"Sintonia única!"

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POV INÊS

Voo para casa e entro pela janela da cozinha. Márcia estava lá, lavando a louça. Tomo minha forma normal e fico observando-a.

- Oi...

Passam-se alguns segundos e ela nada responde, continuava de costas para mim.

- Afonso está morto. - Digo enfim.

- Eu sei. Comprei outro celular e me ligaram avisando. - Ela diz friamente sem me olhar nos olhos.

- Márcia, não fui eu! Foi um policial. Ele apareceu e...

- E se ele não tivesse aparecido, hã? - Ela corta minha fala virando finalmente de frente para mim e me encarando seriamente. - Você o teria matado?

- Não, não! Eu lembrei de tudo o que você tinha me dito, e não fiz. Márcia, você precisa acreditar em mim... - Digo em tom baixo.

- Eu sei que não foi você. Mas você mentiu pra mim de novo! - Ela exclama. - Você disse que não ia mais esconder as coisas de mim.

- E eu não escondi! - Tento me defender.

- Mais uma vez você me afastou! Você disse que faríamos isso juntas! E não vem com essa história de novo de querer me proteger. - Ela diz em tom sarcástico. - Inês, eu sou policial! Se você tivesse tirado a vida daquele homem, já pensou no problema que ia dar?

- Eu sei, Márcia. Desculpa... Me perdoa por ter excluído você. Mas você é muito teimosa!

- E você mais ainda! - Ela diz emburrada.

Tento me aproximar mas ela se afasta virando de frente para a pia novamente.

- E Maia? - Pergunto tentando mudar de assunto para acabar com aquele clima tenso.

- Está melhor, jantou e foi dormir. - Márcia continuava concentrada no que fazia.

Percebo que ela não queria conversar comigo naquele momento, então me distancio.

- Vou dar uma olhada nela.

Márcia nada diz. Deixo a cozinha e sigo para o quarto de Maia. Abro a porta devagar e encontro minha filha dormindo profundamente. Deito ao seu lado, com cuidado, para não acordá-la. Fico vários minutos com ela acariciando seus cabelos enquanto observava-a dormir. Me levanto e saio fechando a porta com cautela.

Caminho pelo corredor em direção ao meu quarto e adentro ao cômodo. Ouço barulho de água vindo do banheiro, sabia que Márcia estava tomando banho. Tiro minhas vestes e sigo, então, para o banheiro. Ela estava de costas, portanto não me viu. Abro lentamente a porta do box e logo em seguida a fecho atrás de mim. Me aproximo abraçando minha mulher por trás e apoiando minha cabeça em seu ombro. Ela se assusta de início, mas não se afasta. Ficamos abraçadas enquanto sentíamos a água quente molhar nossos corpos nus.

- Me desculpa. - Quebro o silêncio. - Mais uma vez a gente brigou, não gosto quando isso acontece, você fica tão fria comigo... Eu não quero mais discutir com você, me perdoa?

Ela vira de frente pra mim, enlaçando seus braços no meu pescoço. Aproveito para segurar em sua cintura.

- Tudo bem, me desculpe também. Me dói muito quando a gente briga, também não quero que isso aconteça mais. - Ela diz encostando nossas testas e fechando os olhos.

- Você e a nossa pequena, são as pessoas mais importantes na minha vida. Eu te amo muito, Marcy. - Sussurro baixinho.

- Eu também amo você. - Ela junta nossos lábios.

Nos beijamos sem pressa, sentindo o gosto uma da outra e aproveitando o momento. Os estalos do beijo ecoavam por todo o box, nossas línguas dançavam em perfeita harmonia. É tudo tão mágico quando estamos juntas, tudo com ela se torna maravilhoso. Nossa sintonia é única! Nos beijamos apaixonadamente e encerramos com alguns selinhos quando o ar se fez necessário. 

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora