A Herdeira

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Itachi

Eu quase não consegui abrir os olhos, eles doiam e mesmo depois que superei a dor, minha visão ficou turva por um tempo considerável, tudo o que consegui fazer foi responder a voz da pessoa que segurava minha mão. Eu a conhecia muito bem, e aquele arrepio no meu corpo me dizia que eu não estava sonhando, que ela realmente estava ali, ou estávamos os dois mortos.

— Por que você acorda quando não tem ninguém aqui? — Minha visão foi melhorando aos poucos mas eu ainda sentia dor, o que já era de costume pra mim, antes mesmo de tudo isso.

— Acha que eu escolhi quando acordar? — Ela se virou rapidamente, segurou as dobradiças e arregalou os olhos.

— Não mova um músculo, ou você vai ter outro motivo para estar nessa cama de hospital. — Yuriko apontou o dedo pra mim e tudo o que eu consegui foi acenar com a cabeça.

— Como você aguenta ela? — Aquela voz, eu não o esperava aqui, muito menos deitado na cadeira de hospital ao lado da minha cama.

— Sasuke? O que você está fazendo aqui? — Eu queria levantar, por instinto, mas eu senti dores em lugares que nem sabia que existia.

— Acha mesmo que ela teria conseguido trazer você sozinho? — Com toda tranquilidade, que ele sempre teve, se levantou e espreguiçou-se. — Ela me fez te arrastar até aqui enquanto ficava com a parte mais legal.

— Como se você fosse ter habilidades o suficiente para fazer o que eu fiz. — Yuriko entrou na sala novamente, dessa vez acompanhada de Tsunade e Sizune.

— Nunca saberemos.

— Alguém consegue me explicar o que esta acontecendo aqui? — Me sentia invisível, ninguém me ouvia, melhor, eu me sentia um boneco, tinha certeza que todos estavam me ouvindo e vendo mas estavam mais preocupados em me analisar de cima a baixo.

— Pelas analises iniciais tudo está em ordem, não teve nenhuma piora. — Tsunade murmurou depois de uma analise.

— Mas não teve nenhuma melhora, é isso que você quer dizer? — Eu podia jurar que ouvi tristeza na voz de Yuriko, e algo que se parecia com lágrimas nos olhos do meu irmão.

— Ainda não posso afirmar nada, posso confirmar que as feridas mais sérias já estão quase cicatrizadas. — Tsunade sorriu. — Sobre as internas vamos fazer melhores análises assim que ele acordar realmente.

— Eu estou realmente acordado. — Quase gritei. — A última vez que chequei o peixe da minha dupla era Kisame, não entendo porque estão me vendo de olho aberto e me ignorando. — Tudo bem, sai do meu controle.

— Tá nervoso? — Yuriko caminhou até meu lado na cama e deu um peteleco em minha testa, onde costumava ficar minha bandana. — Se ficar nervoso a pressão sobe e você sai de enfermo para cadáver, então se controla. — Por algum motivo todos no quarto riram, até mesmo os enfermeiros que me ajudavam a tirar as algemas e sentar na maca,  apesar do visível medo Yuriko conseguiu os fazer rir.

— O que está acontecendo, pelo amor de Deus? — supliquei. — Ontem eu estava em uma cabana no campo com você, sendo morto, hoje eu estou vivo em um hospital e o irmão que tentou me matar está visivelmente feliz em me ver vivo. — Respirei fundo. — O que você aprontou?

— Por que sempre que algo fica errado ou confuso na vida das pessoas elas me culpam? — Ela fez bico.

— Porque geralmente você é a culpada. — Se seus olhos pudessem soltar raios lasers eu seria agora um homem morto.

— Tudo bem, tudo bem! — Tsunade interveio. — Tudo o que você precisa saber agora é que está em Konoha, que acabou entrar em estado de Guerra. — Ela sorriu amarelo. — Acho que isso era pra depois. — Balançou a cabeça.

— Senhora Tsunade, melhor eu falar com ele. — A garota, que eu sabia se chamava Sizune, tocou o ombro da Hokage e a afastou de perto de mim. — Para ser pratica e rápida, sua mulher te trouxe aqui, vocês três são homens livres, e nós estamos te tratando da sua tuberculose tudo isso claro, depois de muito esforço e persuasão de Yuriko. — Encarei a garota que virou o rosto, ruborizando.

— E a Guerra? É a tal Guerra que a Yuriko estava tentando evitar roubando... — Balancei a cabeça. — Conversando com as Bijuus?

— Pois é. — Sasuke balançou a cabeça. — Você prestou atenção na parte em que não somos mais renegados? — Ele perguntou animado.

— O que? — Arregalei os olhos. — O que você fez Yuriko?

— O que foi preciso! — Ela virou o rosto.

— Vamos precisar de você para alguns exames, sua tuberculose está em um quadro avançado.

— Eu sei

— Você sabia então que estava doente? — Eu acenei com a cabeça e com aquele simples acenar parecia que eu havia destruído Yuriko.

— Você queria morrer... — Ela sussurrou. — Eu fiquei pensando que a culpa era minha Sasuke ter te acertado, que eu te distrai. — Sua voz saiu alta e chorosa. — Mas nesse tempo todo, você o deixou acertar você — ela começava a soluçar — por uma simples vingança idiota, que você plantou na cabeça dele?

— Eu era culpado, sou! — gritei de volta.

— Você  é culpado apenas do que fez ao seu irmão, você é culpado de viver ao meu lado e dizer que me amava enquanto planejava sua morte. — Ela estava vermelha de raiva, e todos a nossa volta pareciam estar enfeitiçados com nossa briga.

— Eu já estava morrendo antes mesmo de você voltar pra mim. — Senti algo queimar minha garganta e uma sessão de tosse me atingiu, tosse seca e doída.

— Já chega vocês dois! — Sasuke bradou. — Você está doente e eu tenho muito para conversar com você. — Ele se virou para Yuriko. — E você não pode passar raiva, sabe muito bem o porquê. — Yuriko estava com problemas de pressão agora?

— Itachi! — Tsunade me chamou. — Você sabe alguma coisa do Zetsu? — Neguei.

— Pouco sei dele, é basicamente novo na equipe. — Foi me oferecido alguns comprimidos e um copo de água, que aceitei de bom grado. — Zetsu é um pouco estranho.

— Seu parceiro é meio peixe. — Yuriko arqueou a sobrancelha.

— Zetsu é como se fosse duas pessoas em uma. — Como era possível eu explicar aquele cara? Nem eu entendia o que ele era. — Metade branco e metade preto, cada metade tem sua personalidade, a branca é mais divertida, se eu posso dizer assim... — Tomei um pouco mais de água. — O preto é ranzinza e bem calado, não sei muito sobre as habilidades, ele é usado para espionagem.

— Ele tem habilidade de espionagem? — Tsunade perguntou, ao seu lado Sizune parecia estar anotando cada informação que eu passava.

— Sim, é um tipo de habilidade para se fundir à matéria, pedras, terras madeiras, enfim, muito útil, mas não o mandamos para mais nada. — Ele deu ombros. — A missão mais importante mesmo, ficava com nós,  as duplas.

— Você e Kisame — balancei a cabeça.— Quais mais?

— Deidara e Sasori.

— Sasori da Areia Vermelha? — Tsunade perguntou e eu assenti.

— Hidan e Kakuzo. — Fechei os olhos. — Pain, o líder faz dupla com a Konan, a unica mulher do grupo e é  isso.

— Tem alguma informação valiosa para nos passar? — Sizune perguntou. — Tsunade, o Kazekage e o Raikage já anunciaram Guerra quando os outros dois Kages se juntarem a nós não  teremos mais saída, na verdade não temos mais saída.

— Eu tenho informações para passar deles, mas agora acho que a informação mais valiosa que posso te oferecer é uma só.

— Então diga. — Olhei para meu irmão, alheio a situação, apenas absorvendo informação como todos os outros.

— Eu não matei meu clã sozinho...