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  Forte dor na cabeça e estranho porém conhecido pinicar no braço, me acompanhavam há uns 20 segundos, desde o meu despertar

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  Forte dor na cabeça e estranho porém conhecido pinicar no braço, me acompanhavam há uns 20 segundos, desde o meu despertar. Não abri os olhos pois ao meu lado, sabe-se lá onde eu estava, minha mãe parecia discutir algo importante com alguém:

  ㅡ Você precisa vir, não sei o que se passou, mas me parece que ela não vai aguentar isso sozinha. Desmaiou e bateu a cabeça, tamanho o choque. O policial com quem falei hoje cedo foi discreto ao extremo e quis encontrá-la aqui no hospital mesmo.

  Então ela se calou, para ouvir a resposta da tão misteriosa pessoa do outro lado da linha, eu precisaria estar bem perto de Eun Ji, e ela não ia gostar que eu xeretasse daquela maneira. Mantive os olhos fechados até pouco depois de minha mãe desligar a chamada, então me sentei na maca com bastante dor:

  ㅡ O que aconteceu?ㅡ indaguei fingindo que não sabia do que tinha acontecido.

  ㅡ Você bateu a cabeça na bancada da cozinha depois de falar com um oficial ao telefone. Saiu bastante sangue, não sei ao certo há quanto tempo está desacordada. O tal oficial deve estar chegando já.

  Olhei em volta: a emergência era maior, o pijama era diferente, os uniformes das enfermeiras eram ainda mais diferentes e a arquitetura um pouco mais moderna.

  ㅡ Ele se abalou de Incheon até aqui para me entregar uma carta?ㅡ denunciei mais do que realmente queria, de forma ou outra ela ficaria sabendo mais cedo ou mais tarde, só não queria passar pela dor de explicar.

  ㅡ Não, querida, ele se abalou de Incheon a Seul, não é tão longe.

  ㅡ Por que estamos em Seul?

  ㅡ O aparelho de tomografia de Jeju estava em manutenção, sem contar que corria o risco da necessidade de uma cirurgia.

  ㅡ Foi tão sério?

  ㅡ Sim.ㅡ disse, de cabeça baixa.

  Algumas enfermeiras e médicos vieram analisar meu estado e trocaram o curativo porque tinha sangrado de novo, segundo eles, eu não devia ter me sentado com tanta pressa.

  E então logo depois eu fui chamada no pátio do hospital, para ver o tal oficial que me trazia péssimas notícias. A brisa em Seul naquela noite estava gélida, mas não ao ponto de me fazer sentir frio, arrastar aquela haste de soro pelos paralelepípedos me fazia fazer um enorme esforço, e o sangue seco em meu cabelo incomodava.

  Logo vi o tal homem sentado numa mesa redonda, bebendo um café expresso da própria cafeteria do hospital. Tamanha a gentileza que ele veio me ajudar a caminhar até lá, mas me parecia mais uma forma de compensar os danos que aquela notícia me causara:

  ㅡ Desculpe por falar tão explicitamente assim.ㅡ puxou a cadeira para mim ㅡ Não imaginava que causaria algo tão sério.ㅡ se curvou e tomou seu assento. ㅡ Gostaria de algo para beber?

  ㅡ Um americano gelado.

  Então se levantou, fazendo um pouco de barulho com seu colete enorme. Parecia um homem simpático, na casa de seus trinta anos. Li no letreiro ao lado esquerdo que seu nome era Han Woo Tak, não me parecia estar há muito tempo na polícia mas gostava do que fazia.

  Tardara pouco mais de cinco minutos e voltou com meu café em mãos, colocou o canudo e o dispôs à minha frente, se sentando novamente.

  ㅡ Ainda não foi feito o reconhecimento, mas ao que tudo indica é um indivíduo chamado Bang Christopher Chan. Pela autópsia o homem morreu afogado, mas em seu corpo há sinais de luta e quando chegamos ao local o corpo já tinha chegado à costa.

  Em condições normais eu correria os dedos pelo cabelo, mas coube a mim apenas sugar um enorme gole do café à minha frente. Sr. Han suspirou antes de tirar um papel do bolso:

  ㅡ Aqui está o motivo de eu vir até aqui mesmo com você num estado débil. Aquele homem parecia te amar muito.

  Encorajou, com dois dedos, a carta a rolar até mim pela mesa, a detive com minha mão antes que caísse no chão. Enquanto o oficial recostou presunçosamente as costas na cadeira. Desdobrei o papel, com medo das palavras:

  Olá, menina com cheiro de estrela!

  Eu não queria que estivesse lendo, porque se o está fazendo, é porque eu voltei para o céu, lugar de onde você afirmava com convicção que eu vim.

 Esta carta é para você ler sempre que estiver mal, embora eu torça com certa veemência para que melhore da ansiedade.

  Estou aqui para te lembrar que o céu ainda é azul, e mesmo que fique cinza, não se deixe levar pela tempestade, nem se afogue em si mesma. Quero acompanhar lá do céu todas as vidas que você salvar enquanto médica, e as que não conseguir, estarei aqui para confortá-las e assegurá-las de que estiveram nas mãos da melhor médica da Coreia do Sul.

  Obrigado por me deixar surfar no seu mar e obrigado por me envolver em ondas calmas e revoltas, obrigado por me ensinar a surfar, obrigado por todas as patadas, obrigado por me reconfortar, obrigado por me amar, e obrigado por salvar a vida da minha sobrinha.

  Queria poder ficar muito tempo ao seu lado, para observar as rugas e fios brancos que surgirem, mas parece que outra pessoa o terá que fazer por mim. Então encontre outra pessoa, desta vez com cheiro de mar para combinar contigo.

  Ainda te amo.

  Ass: menino que virou estrela.

   27/08/2021

  Lágrimas turvas tomavam meus olhos e caíam sobre o papel, o molhando. Eu não sabia como reagir, eu não sabia o que dizer nem o que pensar. 

  Hoje de manhã ele me disse que era para mim o esperar, e eu o ia esperar não importava o tempo que se passasse. Do amor não se desiste, era mais fácil eu desistir da medicina do que dele. Se para com ele ficar eu precisasse beber o mar de canudinho, o faria com gosto e o mais rápido possível.

  Não queria acreditar naquilo, não podia ser verdade.

O mar que habita em mim- Bang ChanOnde histórias criam vida. Descubra agora