"Passado, presente e futuro"

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POV MÁRCIA

Eu sabia que era difícil para Inês falar sobre o passado dela, por isso, a abraço ainda mais forte contra meu corpo para dar mais do meu apoio à ela.

- Então... - Ela respira fundo. - Eu morava com meus pais na Vila Áquila, a atual Vila Toré. Na mesma casa em que Eric, Iberê e Camila vivem hoje. Eu conheci o Thomás quando eu tinha 19 anos, éramos quase vizinhos. - Ela faz uma pausa. - Meus pais não aceitavam nosso relacionamento, diziam que ele me faria mal, que não prestava. Mas eu estava tão apaixonada que não me importei com o que eles diziam. Por isso, nós sempre fugíamos e nos encontrávamos escondidos à noite, perto do rio. Era o único jeito de ficarmos juntos... Passamos muito tempo escondendo nosso amor com medo do que meus pais poderiam fazer. - Ela faz outra pausa e percebo que estava começando a chorar. 

- Amor, calma. - Solto sua cintura e acaricio seus cabelos tentando acalmá-la. Deixo um beijo em sua bochecha.

- Me abraça, por favor... - Ela pede baixinho.

- Eu tô aqui. - Volto a abraçá-la por trás e ela se aconchega ainda mais.

- Me entreguei a ele. Um tempo depois eu descobri que estava grávida, tentei esconder minha gravidez o máximo que pude com medo do que meus pais podiam fazer comigo e das pessoas me julgarem por não ter um marido. Até que minha mãe descobriu tudo e me expulsou de casa... - Ela me olha nos olhos. - Márcia, ela me disse coisas horríveis naquela noite, coisas que jamais pude esquecer! - Volta a encarar o chão. - Quando eu fui embora desnorteada, a primeira coisa que fiz foi procurar o Thomás. Ele disse que nunca me amou e que já estava com outra pessoa. Que não queria saber de mim e não iria assumir meu bebê. Eu fiquei desesperada, sem ter para onde ir e sem saber o que fazer. Eu estava tão estressada com tudo o que tinha acontecido que acabei tendo um parto prematuro. Meu bebê nasceu morto, e por eu estar tão fraca, morri logo em seguida. - Ela seca as lágrimas.

- Mas que filho da put...  

- Não adianta ficar com raiva dele, Márcia. - Ela vira de frente para mim. - Ele morreu faz séculos! Depois que me tornei entidade, me fechei totalmente. Eu não acreditava no amor, pensava que pra mim fosse impossível! Me relacionei com algumas pessoas depois de muitos anos, mas nada sério. Eu tinha medo de me apaixonar, de me entregar novamente... Até que você apareceu na minha vida... - Ela me dá um sorriso doce em meio às lágrimas.

Seguro seu rosto com minhas duas mãos e começamos um beijo lento e apaixonado. Encerro com alguns selinhos pela falta de ar.

- Obrigada por confiar em mim. - Passo a mão em seu rosto secando as lágrimas que ainda estavam lá. - Obrigada por me contar tudo.

- Te amo, Marcy.

- Eu também te amo. - Deixo um selinho em seus lábios. - Eu também quero te contar sobre meu passado. - Digo olhando em seus olhos.

- Sweetie, não quero que se sinta obrigada a falar só porque eu contei a minha história. Me conte só se você quiser.

- Não, tá tudo bem. - Sorrio levemente para ela. - Não há motivos para eu esconder.

Encho meus pulmões de ar e tomo coragem para começar a falar.

- Quando minha mãe me expulsou de casa por ter me visto beijando Luci, eu fui morar com uma tia no interior. Ela era uma alcoólatra, não parava em casa e não se importava muito comigo, mas nunca me maltratou. Eu e Luci nunca mais voltamos a ter contato depois daquele dia, ela tinha medo do que as pessoas iam falar. Depois que me tornei maior de idade, aluguei um pequeno apartamento aqui na cidade e me mudei. - Faço uma pausa e retomo. - Quando eu ainda frequentava a Academia da Polícia, eu conheci uma garota... - Paro de falar.

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora