou em volta com um sorriso nostálgico nos lábios e os olhos marejados ao lembrar de cada momento que passara com Úrsula naquele apartamento. — Quero que você cuide bem desse lugar. E quando se sentir pronto... traga uma pessoa especial aqui. E assistam ao pôr do sol juntos sentados em frente a janela. Você não vai se arrepender, acredite em mim."

Verde, Azul e o FimOnde histórias criam vida. Descubra agora