Capítulo 24 | For a Friend

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As vozes se tornavam confusas, as paredes um misto de cores indefinidas

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As vozes se tornavam confusas, as paredes um misto de cores indefinidas.

Tudo parecia tão pesado. Ela mal podia se mover, tamanho era o seu torpor.

Ah! Se realmente pudesse se desligar da própria mente e voltar ao mundo real, aquelas sensações terríveis poderiam desaparecer.

Mas Amelia sabia que não abandonaria os próprios devaneios tão cedo.

Seus olhos se desfocavam à medida que ela se imergia em sua mente, perdida em um emaranhado complexo e fugaz, mudando e distorcendo a cada memória adicionada, cada pequena reação que uma vez seus olhos haviam captado. Mesmo tentando encontrar uma solução, nada parecia ser lógico o suficiente para que fosse considerada uma verdade—ou parte de uma.

Ah, sim. Maximillian, sempre pilhando seus pensamentos como um ladrão engenhoso.

Como se ele já não rondasse sua mente sempre que interagiam.

Porém, os acontecimentos recentes haviam sido a última gota d'água para uma enchente que já vinha perdurando há muito.

Após ter escutado aquela declaração assombrosa de Arthur Meadow, Amelia passara algum tempo paralisada, ainda recostada contra a parede daquele beco, tentando processar o que ocorrera.

As frases daquele garoto perturbado que nem a conhecia e muito menos deveria conhecer Maximillian—não da forma que ela o conhecia. Sem dúvidas aquele pobre jovem deveria estar mentindo, em prol de suas próprias convicções ou das de alguém, provavelmente as do próprio irmão mais novo.

Mas ainda que ela soubesse que ele poderia ter inventado tudo o que havia dito, isso não impedia as suas palavras ainda martelasse em sua mente, como um cântico assustador e penetrante, que não saía de sua cabeça nem por um segundo sequer.

Todas as maquinações que Arthur fizera tiveram algum propósito. Amelia via um fundo de verdade no que ele dissera, apesar de rejeitar totalmente a ideia que acreditar em suas palavras.

Porque ela havia visto a loucura em Maximillian.

Quando ele subitamente mudava de comportamento, se tornava um ser soturno e crepitante, imerso em sua própria escuridão. Ocultando seus sentimentos e fingindo que estava tudo bem, enquanto refletia um vazio no olhar. Uma criança assombrada por algo que não lhe deixava ser são, sugando o que lhe restava de sanidade dia após dia.

Aquele não era o Maximillian que conhecera.

Aquele era o Maximillian que alguém criara.

E mais do que nunca, Amelia precisava descobrir o que acontecera com seu querido amigo.

Com aqueles pensamentos ainda ecoando em sua mente, Amelia fora capaz de encontrar um cabriolé e voltou para casa. Ela não conseguia se lembrar exatamente o que ocorrera após subir na carruagem, por mais que se forçasse. Todas as lembranças haviam se tornado enevoadas, um breu intenso, um profundo rasgo no tempo.

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