No dia seguinte, acordei tão tarde que apenas Vovó Fátima estava em casa, mas o que realmente me chamou a atenção foi que suas malas estavam no mesmo canto que estavam quando ela se hospedou aqui.
ㅡ Bom dia, querida!
ㅡ Bom dia, vovó!ㅡ respondi, ainda meio absorta em minha observação ㅡ Por que suas malas estão ali?
Minha avó suspirou, contornando a mesa que ainda estava posta para o café da manhã:
ㅡ Ah, querida!ㅡ tomou consigo minhas mãosㅡ Temo que seja hora de minha partida. Seus primos têm reclamado que sentem falta de minha comida e já excedeu-se o meu tempo nesta casa.
Baixei o olhar para meus pés ainda cobertos pelas pantufas, estava triste com a partida de vovó e também já sentia sua falta, embora ela ainda estivesse à minha frente.
ㅡ Quando vai?
ㅡ No fim da tarde. Mas antes que você saia para o mar, a dar aulas para aquele menino bonito, quero ter uma conversa sobre ele com você.
Sem que eu pudesse contestar ou ao menos dizer que não tinha fome, a senhora me arrastou e fez-me sentar numa cadeira à sua frente, servindo café na minha xícara.
ㅡ Para evitar o seu óbvio constrangimento, eu não iria lhe dizer isto, mas eu vi vocês se beijando. E, querida, eu não posso crer que negou que um dia amaria aquele garoto. Há um tempo tenho notado a amabilidade com que olha para ele e não adianta nem negar.
Suspirei e mordi um pedaço de pão:
ㅡ Eu odeio admitir que outra pessoa tenha razão sobre mim, mas é necessário. Eu sinto um afeto surreal por ele e não sei nem quando começou.
ㅡ Não tem como saber quando acontece, Bella. Essas coisas simplesmente acontecem e infelizmente você não tem controle, mas felizmente ao mesmo tempo, porque não há coisa mais bela do que o amor.
Se essa conversa tivesse acontecido uns oito anos atrás, quando eu tinha uma inevitável queda por um garoto de minha turma, eu certamente iria fazer uma bela careta e dizer que o amor era um velho carrancudo e catarrento, e que eu nunca seria "sequestrada" por ele. Agora eu já não pensava mais assim, e não sei se não temer o amor me assusta ou me conforta.
Virei a cerviz enquanto bebia o café, pela janela aberta, vi Chan e Felix andando lado-a-lado na praia, só então me lembrei de minha mirabolante teoria acerca de eles terem a mesma mãe.
Um estalo criativo então invadiu minha mente e só me permitiu dar mais umas quatro mordidas no pão antes de atravessar a porta mesmo de pijama, tentando alcançar os meninos, sendo que provavelmente Lee logo daria um jeito de se ver livre da praia.
Não sabia nem como encarar Bang depois de todos os afagos que demos na noite anterior, mas era aquilo ou ter um mistério não-solucionado para a minha grande coleção de coisas não-solucionadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O mar que habita em mim- Bang Chan
ФанфикPara Chan, pessoas eram como mares: umas mais rasas e tranquilas, outras mais profundas e intensas. Mas será que ele realmente teria coragem de encarar a profundidade de Bellatrix? Afinal, em profundas ou rasas águas, podemos nos afogar.