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O grupo deixou o cidadela e minutos depois entraramno avião e eles foram embora daquele lugar. Dentro do próprio avião Georgia recebeu os cuidados que precisava, pelas mãos de Vince e da mãe de Thomas.

Ela encarou os próprias mãos, manchados pelo sangue dos outros e do seu próprio. O chip que Joson havia colocado na cabeça da garota estava agora jogado no lixo do proprio avião com os algodões e tecidos velhos.

- Pode dormir se quiser. - Newt diz acariciando as mãos da namorada. Ele nega - Não consegue?

-  Não consigo - ela passa as mãos no rosto.- Estou vendo tudo de novo, como antes. Aqueles outros de vocês, aqueles tubos. Na primeira vez eu fiz vocês entrarem dentro deles, eu senti hoje como vocês se sentiram quando eu os obriguei a entrar naquele lugar.

Ela fecha os olhos e suspira.

- Como eu podia ser daquele jeito? Como eu podia me sentir bem fazendo o mal para os outros?  Que tipo de lavagem cerebral maltida eles me fizeram? Porque eu não podia apenas ter
uma familia normal? Porque eu não podia viver como os outros? Eu distrui famílias, eu matei crianças, adultos e idosos. Eu torturei. Eu...

- Foi usada - a mãe de Thomas murmura se aproximando - Eu via como as coisas estavam se lembra? Georgia, você foi a primeira criança/pessoa a ser infectada por um vírus que veio da destruição em massa, de um inseto desconhecido. Ninguém tinha oportunidade de poder salvas antes de você se curar, antes da cura surgir. Quantas vezes sua mãe insistiu dizendo que preferia
fingir que você estivesse morta, à ter que ver seu próprio pai te usando.

- Eles aproveitaram que você não conhecia o mundo e te deram uma visão distorcida dele. Te colocaram no meio de ideias opressoras e no meio da morte, tudo paro que no fim, você conseguisse conquistar os outras crianças com sua carinha fofa e bochechas fartas. - Vince exclama parando ao lado dela.

- Vocês parecem esquecer que eu matei pessoas, que eu machuquei outras mais, parecem jogar pra debaixo do tapete, só para tentarem me fazer sentir bem comigo mesma. Só que isso não vai funcionar, não mais. Eu já estava bem graninha quando comecei a matar, quando comecei a ... merda! - ela responde se levantando e passando pelas pessoas - preciso ficar um pouco sozinha.

Georgia se sentou no canto afastado do grupo e pegou o pequeno caderno que Sonya havia lhe dado e o abriu.  A primeira página estava cheia, assim como as próximas cinco.

Ela mordeu os lábios e rabiscou o nome de seu pai.

"A figura paterna devia lhe trazer segurança, devia fazes se sentir amada e bem consigo mesmo. O meu era assim, antes do mundo começar a ruir e ele passar a preocupar cada dia mais com o trabalho e menos com a família.

Quantas vezes eu tinha visto ele bater em minha mãe e exigir que ela se porta-se como se nada tivesse acontecido Acho que ele se sentia diminuido por ela ser melhor que ele em tudo que fazia. Era ela que era eleita a melhor do ano no trabalho, a melhor do ano em revistas cientificas. A melhor mãe, na catergoria criada por mim.

Quando tudo aconteceu, quando eu fui infectada e curada, eu me lembro do olhar dele sobre mim. Agora eu pertencia ainda mais
aos seu projetos, eu era a cobaia perfeita para os testes e para conseguir mais crianças.

Ele tinha infectado minha mãe. Ele era o culpado e a culpa caiu sobre mim, a responsabilidade da dor que ela sentia era minha.

Depois de hoje, depois ser colocada em uma daquelas cápsulas mais uma vez, as coisas estão vindo com mais força e clareza. Cada um dos cortes estão ganhando lembranças vividas e estão me fazendo sentir o ardor de cada uma, a cada corte, queimadura e chicotado. Ele não me trazia mais amor ou carinho, a cada vez
que a porta do meu dormitória se abria, vinha apenas dor de suas mãos. Uma dor que uma criança não devia sober o que era.

Eu passei a o odiar, a parar de chamar de pai e lhe dizer que o amava, como toda criança fazia com os pais.

As horas, na mesa, na cápsula, nos treinas e no hospital só me afastavam ainda mais daquele homem que me causava repulsa."

Ela parou e limpou as lágrimas.

"Todos agora me dizem que eu fui alguém bom, como minha mãe, mas depois de tudo que eu sei que fiz, e de tudo que me falam, eu não consigo acreditar em mim ou em minha mente, mas eu sigo firme.

Se um dia eu tiver e puder ter minha família, tenho esperança e sei, sinto com minhas forças que meus filhos teram os melhor pai do mundo.

E o que me resta é seguir com minha cabeça em pé, pensando que o mal acabou pela raiz e que eu fiz o que fiz, para o bem de todos, para meu próprio bem. Livre de culpa e de remorso por ter matado a figura que eu um dia chamei de pai. Apenas livre!

Agora era a minha chance de mudar minha mente e perceber que o mal que corria pela minha familia havia sido eliminado. Esquecer meu passado eu não iria, mas mudaria cada pedaço de dor que eu causei e deixaria apenas alegria...até o fim dos meus dias."

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Salvation |ᵐᵃᶻᵉ ʳᵘⁿⁿᵉʳ- ⁿᵉʷᵗ| Onde histórias criam vida. Descubra agora