Lino voltou no dia seguinte, mas somente de tarde, e somente para me dizer que Veegan queria levá-lo para sua casa para terem um período de adaptação e saber se ele gostaria de morar com ela. Ele estava confuso, porque ela não tinha falado em fazê-lo seu filho ainda, nem seu empregado, então ele ficou com a vaga ideia de que moraria com ela da mesma forma que morávamos juntos agora. Mas ele queria mesmo assim, e queria minha aprovação. Como eu negaria? Ele merecia isso, e aceitei, porque Veegan nunca faria mal a ele.
Então eu fiquei com Ellion e Hroth em casa, porque Petra começou a acompanhar Vonü em seu trabalho pela cidade. No fim, Vonü já sabia quem escolheria, e não precisava de minha permissão mais, porque eu nunca concordaria em meu filho ser cuidado exclusivamente por Alinü. Vonü agora sabia sobre meus irmãos mortos, e já não dormíamos na mesma cama, porque já não éramos um casal.
O tempo passou. Minha barriga cresceu mais do que estava esperando, mas Veegan garantiu que eu teria somente um filho. Eu não podia praticar grandes coisas para não me cansar demais, mas aos 8 meses eu conseguia ficar alguns minutos levitando alguns centímetros acima do chão. Minhas asas estavam ficando fortes e resistentes, ainda que houvesse muito o que fazer para melhorá-las.
Os preparativos para a cerimônia começaram a ser feitos. Os graahkinianos gostavam de fazer comemorações no início do outono, quando a colheita ocorria. Eles diziam que era uma estação onde colhiam o que plantaram durante o ano, e isso fazia as cerimônias serem mais sólidas. Muito em breve, eu seria um deles. Teria um novo nome e meu próprio sobrenome, e Hroth e Ellion herdariam meu sobrenome, porque eles seriam nomeados meus irmãos, talvez assim ajudasse a amenizar a dor de ter causado a morte dos meus irmãos, anos atrás.
—Como você sabe, você ficará sete dias isolada com seu bebê. — Veegan me explicava, sentada ao meu lado na cama, porque eu estava me sentindo péssima naquele dia, e não conseguia sair do quarto. Veegan achava que o bebê logo nasceria. — Você receberá comida, mas ninguém pode entrar no quarto depois que o bebê nasce, então será somente vocês. — Ela sorriu, acariciando minha barriga exposta. — Os setes dias em que você mais conhece seu filho e estreita os laços.
—Mas ele não vai lembrar de nada.
—Você irá, e essas serão as lembranças mais importantes.
—As primeiras. — Digo num sorriso de lado. — Eu adoro que você esteja aqui, Vee, mas não deveria ser Vonü a me dar essas instruções? Eu sei que não estamos na melhor relação desde que rompi meus votos, mas... É nosso filho.
—Não é culpa dela. — Ela fez círculos em torno do meu umbigo antes de pressionar a mão, talvez sentindo os chutes que o bebê dava. — Ela me pediu de maneira muito... intensa, para te dizer os procedimentos. Ela não foi ensinada sobre eles no tempo certo, e queria que fosse feito de maneira certa.
—Intensa? — Pergunto em confusão. — Ela te ameaçou?
—Não exatamente. Só não tivemos a melhor conversa. — Ainda assim ela não se deixou abalar. — Ela está tentando seguir os costumes da mesma forma que você. Não a condene.
—Eu não a condenaria da mesma forma que ela está me condenando por querer fazer a cerimônia.
—Garanto que eu não estou reclamando. Vou adorar estar com você nessa cerimônia, dizer as palavras de Graah para os novos sangues entre nosso povo. No fundo eu sabia que você chegaria a essa conclusão. — Ela estava verdadeiramente feliz com o fato. — Você nunca se encaixou em ser uma cristã.
—E acha que vão me aceitar se eu me tornar seguidora de Graah?
—Você não será seguidora. Você será guerreira de Graah, e ela ficará feliz em ter você ao lado dela.
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O Destino de Vönu
RomanceVonü é uma guerreira acostumada a lutar para sobreviver, habituou-se ao medo dos inimigos e a sua ganância. Mas não estava preparada para a persistência de Seul Wittebi em obter seus poderes. Com o passar dos anos e a ânsia de fugir do destino que e...