"Filha da Cuca"

449 55 96
                                    

POV NARRADOR

- Por que eu tenho que ficar? Eu quero ir pra casa!

- Já disse que não. Espere aqui, no carro. Só vou deixar isso e já volto. E é melhor você se comportar. - A mulher diz firme.

Larissa coloca seus óculos escuros e veste uma touca escondendo seus cabelos para que ninguém a reconheça. Pega a pequena caixa branca com uma fita vermelha que entregaria para Márcia, abre a porta do carro e sai. Caminha rapidamente até a portaria do prédio, deixa a caixa no chão junto com um cartão indicando a quem seria entregue e volta, mais que depressa, para o seu veículo.

- Prontinho, meu bem. Eu disse que seria rápido. - Diz tirando sua "fantasia" e se ajeitando no banco do motorista.

- Eu quero voltar pra casa, tô com saudade das minhas mães! - Maia começa a chorar.

- Eu já disse que sua mãe sou eu! - Larissa a repreende. - E não fique assim, logo logo a Márcia vai vir se encontrar com a gente e viveremos todas juntas, eu já te disse isso. - Ela passa a mão no rosto da menina. - Pare de chorar, vai ficar tudo bem.

Maia cessa o choro, mas continuava de cabeça baixa. Larissa dá a partida e dirige por alguns minutos até chegar em uma estrada de barro. Elas passaram a viagem toda caladas, sem trocar uma palavra sequer. Até que a pequena quebra o silêncio.

- Onde a gente tá?

- Vamos deixar o carro aqui.

- Por quê?

- Porque não posso deixar ele lá onde a gente mora. - Ela pega sua bolsa e abre a porta saindo do veículo.

- Por quê? - Insiste a menina.

- Porque a Márcia acharia a gente.

- E não é isso que você quer? - Pergunta confusa.

- Sim, mas não agora. - Dá de ombros. - Sem mais perguntas. Vem, sai logo! E pega suas coisas. Precisamos nos esconder.

A menina não se move. Continuava sentada no banco do carro de braços cruzados.

- Não vou sair! Eu quero voltar pra minha casa com as minhas mães! - Ela faz birra.

- Se você não sair agora, eu arranco você daí à força! - Larissa diz já com raiva.

Maia nada faz, continuava imóvel. Então a mulher segura em seu braço e puxa com força a pequena para fora do carro que acaba caindo de joelhos no chão sujando-se toda de barro.

- Você me machucou! - Ela começa a chorar novamente esfregando seu braço.

- Eu mandei você sair, não me obedeceu e é isso que acontece.

- Eu odeio você! - Maia grita chorando ainda mais. - Eu quero minha mãe!

- Olha, garotinha, eu já estou perdendo a paciência com você! - Larissa bufa e leva as mãos à cabeça, estressada. - Levanta do chão agora! Vamos seguir a pé daqui.

Maia se levanta secando as lágrimas e passa suas mãos sobre seu corpo tentando se limpar de toda aquela lama. Larissa aperta o botão na chave e os vidros do carro começam a subir lentamente, se fechando.

- Minha mochila! - Maia exclama.

- Agora já era! Eu mandei você pegar as suas coisas. Da próxima vez, me obedeça. Agora vamos de uma vez!

Larissa termina sua frase e sai pisando duro contra o chão deixando a menina para trás. Maia, sem que a mulher percebesse, fica na ponta dos pés e leva o seu braço para dentro do veículo pegando o seu colar que havia deixado no banco de trás. Ela consegue pegar o objeto antes que os vidros se fechassem totalmente. A pequena pendura o colar no pescoço e o esconde dentro da blusa, e em seguida, segue atrás de Larissa.

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora