"Isso acaba hoje!"

486 53 35
                                    

POV NARRADOR

- Senhoras, não podem ficar aqui! Estamos no meio de uma operação, é perigoso. - Diz um policial fardado para as duas mulheres.

Mal sabia ele que estava falando com a própria Cuca e Iara. As entidades se entreolham caladas e voltam seu olhar para o policial.

- Saiam já daqui. Eu já disse que é perigoso! - O homem diz um pouco irritado desta vez.

Inês se aproxima dele lentamente e sussurra em seu ouvido:

- Está na hora de dormir...

A Cuca começa a cantarolar a tão temida canção pelas crianças.

- Nana neném, que a Cuca vem pegar...

Bastou murmurar as primeiras frases para o homem cair no chão, desacordado.

As duas entidades então seguem para onde os sons dos tiros estavam mais altos. Elas encontraram outros policiais espalhados em outras partes da floresta, haviam muitos! Então as mulheres se abaixam perto de alguns arbustos, se escondendo.

- Inês, tem muitos deles, com certeza Afonso já está aqui! O que vamos fazer agora? - Pergunta a sereia.

- Vamos continuar procurando, mas com cuidado, a polícia não pode nos ver.

Nesse instante Eric e Iberê se aproximam e se agacham perto delas.

- Mas o que vocês estão fazendo aqui? Eu disse pra vocês esperarem em casa! - A bruxa diz irritada.

- Nós não íamos deixar só vocês ficarem com a parte divertida. - Iberê diz em tom sarcástico.

- Mas e a polícia? Você também é um procurado! - A sereia diz olhando para o ex-policial.

- Relaxa, eu sei me cuidar. - Responde Eric.

- Eles pararam de atirar, vamos avançar. - Diz Curupira se levantando e correndo pela mata.

As outras entidades seguem atrás dele.

- Socorro, aahh!!!!

De repente alguns policiais começaram a desaparecer, algo arrastava-os para dentro do mato.

- Ouviram isso? - Pergunta a bruxa. - Veio daquele lado, ele está atacando os policiais!

As entidades então correm até o local onde ouviram o grito, mas já não havia ninguém.

- Aparece, seu desgraçado! - Iberê grita com raiva.

O som do chocalho da serpente ficava cada vez mais alto quando eles avançavam. Uma das árvores começou a pegar fogo repentinamente, eles sabiam que Afonso estava lá. A grande cobra de fogo sai de trás das árvores e toma sua forma de homem e encara as outras entidades. Ele usava um terno chique preto e seus cabelos estavam penteados para trás.

- Boitatá... - Inês rosna.

- Não precisa dessa formalidade toda, amigos. Podem me chamar só de Afonso.- Ele sorri debochadamente.

- Você é um verme, assim como seu pai! - Iberê exclama.

- Não fale assim do meu pai! Tudo o que ele queria era as terras dele de volta, mas vocês o mataram! - Afonso se altera. - Agora, eu não vou parar até conseguir o que o meu pai queria. Vou me vingar por ele, e acabar com todos os que estiverem no meu caminho! 

Os olhos de Afonso começam a ficar vermelhos como fogo, e antes dele atacar as outras entidades, a bruxa usa sua magia para atirá-lo contra uma árvore.

- Isso acaba hoje! - A mais velha se aproxima do homem que se levantava do chão.

A bruxa já estava com muita raiva, e por consequência disso, seus olhos mudam de cor e começam a brilhar na coloração lilás. Inês envolve suas mãos no pescoço de Afonso e o enforca. O homem já estava ficando roxo pela falta de ar, mas a bruxa não parou. Até que ela começa a relembrar as falas de sua amada: "Se você matá-lo, me perde para sempre!", "Maia não merece uma mãe assassina!", "Esqueça de mim para sempre!", "Eu não vou ficar com uma assassina", "Me perde para sempre!", "Sempre, sempre, sempre..."

Afonso aproveita a distração da mais velha e chuta sua barriga fazendo a bruxa cair no chão gemendo de dor.

- Inês! - Camila ajuda-a a se levantar.

- Seu desgraçado!

Eric e Iberê avançam para cima de Afonso, mas Boitatá usa sua magia para prendê-los no lugar. Ninguém conseguia se mexer, estavam imóveis.

- Vai ser muito mais fácil do que pensei acabar com vocês, bando de patetas!

As entidades tentavam se mexer, mas algo os prendia no lugar. Afonso solta uma gargalhada maléfica.

- Vocês não têm noção do tamanho do meu poder, com um estalar de dedos eu posso simplesmente acabar com todos vocês agora mesmo!

Um policial aparece naquele momento e vê toda a cena e fica completamente confuso. Afonso chega por trás do homem e o imobiliza, mas ainda sem machucá-lo.

- Se vierem atrás de mim, eu o mato! E todos aqueles que tentarem me impedir!

Boitatá solta as outras entidades e sai arrastando o policial.

- Me solta! - O policial tentava se soltar mas Afonso apertava ainda mais seu pescoço.

- Fique quieto seu inútil!

Afonso empurra o policial no chão, fica por cima dele e olha no fundo de seus olhos. O homem começa a se debater no chão, aquilo estava enlouquecendo-o, mas ele não conseguia desviar seu olhar. Num movimento rápido, o policial saca sua arma e dispara sete vezes contra a barriga de Afonso e morre em seguida. Afonso sai de cima do homem segurando sua barriga ensanguentada. As balas perfuraram seus órgãos, o que fazia com que o homem cuspisse sangue. Ele tenta fugir mas acaba caindo. Passam-se alguns segundos e Afonso não se movia. As outras entidades então se aproximam.

Eric se agacha verificando o pulso do homem.

- Ele morreu? - Pergunta a sereia. - E então, morreu? Fala logo, Eric!

- Morreu. - Diz o ex-policial se levantando.

-Era pra ficarmos tristes? Não, né. Ele era um criminoso. - Diz Iberê.

- O que vamos fazer com o corpo, Inês? Vamos escondê-lo? - A sereia pergunta para a bruxa.

- Não, deixemos que a polícia encontre o corpo dele para pôr, finalmente, um fim nesse caso. - Diz a mais velha. - Vamos sair daqui, antes que apareçam mais policiais.

Camila, Eric e Iberê voltam para sua casa, Inês se transforma em borboleta e sai voando.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Tava na hora, né 🙄. Agora o foco volta totalmente pra Marinês 🛐. Beijos de luz! 🦋❤️ 

No Que Me Transformei (MARINÊS)Onde histórias criam vida. Descubra agora