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Depois que Bang Chan foi embora, respirei fundo umas quatro vezes para acalmar o nervosismo antes de entrar em casa

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Depois que Bang Chan foi embora, respirei fundo umas quatro vezes para acalmar o nervosismo antes de entrar em casa.

  Tinha medo do motivo pelo qual Eun Ji gritara, medo da conversa que teríamos assim que botasse o pé dentro de casa, medo da crise que suas possíveis palavras poderiam me causar, medo até de perder a cabeça e cometer uma grande besteira.

  Caminhei um pouco até abrir a porteira, parei no terceiro degrau, torcendo o cabelo e batendo um pouco da areia grudada em meu corpo. Puxei alento e tatuei um sorriso no rosto, sorriso este que deixou de ser falso quando empurrei a fechadura e diante de mim estava uma pessoa que há muito não via.

  Minha avó Fátima, sentada comendo biscoitos com uma xícara de chá na mão.

  ㅡ Vovó!ㅡ exclamei, correndo com os braços abertos na intenção de abraçá-la, ato que foi repreendido por uma mão espalmada.

  ㅡ Querida, lamento não poder receber seu abraço, porém nessas condições e nesse cheiro horrível, não há como lhe abraçar.

  Vovó Fátima, apesar dos sessenta anos já vividos, ostentava jovialidade, energia e afinca admiração por chazinhos e revistas de moda. Andava sempre com blazer e saia de tecido crepe, ambos combinando na cor, e por baixo uma camiseta neutra, falava como quem de sua época. Nunca recusava um petisco e adorava usar um coque volumoso para vangloriar-se dos cabelos cacheados.

  ㅡ Está bem, vovó, irei tomar um banho.

  Fui até o quartinho da bagunça, pegando minha toalha no varal. Me pus sob a água morna que descia do chuveiro, pensando que a visita de Fátima era um portento e tanto. Lavei-me com o sabonete mais cheiroso que tinha em casa, foi então que notei que minha avó paterna tinha total propriedade e razão acerca do que dissera sobre meu cheiro, mais de 24h sem banho me emprestaram aparência e eflúvio de uma porca que há pouco chafurdara na lama.

  Me via agora diante de dezenas de possibilidades e em cada uma o risco de censura ou reprovação. Corri os dedos por ali, sentindo o tecido de cada uma das roupas que estavam dependuradas naquele armário embutido na parede.

  Um short, algo muito vulgar a seu ver; uma calça de moletom, algo muito casual para visita. Por fim coloquei um vestido de georgette, tinha mangas 3/4, era azul-bebê e havia margaridas bordadas por toda a sua extensão, a partir da cintura era mais rodado e batia nas canelas.

  Passei uma chapinha nos cabelos, secar com a toalha demoraria muito. Calcei um tênis igualmente branco e borrifei perfume nos pulsos e clavícula. Agora certamente minha avó não recusaria um abraço apertado.

  Me dirigi à sala, com as mãos dispostas atrás do quadril, com certa vergonha do meu visual possivelmente exagerado.

  ㅡ Oh! Minha querida... ㅡ fez questão de se levantar e vir até mim, dando-me um abraço apertado ㅡ Como cresceu... Sente-se e junte-se a nós.

O mar que habita em mim- Bang ChanOnde histórias criam vida. Descubra agora