Hiver me acordou com sutis toques no rosto, descendo pelo meu pescoço, o que me fez rir. Com a percepção de que estava acordada, ela continuou descendo pelo meu corpo, separando minhas pernas. Olho para ela, sorrindo para a sua animação matinal, em resposta ela segurou minha mão e a colocou sobre sua cabeça, meus dedos envolvendo quase que por instinto entre seus cabelos, guiando-a para o ponto onde a queria. Ela não hesitou, sua língua produzindo círculos e seus lábios fazendo o trabalho principal, oferecendo-me prazer sem cessar até o fim.
Ficamos um tempo deitadas em silêncio, ouvindo a movimentação das pessoas lá fora. Já havia passado dois meses em Tamber, e os ventos do inverno começavam a fazer meus pelos eriçarem pela manhã. Não imaginava que passaria tanto tempo num lugar desses, que acataria a uma guerra, mas sabia no fundo que era o que tinha que fazer. Seria desonrada se deixasse meus irmãos lutarem sozinhos. E talvez fosse o certo a fazer.
Duas batidas fortes na porta, uma pausa e outras três batidas me fizeram levantar da cama. Eram Vigur e Vaanë. Duas batidas para sinalizarem os dois primeiros filhos, e outras três batidas, para sinalizar os demais, era um código em nossa família quando éramos pequenos. Despedi-me de Hiver e os segui para a rua, criticando os dois grossos casacos de pele que estavam sobre seus ombros quando o inverno ainda não tinha chego.
Aqueles dois eram idênticos. Pelo menos não eram idiotas em tentar se parecer, e se diferenciavam o suficiente para eu distingui-los. Vigur era mais alto que Vaanë, ambos tinham os cabelos de cobre, mas Vigur o raspou nas laterais e atrás, deixando um tufo ridículo no topo, além de não deixar a barba crescer. Vaanë tinha os cabelos compridos presos num rabo frouxo, assim como a sua barba, presa com um anel de prata. Ambos tinham olhos verdes, como eu.
—Se você tiver um filho, ele vai nascer pelo meio de suas pernas ou será um ovo? — Vaanë questionou, e Vigur riu da piada.
—Se fosse seu filho nasceria pelo cu de tanto que você fala merda. — Retruco, mas acabo rindo junto deles.
—É por isso que colocamos os filhos no meio das pernas das mulheres. Para não ter erro. — Vigur falou como se aquilo tivesse lógica. Eram dois idiotas. — Os cristãos colocam na bunda e nascem bastardos.
—Veegan está testando a teoria. — Vaanë apontou para uma taverna, onde Veegan bebia com o filho e outro homem que se parecia com ele. — Aquela bastarda deve estar escondida no armário agora que Ehfae voltou.
—Do que estão falando? — Pergunto sem entender, passando por Veegan e indo para o fundo, numa mesa mais afastada.
—Ehfae é pai de Verg. Ele nunca deixaria que a mãe do seu filho dormisse com uma bastarda. — Vigur explicou enquanto Vaanë nos pedia cerveja e comida.
—Seul? — Arqueio as sobrancelhas. — Ela não é uma bastarda. Da mesma forma que ela tem tentado manter o respeito pelo nosso povo, vocês deviam manter por ela. E ela continua debaixo do teto de Veegan.
—Esqueci que ela era a sua protegida também. — Vaanë arqueou as sobrancelhas quando estreito os olhos, deixando claro minha contrariedade sobre o assunto. — E Ehfae não sabe sobre Seul estar dormindo debaixo do teto de Veegan.
—E deveria?
Eles riram e eu continuei sem entender. Eventualmente a comida chegou e nos ocupamos em comer enquanto falávamos sobre qualquer coisa para ocupar o tempo. Eu terminei primeiro e fui para a rua enquanto os dois iam cagar, e Veegan estava lá, parecendo que me esperava.
—Bom te ver. — Ela falou de maneira amistosa e ofereceu a mão.
—Você precisa de algo? — Aperto sua mão, encarando seus olhos.
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O Destino de Vönu
RomanceVonü é uma guerreira acostumada a lutar para sobreviver, habituou-se ao medo dos inimigos e a sua ganância. Mas não estava preparada para a persistência de Seul Wittebi em obter seus poderes. Com o passar dos anos e a ânsia de fugir do destino que e...