Nós moldamos nossos destinos e somos modificados no processo

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Para quem se interessar, e quiser ler o capítulo na cena da guerra ao som dessa música, acho que daria um clima especial de batalha ;) é uma de minhas preferidas.

(https://www.youtube.com/watch?v=ujPAlm_DHo0)


—Vonü? Vonü! — Verg estalou os dedos a frente do meu rosto, e eu bati na sua mão, afastando-o.

—Concentre-se em ser uma criação de padre e cale a boca. — Digo sem paciência.

—Estou dizendo que está na hora. Ou vamos virar pinguins.

Suspiro, empurrando-o para longe e avançando, indicando para Arin que deveria prosseguir. Estava escuro, e a tempestade prosseguia forte como esperado, então todos puxamos o capuz sobre a cabeça, e seguimos em direção a Tieres. Eu estava com frio e estava com medo. Já tinha estado em várias batalhas, mas nunca numa guerra. Eu sequer devia estar ali. Se não fosse orgulhosa demais, estaria no caminho contrário, com Seul guiando o cavalo para longe, para uma terra nova e longe, mas estava seguindo para longe disso, porque eu era uma idiota e o destino estava escrito. Se eu não seguisse o meu... Eu nem sei a maldição que Graah lançaria sobre mim.

—O que estão fazendo aqui? — Um homem gritou de cima do portão, cerrando os olhos para nos ver. — Quem são vocês?

—Estamos perdidos! — Arin gritou de volta, segurando o capuz enquanto inclinava a cabeça. — A tempestade nos fez perder o rumo, senhor!

—Para onde estão indo?

—Para Ristroff! Estou levando as noviças para o nosso mosteiro, mas ficamos sem comida e água! Por favor, senhor, só queremos uma noite de abrigo e iremos embora de manhã.

—Ristroff? Fica a oeste daqui, depois das montanhas.

—Estamos famintos! — Ele puxou meu braço e baixou meu capuz, e eu não precisei me esforçar para parecer assustada. — Veja! Estamos só aos ossos! — Ele balançou meu braço, e eu vi os olhos do homem brilharem, quase deixando o elmo cair ao se inclinar na beirada.

—Oh! São todas noviças?

—Quase todas! — Arin baixou o capuz de todos, e metade de nós éramos mulheres ou garotos ou velhos. Qualquer suspeita que ele pudesse ter, não demonstrou, ao invés disso mandou baixar os portões.

—Mas só essa noite! Não podemos deixar os servos de Deus passando necessidades.

—Só uma noite!

Os portões se abriram e nosso pequeno grupo entrou sem problemas. Eu tinha criado uma ilusão sutil para parecermos mais magros e abatidos do que estávamos porque eles desconfiariam menos de pessoas com aparência fraca e onipotente. E funcionou. Fomos abrigados perto do fogo e com uma sopa quente com pão amanhecido. Estávamos certos e o povo do mar estava festejando seus deuses, e havia guerreiros bêbados na rua. Não foi difícil. Eles nos ignoraram e nós não os incomodamos.

Eu fiz o que tinha que ser feito, Verg e eu matamos os guardas reservas e os que estavam no portão enquanto o restante do grupo subia até o topo do muro e matavam os soldados que encontravam, assegurando nossa investida e impedindo que alertassem os demais. Então Verg me ajudou a abrir o portão.

O exército entrou quando acendi fogo na superfície do muro, um sinal que combinamos que estava dando tudo certo, então a matança começou. Havia gritos, som de espadas, sangue, tripas, e em questão de minutos vários mortos. Eu comandei o exército pelas ruas de Tieres, relembrando meu lar de infância, e nós matamos todos os soldados e civis bêbados assim que os encontrávamos, sem encontrar grande resistência. Separei parte das tropas para entrarem nos comércios e nas casas, e enquanto liberávamos as ruas, eles condenavam quem estava dentro desses lugares. Não era uma cena bonita de se ver, muitos soldados hesitavam diante dos gritos de velhos, de mulheres e de crianças. Eu também hesitei diante de crianças, porque elas não entendiam nada, mas ainda assim, muitas morreram, assim como centenas de crianças graahkinianas morreram em suas camas.

O Destino de VönuOnde histórias criam vida. Descubra agora