Agridoce

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Sexta-feira à tarde
Ponto de vista de Bernardo

Já estava quase na hora de terminar o expediente. Tatsuo tinha saído correndo porque Tomoyo teve um colapso em casa e foi hospitalizada. Ele estava com os nervos à flor da pele. E eu também fiquei preocupado. Tatsuo teve muitas perdas nos últimos anos. Tomoyo e Ayumi eram as únicas que restavam.

Miguel ia para minha casa hoje. Eu finalmente consegui convencê-lo e eu comprei os ingredientes para fazer pratos tailandeses para ele. Era a primeira vez que ele ia experimentar minha comida. Eu estava nervoso. Não por causa do jantar. Por causa da crescente necessidade que eu tinha dele.

Quando eu abri meu coração para o Tatsuo mais cedo, ele me fez perceber como eu estava sendo precipitado. Mas meu coração pedia cada vez mais por Miguel. Dormir sem ele é muito  difícil e eu acordo no meio da noite procurando seu corpo. Eu honestamente não sei o que está acontecendo comigo. Eu estava bancando o namorado possessivo, antes mesmo de ser namorado dele. E sinto muito a falta dele quando estamos longe um do outro...

Quando o horário de trabalho chega ao fim, eu vou encontrá-lo na entrada da empresa e não consigo conter o sorriso ao vê-lo ali parado, me esperando. E pela primeira vez, eu quero chamá-lo de amor. Porra! Eu sou o cara que não usa apelidinhos!!!! O que é que está dando em mim????!!! Meu coração acelera de tal forma que eu acho que todo mundo pode ouvir suas batidas. Calma, Bernardo, calma!

- Oi, está esperando há muito tempo? - Eu pergunto tentando fazer meu coração voltar a bater normalmente. Inútil!!! Sinto minhas pernas moles feito geléia.

- Não, mas eu esperaria uma eternidade por você, se preciso fosse. - Pronto! Agora é que nunca mais meu coração volta a bater normalmente!!!

- Você diz que eu te provoco, mas você agora me deixou sem jeito... - Eu digo num sussurro.

- Como é? Eu não ouvi...

Mas quê... Ele está me provocando???!!!

- Miguel!!!!

- Que foi? Está irritado? Você fica tão sexy quando está irritado... - Ele olha diretamente para minha boca enquanto fala. Eu vou morrer... foco, Bernardo, foco!!! Você ainda vai fazer comida para ele!!!

- A gente pode ir? Eu vou fazer nosso jantar... - E antes que ele diga mais alguma coisa, eu seguro sua mão e vamos até meu apartamento.

No que eu abro a porta, corro imediatamente para a cozinha. "Covarde!" Diz meu cérebro. "O cara te provoca e você sai correndo." Eu só corri para a cozinha para fazer o jantar! Só isso. Eu estava organizando os ingredientes quando o ouço entrar na cozinha.

Ele pára encostado no batente da porta, os braços cruzados no peito e um olhar zombeteiro. E eu, como um bom galo de briga, finjo que não percebi. Eu nunca fui covarde. Mas hoje... eu estou nervoso como nunca estive.

Nem no domingo quando eu levei Miguel para conhecer minha mãe, eu estava assim. E eu não sei dizer o porquê. Eu vou preparando a comida de forma mecânica enquanto sinto aquele olhar insistente em minha nuca.

De repente, sinto seu corpo roçar minhas costas, me dando um arrepio da ponta do pé até o meu último fio de cabelo. E eu fico tenso.

- Olha, o que é isso? - diz ele segurando um vidro de molho agridoce.

- É molho agridoce, usado em carnes e no arroz. Você nunca experimentou? - Meu nível de tensão está nas alturas.

Persuasão (Livro 2 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora