Holly McCoy
Eu estava de saco cheio, não conseguia ficar por mais de cinco minutos no mesmo ambiente que Vince, mesmo ele sendo o meu chefe. Havia entrado em contato com a P&Y Publicity, mais especificamente com Peter, o dono da empresa. Não era de hoje que ele tentava de tudo me contratar, parte por rixa com Vince e parte porque o próprio admitiu que queria que eu fizesse parte de lá.
Na época eu estava cega com a vida que eu levava, mal sabia eu que um dia iria recorrer ao mesmo. Seu email veio sem demora, era muito notável o quanto sua empolgação em saber que eu estava considerando sua proposta o fazia se sentir melhor do que o meu ex namorado. Que se dane. Não posso continuar trabalhando aqui.
Peter garantiu que no momento em que eu estivesse com todos os papéis de demissão prontos eu poderia enviar meus documentos para o RH. Isso só poderia ocorrer depois que a campanha em que estou trabalhando com Mike fosse apresentada no evento beneficente que ocorreria em setembro. Estou empolgada, pela primeira vez posso dizer que os meus planos não tem como darem errado.
Tinha acabado de sair da terapeuta que fui logo após sair do trabalho, por mais que Luce ficasse praticamente o tempo inteiro calada me observando, momento ou outro ela concordava com um "sim" quando o meu relato era pesado demais até para mim. Por exemplo, quando eu dizia que Vince me fazia acreditar que minha memória era péssima para jogar na minha cara que eu não me lembrava das coisas. E como me fez pensar que eu realmente tinha jogado minhas roupas no lixo quando na verdade ele escondia no fundo do closet, porque achava alguns vestidos muito curtos ou vulgar demais para alguém que namorava o herdeiro da KMM.
Sobre como, sem eu sequer perceber, ele havia tornado as nossas relações em algo que eu devia a ele, mesmo após me deixar tão triste e abalada que eu mal conseguia pensar. Não conseguia admitir que ele era abusivo comigo, apenas ignorava coisas que eu não tinha saco para ficar pensando ou sofrendo.
Mas esse era o trabalho de Luce, ela estava acostumada a lidar com esse tipo de caso na maioria das vezes. No final ela me perguntou como eu achava que estava me saindo, respondi costumeiramente que estava me saindo bem, ela assentiu, me observando. Na real, há dois meses atrás não me imaginava sequer recusando um convite de Vince, quando terminei, dentro de mim eu sabia que voltaria, como das outras vezes. Mas dessa vez foi diferente, sorte minha, penso.
Agora eu estava um pouco ansiosa, havia marcado para assistir a um musical na Broadway com o Cameron. Ele é tão gentil que me pergunto se em algum momento não vai sair um monstrinho dali de dentro. Seu jeito discreto me faz querer conhecê-lo mais, principalmente saber o que se passa na cabeça dele quando pego ele me olhando.
Seus olhos castanhos são intensos pra caramba, é do tipo que parecem estar lendo você de um jeito bom. Muito bom. Eu sei que o meu lado racional diz que é melhor ir devagar, já que nos conhecemos há mais ou menos dois meses, mas o outro lado me faz querer por perto sempre que eu tiver uma oportunidade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entrelinhas
RomancePara Holly McCoy, sua independência é o certificado de que ela não se tornou como a sua mãe, casada por interesse com um cara rico. Mas para sua progenitora, e o resto da população da Big Apple, ela é, sem dúvidas, uma das garotas mais sortudas de N...