Nem as piores visões que busquei me levaram a esse fim. Minha filha estava viva, mas eu tampouco cuidaria dela outra vez. Sem os chifres e com o acordo feito com Seul Wittebi, Alinü teria que traçar sozinha o caminho para recuperar toda sua magnitude, roubada pela minha nova discípula.
Então assisti Hiver levar minha filha nos braços até sua residência, porque eu tinha certeza de que desejaria vingança quando acordasse. Então me voltei para Seul, tentando conter a raiva que sentia daquela criatura insistente, e me ajoelhei ao seu lado, observando seus ferimentos. Alinü quem tinha acertado os maiores danos nela, mas foi traída pela própria inexperiência. Como Seul sabia disso eu não imaginava, mas não era o momento para questioná-la sobre isso. Eu tinha que cuidar dos ferimentos, porque ela tinha ganhado.
—Eu já falei que não preciso de sua ajuda. — Ela reclamou quando usei sua adaga para cortar o tecido de seu traje, onde o ferimento era profundo e sangrava. — Vá cuidar de sua filha.
—Você está pior. — Limito-me a dizer, ainda que encontrasse conforto no fato.
—E ganhei mesmo assim. — Relembrou, como se fosse preciso. — Eu posso fazer isso sozinha.
—Você não tem energia para isso. — Falo com paciência, estreitando os olhos para a perfuração na sua carne. Raio Lacerante tinha queimado duas costelas, mas não tinha chegado nos pulmões.
—Você me deixou com ferimentos iores e eu sobrevivi. — Sua teimosia me irritava.
—Você está horrível, e não vai conseguir curar um ferimento profundo. Então cale a boca e me deixa fazer isso. Você me queria como mestre, isso faz parte do processo.
—Não é confortável com você olhando.
Estreito os olhos, sem entender de imediato, até notar seu busto despido, e isso me arrancar um riso. Depois de tudo, e ela estava com timidez que eu visse sua nudez. Suas bochechas coraram quando continuei a rir, de todos os momentos, e ela escolheu ser ridícula agora.
—Esse é o menor dos seus problemas. — Digo depois de um tempo, voltando minha atenção para o corte. — Vou te levar de volta para minha casa. Lá eu tenho algumas ervas que vão ajudar.
—Está bem. Eu consigo andar.
Ignoro seu último comentário, passando o braço debaixo das suas pernas e apoiando suas costas antes de me levantar, segurando seu peso contra meu corpo. Ela xingou quando bati minhas asas, erguendo-nos no alto e em direção a minha casa. Seus braços se prenderam com força em volta do meu pescoço, a testa pressionada no meu pescoço. Ela tinha medo de altura? Aquilo era ridículo. O voo não durou muitos minutos, o lago não era longe da casa, e eu pousei no andar superior, na varanda do meu quarto. Voltei a forma humana para poder entrar no quarto, então carreguei o corpo de Seul para a minha cama e a deitei no colchão, tirando por completo seus trajes para me dar espaço.
—Você está sendo abusada. — Ela me repreendeu, mas não fez nenhum gesto para me impedir quando tirei seus sapatos e sua calça, deixando-a somente com os calções de dormir.
—Eu preciso limpar. — Esclareço.
—Não pode simplesmente curar?
—Não é uma ferida superficial. Eu preciso me certificar de que os órgãos dentro cicatrizem sozinhos.
—Não deve ter perfurado nada importante.
Resolvo ignorar. De nada adiantava argumentar com uma idiota. Procurei por todos os itens de que precisaria antes de começar a limpar o ferimento, então fiz uma mistura com ervas e coloquei dentro do corte. Seul gritou agonizada, mas eu não me importei em lhe oferecer uma mordaça ou buscar alguma bebida para suportar. Eu já estava tendo que cuidar da mulher que desonrou Alinü, não era minha obrigação demonstrar compaixão pelo seu sofrimento. Mas ela aguentou consciente todo o processo até eu fechar seu ferimento, substituindo por uma cicatriz reta sobre suas costelas do lado esquerdo.
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O Destino de Vönu
RomanceVonü é uma guerreira acostumada a lutar para sobreviver, habituou-se ao medo dos inimigos e a sua ganância. Mas não estava preparada para a persistência de Seul Wittebi em obter seus poderes. Com o passar dos anos e a ânsia de fugir do destino que e...