"Mistério"

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POV NARRADOR

Chegando numa parte bem afastada, quase escondida da floresta, Inês e Ciço encontram João abaixado perto de um dos corpos no chão. O homem estava tão abalado quanto seu pai com tudo o que tinha acontecido.

- Quem fez isso? Vocês viram o que aconteceu? - Inês pergunta examinando os cadáveres.

Todos estavam iguais ao corpo que encontraram semana retrasada. Olhos brancos, a pele meio acinzentada, parecia que suas almas tinham sido sugadas.

- Inês, eu estava com um mal pressentimento, por isso saí de casa e resolvi caminhar um pouco. Quando eu cheguei aqui, encontrei todos esses corpos dos moradores aqui no chão já sem vida. Corri e chamei o João, mas não sabíamos o que fazer, então eu pedi para te trazerem aqui. - O idoso estava muito abalado, chorava muito.

- O que vamos fazer? Nosso povo corre perigo! - Disse João.

- Um corpo e agora sete, de uma só vez... - Inês pensava alto. - Todos moradores da vila.

- O que está pensando, Inês? - Pergunta Ciço.

- Acho que eu já sei quem está fazendo isso e sei o que ele quer!

- Então nos diz! - João se aproxima deles.

- Não até eu ter provas.

- E o que vamos fazer agora, Inês? Vamos esconder os corpos como da última vez? - Ciço pergunta para a entidade.

- Não podemos esconder, a polícia está vindo. - Diz João.

- O quê? E quem chamou? Eu disse claramente que não queria a polícia envolvida nisso, Ciço!

- Mas não fui eu, Inês. João, o que você fez???

- Eu fiquei assustado, você me deixou aqui sozinho com todos esses corpos. Eu achei certo chamar a polícia. - Ele diz para o pai que o olhava com reprovação.

- Pois saiba que você errou, e errou muito! - A bruxa diz com raiva. - Com mais gente envolvida, mais perigo todos nós corremos, vai ficar impossível de investigar isso com a polícia na cola.

- E enquanto você não descobre o que está acontecendo, o que a gente faz?! Tem alguém matando nosso povo, você tem noção disso?! Deixa a polícia fazer seu trabalho. - João dá de ombros.

- Não vou perder meu tempo discutindo com você. - Inês se afasta dos homens e se agacha no chão examinando os corpos.

POV MÁRCIA

Acordo assustada com meu telefone tocando sem parar. Olho para o relógio que marcava 05h15min da manhã. Me estico e pego o aparelho no móvel ao lado da cama atendendo a ligação.

~ Ligação on

- Alô?

- Guedes, acharam corpos na Floresta do Cedro. O Ivo tá puto com tudo isso, melhor você ir pra lá rápido! Nós já estamos a caminho.

- Já estou indo. Obrigada por avisar, Albuquerque.

~ Ligação off

Tomo um banho rápido e vou para a sala procurando por Inês. Precisava contar o que estava acontecendo, mas não a encontro. Corro até o quarto de Maia mas ela também não estava lá.

- Que droga, Inês! Onde diabos você se meteu? - Eu já estava entrando em desespero.

Eu precisava sair, mas sem Inês em casa, com quem eu ia deixar Maia? Não podia levar a menina para a floresta, de jeito nenhum! Também era cedo para levá-la pra escola.

- Dona Januária! - Pego meu telefone para ligar.

Não, não. Eu não posso atrapalhar a pobre dona às 5 da manhã.

- Porra, Inês. Eu preciso de você, preciso de você, preciso de você...- Eu andava de um lado para o outro pensando no que fazer. Telepatia com certeza não ia funcionar.

A vizinha do 409 era surtada, e a do 411 nunca estava em casa. - Que merda! - Suspiro.

Corro até a cozinha e preparo um café rápido. Sobre a mesa, deixo umas torradas com geleia e a garrafa de café. Vou até a sala, pego um papel e escrevo um bilhete para Maia.

" Precisei sair mas volto para te levar para a escola. Seu café está na mesa, se comporte até eu voltar.

Eu te amo,

Mamãe Marcy "

Deixo o bilhete em cima da mesa. Pego minha arma, distintivo, telefone, chaves do carro e saio.

Depois de uma hora de estrada, finalmente chego até a Floresta do Cedro. Estaciono meu carro e adentro à mata. Logo encontro minha equipe e me aproximo deles.

- Está atrasada!

- Isso não vem ao caso, Ivo. O que aconteceu aqui? - O infeliz nem me responde. Sai de perto de mim sem dizer nada.

Haviam muitos agentes no local. Tanto da homicídios quanto da ambiental. Uns estavam embalando os corpos para levá-los para o IML e outros interrogavam alguns moradores que estavam por lá. Avisto seu Ciço e João.

- Oi, seu Ciço. - Respiro fundo. - O senhor sabe o que aconteceu aqui? - Pergunto preocupada.

- Eu já disse pra eles, minha filha. Eu e João estávamos passando por aqui e encontramos esses corpos já sem vida.

- Mais alguém viu?

- Não. Dá licença, minha filha. - Ele vai embora.

João apenas me cumprimenta com um aceno com a cabeça e segue atrás do pai. Eu não estava entendendo nada, e ninguém me explicava o que tinha acontecido. Acho que na verdade ninguém sabia ao certo.

Estranho a reação deles, mas deixo de lado. Me afasto de todos e ando mais um pouco pelas matas à procura de pistas, até que vejo uma borboleta azul voando entre as árvores. 

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora