"Reconciliação"

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POV INÊS

- Filha, vem, a comida está pront... - Paro de falar assim que meus olhos encontram os de Márcia.

A policial se levanta do chão e me encara. Aquela expressão que ela sustentava em seu rosto me dizia claramente que ainda estava com muita raiva de mim.

- Meu amor, vai lá pra cima com a Camila, está bem? - Eu falava calmamente. - Eu e Márcia precisamos conversar.

- Tá bom, mamãe.

Maia sai do quarto levando um dos livros de magia nos deixando sozinhas.

- Me dê um único motivo para não acabar com sua raça agora mesmo! - Ela rosna.

- Não seja ridícula, Márcia. - Dou de ombros.

- Sua idiota, você levou a minha filha! Tem ideia do quanto eu fiquei preocupada?! - Ela grita.

- A Maia é minha filha, e eu preciso protegê-la! - Falo no mesmo tom.

- Você podia ter me avisado, eu fiquei desesperada, Inês. Você não pode fazer isso! A Maia pode não ter saído de mim, mas ela também é minha filha. Isso não se faz! - A voz dela falha, as lágrimas começaram a molhar seu rosto.

Nesse momento meu coração se despedaçou por completo.

- Márcia... - Falo sem brusquidão. Me aproximo dela e seguro seu rosto com minhas mãos.

- Sai, Inês! - Ela grita e se afasta de mim. - Eu nem consigo olhar pra você! - Ela vai para o outro lado do quarto sentando-se no chão. Ela encolhe as pernas e repousa a cabeça nos joelhos escondendo o rosto.

Eu estava destruída por dentro. Nunca tinha visto a policial desse jeito, e me doía pensar que era por minha causa! Não quisera acreditar que eu era o motivo de tantas lágrimas e de tamanha raiva da mulher. Camila estava certa. Eu errei com Márcia, e errei muito!

Ando até a mais nova e sento-me ao seu lado no chão. Ela continuava de cabeça baixa chorando muito.

- Márcia, me perdoa... - Atrevo-me a passar a mão em seus cabelos. - Por favor, olha pra mim.

Ela não se movia, então chego mais perto dela e a abraço. No início ela resistiu, tentou se afastar, mas apertei-a ainda mais contra meu corpo e logo ela se rendeu em meus braços.

- Eu sei que fui péssima com você... Droga, eu estraguei tudo! Me perdoa, por favor. - Eu falava baixinho.

Logo ela foi se acalmando e parou de chorar. A policial levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Dou um sorriso triste para ela e passo a mão em seu rosto secando as lágrimas que ainda estavam lá.

- Me perdoa também.

- Eu tenho todo esse jeito de super-protetora, você sabe disso. Eu não te contei nada do que estava acontecendo na floresta porque eu queria te proteger. Mas acabei nos afastando por conta disso... - Olho em seus olhos.

- Inês, me conta tudo. Eu preciso saber. - Ela fala baixo, preocupada.

- Tá bem. - Respiro fundo. - Tem alguém matando os moradores da vila, além daqueles sete corpos que encontramos na floresta, também teve mais um duas semanas antes. Por isso eu ia para lá todos os dias, eu não queria que uma tragédia como essa acontecesse, mas eu não consegui impedir. - Digo frustrada.

- Ei...- Ela segura em meu queixo levantando minha cabeça me olhando nos olhos. - Isso não é culpa sua, Inês. É muita coisa pra você lidar sozinha, não pode lutar só, precisa de ajuda. Mas entenda que isso não foi sua culpa! - Ela acaricia meu rosto. - Você tem alguma ideia de quem possa ser?

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora