Capítulo 17 | Unforgivable

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Assim que despertou, Amelia soube que havia algo errado

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Assim que despertou, Amelia soube que havia algo errado.

Todo o seu corpo transmitia um aperto agoniado, sufocante, que lhe fazia ter vontade de gritar. A sensação lhe lembrava algo como culpa, porém ela sabia que não havia feito nada condenável—ao menos, não que a fizesse condenar a si mesma—e ela tinha certeza de que aquilo era completamente anormal.

Poderia ser uma reação de seu corpo a algo externo—o clima, ou até mesmo o reflexo de algum sonho agitado—porém seus instintos rejeitavam qualquer suposição que soava plausível. Ela ainda era guiada pelo sentimento de que algo lhe faltava.

Algo importante.

Amelia poderia esperar pelo café da manhã antes de iniciar uma possível busca pelas razões daquele sentimento, porém ela sabia que não conseguiria. A urgência pulsava em seus pensamentos como um alarme, dizendo para que ela corresse, que fosse rápida e procurasse a imperfeição que tanto lhe inquietava.

Ela então levantou-se de sua cama e alcançou seu robe de seda, preguiçosamente estendido no encosto de uma cadeira. Amarrou-o ao redor da cintura e dirigiu-se até o espelho. Sua aparência assemelhava-se à de todas as manhãs: abatida, porém renovada após um longo período de descanso. A jovem limitou-se a ajeitar os cabelos com os dedos antes de deixar o quarto, permitindo-se ficar apresentável.

Seria um escândalo perambular pela mansão caso não o fizesse.

Entretanto, antes que ela pudesse abrir a porta, alguém o fez primeiro.

Amelia quase caiu para trás, tamanho fora seu espanto. Para seu alívio, a pessoa que surgiu não lhe causaria nenhum mal: era Eliza que adentrava o quarto.

Recompondo-se do susto, a Stratford abriu um sorriso gentil para a anciã. Ela esperou que a mais velha retribuísse, mas na face dela apenas encontrou um olhar vazio. Extensas manchas arroxeadas maculavam a pele abaixo dos olhos, refletindo uma noite insone.

Eliza parecia exausta como ela não via há muitos anos.

Eliza...? —indagou, franzindo a testa, soando confusa —O que ocorreu contigo?

A outra permaneceu calada, fitando Amelia com a mesma expressão vazia.

Eliza comprimiu os lábios, parecendo ponderar sobre algo. O coração da Stratford começou a disparar diante daqueles gestos. Cada minuto de espera alongava-se ainda mais do que parecia ser possível e a cada vez que o silêncio permanecia, mais sentia o sangue pulsar.

O que estaria acontecendo, afinal?

—Amelia... Eu tenho que lhe dizer algo. —disse ela por fim. Seu tom de voz transmitia uma amargura profunda, quase em arrependimento.

—O quê? Diga-me, Eliza! Estou preocupada! —exasperou-se Amelia, colocando uma das mãos sobre o peito.

Um suspiro foi a primeira resposta da anciã. Um vinco se formava na testa enrugada, novamente expressando aquele estado de reflexão. Seja lá o que houvesse a ser dito, a prolongação daquele silêncio apenas aumentava a ansiedade que a Stratford sentia.

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