No Que Me Transformei (MARINÊS)

"Flashback"

POV NARRADOR

Era uma noite escura, fria e solitária. Na floresta só se ouvia o choro e desespero de uma mãe que acabara de dar à luz a seu filho que nascera morto, a mulher morrera logo em seguida. Quando uma borboleta azul pousa em seus olhos, lhe trazendo de volta a vida e dando-lhe poderes de entidade; assim nascera a Cuca.

Você deve estar se perguntando: "e o bebê?"

Bom, naquela noite, a deusa Jaci desceu da lua e pegou o bebê para si. De fato nascera morto, mas a floresta e a deusa a trouxeram de volta à vida e também lhe deram poderes de entidade. Nomearam-a Maia, deusa da primavera e da fertilidade. Desde aquela noite, a deusa da lua Jaci cuida da menina.

~Dias atuais

- Maia, chegou a hora. Você precisa encontrar sua mãe biológica! Já lhe contei tudo sobre ela, e como irá achá-la.

Jaci passou os últimos onze anos longe da lua cuidando de Maia, precisava voltar. Mas antes, precisava que a menina conhecesse sua verdadeira mãe.

- Vou sentir sua falta, mãe Jaci. - a menina diz com os olhos marejados.

- Eu também, minha pequena. Mas eu preciso voltar para lua, e você precisa voltar para sua mãe.

- Algum dia vou ver você de novo? - a menina já chorava muito.

- Meu amor - A mais velha se agacha na altura da menina - Sempre que você precisar, é só olhar para o céu. Eu estarei lá, mas sempre cuidando de você aqui. - A menina a abraça forte chorando.

- Olha - A mulher passa as mãos no rosto da menina - Enxuga essas lágrimas, está bem? Você será muito feliz com sua mãe Inês. - A menina sorri triste.

- Eu quero muito conhecer minha mãe, mas estou triste porque vou ficar sem você - diz a menina

- Você vai ser muito feliz, meu amor. - Elas se abraçam.

Maia cresceu na floresta, amava as flores e os animais. Jaci alugou uma casa onde criou a menina. Ensinou-a a domar seus poderes e sempre a protegeu com muito amor, mas ela sempre soube quem era a mãe verdadeira de Maia. Por isso, desde pequena ela contava histórias sobre a Cuca à menina que ficava muito ansiosa para conhecê-la.

Jaci se despede de Maia e volta para a lua. A menina vai até o Cafofo Bar à procura de sua mãe.

POV INÊS

Camila aparece e vê toda a cena.

- Inês, o que aconteceu? Por que você está chorando desse jeito? - A sereia pergunta preocupada sentando ao lado da bruxa.

- U-uma menina. Veio até aqui e disse que era a minha filha - Diz chorando muito.

- E onde ela está? Inês, cadê a menina?

- A mandei embora. - Ela soluçava.

- O quê? Por que fez isso? - Pergunta confusa.

- EU NÃO TENHO UMA FILHA, CAMILA. MINHA FILHA ESTÁ MORTA!!! - Inês responde com muita raiva e tristeza. Se levanta e desce até seu quarto.

A sereia fica sem entender nada e vai até a porta à procura da tal menina. Não encontra ninguém. Anda até a esquina, mas nada. A mulher então volta para o bar para tentar acalmar Inês.

POV MÁRCIA

Já era noite quando estaciono meu carro duas ruas antes do Cafofo Bar. Como era noite de reinauguração, as ruas estavam lotadas. Quase não havia vagas. Desço do meu carro e decido ir andando até o bar. Precisava ver Inês, conversar com ela e saber o porquê de eu andar sonhando tanto com ela. Sou tirada de meus pensamentos quando ouço um choro. Olho ao redor mas não encontro ninguém. Ando mais um pouco até a entrada de um beco, onde vejo uma menina chorando muito.

- Ei - A mulher se agacha perto da menina. - O que está fazendo aqui sozinha? Por que está chorando?

A menina não responde. Não parava de chorar.

- Onde estão seus pais? - A policial pergunta preocupada.

- Eu não tenho pais! - Diz a menina e Márcia a abraça acalmando-a.

- Calma, meu amor, calma. Você quer ir pra casa comigo? Não posso te deixar aqui sozinha.

A menina apenas assente com a cabeça e abraça a cintura de Márcia. A policial a conduz até seu carro e dá a partida.