"A paz dura pouco"

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POV MÁRCIA

Estaciono o carro em frente à antiga casa do meu melhor amigo. Abro a porta e ajudo Maia a sair do veículo. Caminhamos até a porta e toco a campainha.

- Bom dia, dona Januária!

- Bom dia, Márcia. Que bom te ver! - Ela me abraça e eu retribuo. - Então você que é a Maia? - Ela pergunta olhando para a menina.

- Sou eu mesma. Prazer, dona Januária! - Ela abraça a mais velha. - Onde está a Luna?

- Ela tá muito ansiosa pra ver a Luna, dona Januária. - Eu e a mulher gargalhamos.

- É, eu percebi. Está lá no quarto dela. Vem, podem entrar! Ela está muito ansiosa pra te conhecer também. - a dona diz nos dando passagem e adentramos à casa. - Luna?! Luna?! Vem aqui, minha filha. Elas chegaram!

Ouço alguém vindo correndo em minha direção e abraçando minha cintura.

- Tia Marcy! Que bom que você veio! - A menina diz sorrindo.

- Oi, querida! Eu tava com muita saudades de você, meu amor! - Abraço a menina de volta.

- Eu também!

- Olha, Luna. - Desfaço o abraço. - Essa é minha filha Maia.

- Oi, muito prazer, eu sou a Maia!

- E meu nome é Luna. Você quer ver minhas bonecas? - Pergunta animada.

- Posso, mãe Marcy? - Ela olha pra mim.

- Claro, meu amor. Pode ir, qualquer coisa estarei aqui na sala.

As meninas vão animadas para o quarto brincar. Eu e dona Januária demos risadas da animação das meninas e nos sentamos no sofá.

- Olha, minha filha. Eu não entendi quase nada do que você me disse por ligação. Agora podemos conversar melhor.

- Dona Januária... - Respiro fundo. - A Maia é filha da minha... minha... (minha o quê?) Filha da Inês, dona do bar. A Inês não sabia que tinha uma filha, pensava que estivesse morta. Mas eu a encontrei e a levei para casa. Resumindo, é isso.

- Então a Maia é filha da Cuca? - Ela pergunta chocada levando as mãos à boca.

- E agora minha filha também. - Sorrio para a mais velha.

- Que bom, minha filha. Fico muito feliz por você, de verdade! Dá pra ver que a menina te adora! - Ela sorri.

Desde que eu e Eric nos conhecemos na academia da polícia, dona Januária me tratava como filha, e eu a considerava minha mãe. Mantemos uma relação de carinho e afeto há muitos anos. Ela era muito importante na minha vida.

- Dona Januária, e Eric? Ele tem vindo aqui ver a filha?

- Tem sim, às vezes ele vem junto com a Camila. A moça é um amor com Luna, a trata muito bem. Desde que meu neto voltou, a Luna ficou mais alegre e feliz. Posso até dizer que voltou a ser a mesma menina de antes!

- Que bom, dona Januária. Mas Eric ainda tem que ter muito cuidado, a polícia ainda está atrás dele.

- Verdade, minha filha. E falando nisso, como vão as coisas na delegacia? - Ela pergunta curiosa.

- Nenhum caso novo, mas Ivo continua sendo o mesmo idiota de sempre. Não parou de me perseguir desde que Eric "sumiu". Ele acha que eu estou escondendo algo, que eu sei do paradeiro dele. Não que seja mentira, mas eu nunca falaria nada! Não entregaria meu melhor amigo.

- Tenha cuidado, Márcia. Não quero que nada aconteça a você!

- Fica tranquila, dona Januária. Eu vou ficar bem!

Passamos a tarde toda assim. Conversamos, brincamos com as meninas e almoçamos todas juntas. Já eram 17:30 da tarde, precisávamos voltar para casa.

- Maia, vamos filha! Precisamos ir pra casa.

- Aaah, mas já? Só mais uma horinha, mamãe Marcy.

- É tia, deixa! Por Favorzinho. - Diz Luna.

As meninas me olhavam com carinha de cachorro abandonado que caiu da mudança.

- Nada disso, mocinha. Esqueceu que você tem aula amanhã? E se chegarmos tarde, sua mãe vai transformar a gente em lagartixas.

- Ou em jacarés. - Todas na sala gargalhavam.

- Só não diz isso pra ela, vai ser nosso segredinho. - Sorrio para a menina. - Vamos, se despede.

- Tchau dona Januária, tchau Luna! - Maia abraça as duas.

- Dona Januária, muito obrigada pela tarde que tivemos, e pelas conversas também! - Abraço a mais velha

- Nada, minha filha. Volte sempre! Vocês serão sempre bem-vindas aqui! - Ela sorri.

Nos despedimos e fomos para casa.

POV INÊS

Passara o dia todo na floresta do cedro. Seu Ciço me chamara pois havia algo muito estranho naquele lugar. Estava tendo um mau pressentimento, e quanto mais entrávamos à floresta, mais esse sentimento de angústia aumentava. Realmente havia algo muito estranho acontecendo, confirmamos isso quando encontramos um corpo já sem vida no chão daquela mata.

- Ciço, conhece esse homem? - Pergunto me agachando ao lado do corpo deslizando minhas mãos sobre o cadáver para tentar descobrir o que tinha acontecido.

- Conheço, ele morava aqui por essas bandas. Era um homem bom, não merecia esse final.- O homem fala triste, - Inês, você tem ideia do que pode ter acontecido aqui?

- Olha os olhos dele... Parece que a alma foi sugada. É o corpo seco... Ele está de volta, e não está sozinho. Posso sentir isso.

- E agora Inês?

- Vamos sumir com esse corpo, não quero a polícia atrapalhando.

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora