Capítulo XVI

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   Estava chovendo como se o mundo estivesse prestes a acabar lá fora, S/n acordara hiperventilando com o corpo coberto por suor e os olhos segurando lágrimas pesadas que poderiam rolar por seu rosto a qualquer momento que vacilasse. Ela sentiu que não havia apenas ela no quarto, tinha mais alguém, pôde perceber pela vela ainda acesa ao lado de sua cama.

  Quando ela se sentou no colchão e afastou os lençóis de seda, viu a figura familiar do príncipe loiro com os cabelos que já foram espetados, para baixo. Os olhos dele estavam fechados em um sono profundo, ela respirou fundo sentindo o corpo inteiro tremer e não querendo acorda-lo. A princesa tentou se recompor levantando da cama, indo até o banheiro e olhando para as velas acesas na parede.

  Ela olhou para seu reflexo no espelho jogando água no rosto, tentando amenizar o nervosismo e quase entrou em pânico quando lembrou da textura do sangue em suas mãos. Respirou fundo sentindo o sangue correr mais rápido em suas veias, o coração continuar acelerado e as lágrimas finalmente caindo. Se recusava a pedir ajuda, não iria fazer aquilo nem que fosse sua única opção, não poderia fazer isso.

— S/n...? — ouviu uma voz grave na direção da porta.

— B-Bakugou! — sussurrou com a voz trêmula virando o rosto. — O que você tá fazendo aqui?

— Momo me pediu para ficar de olho em você, ela disse que sentia que você precisava de monitoração. — ele se encostou na parede cruzando os braços.

— Eu não sou uma criança... Eu estou bem. — ela tentou disfarçar a voz trêmula.

— São três da manhã não me venha com sua atitude de merda. — ele revirou os olhos mas ela não pôde ver. — Você deveria pelo menos me agradecer de ter vindo aqui checar se está bem.

— Claro até porquê eu ficaria muito agradecida vendo a pessoa que jogou na minha cara, que me usou só pra seus fins egoístas vir aqui com a desculpa mais esfarrapada do mundo. — era só isso que bastava pra deixar o rapaz com raiva.

  Talvez fosse pelo sono ou pela visão turva mas a princesa pôde jurar que Bakugou se aproximou dela, sentiu o corpo tremer com medo de algo incerto e apenas virou o rosto na direção oposta quando sentiu o olhar dele sob ela.

— Não adianta esconder a cara de mim eu sei que você tá chorando. — ele segurou o braço da garota. — Ei.

— O que? — a voz dela saiu firme e finalmente tomou coragem para encará-lo.

— Esquece o que eu falei ontem, só tire isso da sua cabeça e não se afete como se fosse grande coisa. — ele não conseguia olhar em seus olhos. — Vai ser melhor assim.

— Claro, até porquê pra você é extremamente fácil esquecer de qualquer coisa. Não é, Katsuki? — sabia que ele odiava que chamasse ele pelo primeiro nome por isso o fazia.

   Ela soltou o braço da mão do rapaz, ela viu que havia um relapso de raiva em seu rosto mas não queria provocar. Estava exausta demais pra pensar e pra discutir, principalmente com alguém como ele.

— Volte a dormir, quando amanhecer teremos uma missão de reconhecimento pra fazer. — ele foi até a porta do banheiro. — Tente não ser um peso, dessa vez.

 
    Era melhor que ela ignorasse as palavras dele pro próprio bem, tinha muita coisa não resolvida e tão óbvia entre eles que nunca saberia se de fato teria tempo pra poder discutir sobre. Quando ele saiu ela sentiu o fantasma de sua mão em seu braço, eles eram parecidos até na urgência de qualquer tipo de toque e a princesa sabia bem que, ele aproveitaria das situações de raiva para tocá-la.

   Poderia ter ficado acordada pelo resto da madrugada ponderando sobre toda sua vida, transcendendo ações que preferia não ter tomado. Mas só tinha a si mesma pra se culpar quando ouviu o estalo da porta principal se fechar.

𝐆𝐇𝐎𝐒𝐓 𝐎𝐅 𝐘𝐎𝐔 - 𝐁𝐀𝐊𝐔𝐆𝐎𝐔 𝐗 𝐋𝐄𝐈𝐓𝐎𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora