Capítulo 23 | Coal and Copper

64 7 72
                                    

—Aqui estamos, senhorita

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

—Aqui estamos, senhorita. Do mesmo jeito que me pedistes. —anunciou o cocheiro, com sua voz grossa e temerosa.

—Ah, sim. Muito obrigada.

Dito isso, o homem logo apressou-se em descer e abrir a porta para ela, uma demonstração de cavalheirismo deveras falsa. Porém, para Amelia, era o suficiente para alguém tão medíocre e ignorante quanto aquele senhor, que apenas agia assim por causa do maço de libras que ela lhe entregara antes mesmo de subir à carruagem.

Caso contrário, seria obrigada a enlamear a barra do vestido.

Ele tentara conversar com ela, mas a jovem não se sentia à vontade para conversar, não quando havia uma plena tempestade em sua mente. Mas fora criativa o suficiente para contar-lhe uma vaga história sobre aquela persona que criara para si mesma enquanto estivesse na Dudley Street, a fim de evitar desconfianças.

Ela não precisava de mais rumores circulando por aí.

Para todos os efeitos, ela não era mais Amelia Stratford, a grande herdeira da Companhia Stratford, uma lady compromissada e desejada por muitos. Uma mulher famosa e refinada, que jamais pisaria além dos bairros ricos de Londres.

A si mesma dera o nome de Mary Baker.

Uma jovem mulher, recém-casada, trabalhava na padaria do marido, que ficava em um bairro ali perto. "O que fazia em um bairro tão nobre?" Entregas para uma antiga patroa, pois trabalhara ali como cozinheira. "Por que gostaria de ir à um lugar tão perigoso quanto a Dudley Street?" Bem, isso era mais complicado, já que a Stratford nunca fora boa em inventar histórias elaboradas que não fossem fantasias onde ela mesma era a protagonista.

Mas aquele cocheiro não era lá muito inteligente, pois fora convencido facilmente por uma voz excessivamente lamentosa sobre um irmão debilitado que não conseguia se sustentar, sobrevivendo com o salário de sua esposa, uma operária em uma fábrica qualquer. Amelia não se esmerara muito em detalhes, mas não fora necessário.

Os grunhidos de "Sinto muito, senhorita" e "Boa sorte" já eram o bastante para saber que ele havia ouvido o suficiente.

Tão logo ela descera e o homem já se preparava para partir, ajeitando as correias dos cavalos em um tique impaciente. Não lhe agradava muito a ideia de ser apressada por alguém que nem a conhecia, mas ela compreendia os motivos daquele pobre trabalhador.

A Dudley Street, sem dúvidas, era um local perigoso. Naquele bairro escuro e abandonado pela sociedade conviviam os famintos e miseráveis operários e uma miríade de outras subdivisões de classes sociais, desde pequenos órfãos vagantes até um habilidoso assassino.

Ali residiam os mais perigosos criminosos da cidade, que sobreviviam em meio à sangue e sujeira, levando ao pé da letra a frase matar ou morrer.

Fios de CobreOnde histórias criam vida. Descubra agora