Eu mal tinha descansado e já estava indo para mais um treino, ou castigo, como começaria a chamar a partir de agora. Eu dormi até o ultimo minuto possível, e comi ate o ultimo grão possível, precisava estar preparada apesar de não me sentir assim quando meus dedos bateram na porta levemente.
— Olá minha querida! — Mikoto abriu a porta sorrindo. Ela estava sempre de bom humor, tão graciosa, nem de longe lembrava uma Uchiha.
— Olá! — Me curvei. — Eu vim encontrar com Itachi. — Ela assentiu abrindo a porta e mostrando a sala com o braço. Esse movimento em fizera tirar os sapatos e entrar em sua casa. — Olá Sasuke! — sorri para o pequeno que corria em minha direção.
—Yuriko-chan! — Eu ri. — Olha o que eu ganhei hoje. — Ele estendeu uma bolsa onde guardamos kunais e outras ferramentas. — Era do meu irmão e ele me deu, disse que vai me ajudar a treinar amanha depois que eu voltar da academia.
— Nossa que legal — respondi animada. — Quero participar desse treino, e ver você dando uma surra no seu irmão. — Mikoto riu sendo acompanhada por Sasuke.
— Quer ver a criança me dar a surra que você não conseguiu? — Por que raios a voz dele soava tão calma mesmo quando ele insistia em me irritar?
— Eu geralmente pulo pra parte do quase te matar — respondi vendo-o revirar os olhos. — Vamos? Não quero terminar esse treino muito tarde hoje.
— Hoje seu treino será teórico. — Ele apontou as escadas com a cabeça.
— Prefiro as noites ao relento — murmurei e sorri de forma falsa, mas aquilo não o desestabilizou, ele apenas cruzou os braços antes de apontar escada a cima. — Com licença. — Me curvei para Mikoto mais uma vez.
— Mãe! Por favor, bata na porta antes de entrar. — Como assim bata na porta? Que porta? Aonde vamos ficar? — Esse é meu quarto, aquela é a mesa onde você passara as próximas horas. — Ele fechou a porta do quarto delicadamente.
Tudo ali gritava sua presença, a mesa bem arrumada, a cama esticada de modo perfeito, o guarda roupa sem nenhuma poeira, armas penduradas em ordem de tamanho a unica coisa que não era nada a cara dele era, uma bandeira com o símbolo dos Uchihas.
— Gostou? — perguntou enquanto me via sentar na frente da mesa. Havia uma foto, dele e de Sasuke, havia um gato emburrado ao lado dos dois que estavam sorridentes.
— Sua cara. — Ele se sentou na cama e sorriu. — Menos a bandeira, não imaginava que você amava tanto seu clã assim.
— Não amo. — O vejo dar de ombros. — Meu pai colocou uma dessas em cada quarto — assenti —, mas agora. — Ele apontou para o livro no centro da mesa. Por que tinha que ser um livro velho e grosso cheirando a poeira?
— Não tem uma versão adaptada e mais nova? — Ele me encarou de modo serio. — Tudo bem, tudo bem! — Levantei as mãos rendida. — As crônicas Uchiha — sussurrei, ele disse que não era fã do clã e agora me da um livro sobre o mesmo. Por que todas as pessoas na minha vida decidiram agir de forma estranha?
Aquele livro era único, havia segredos ali e historias sobre evoluções do sharingan que apenas podíamos sonhar, como esperado do clã amaldiçoado cada um era pior do que o outro, e para muitos deles o resultado do uso final era devastador. Eu não tinha a minima ideia se isso era possível ou não, se todas aquelas historias realmente eram reais, mas me vi muito interessada por elas.
— Você pode me dizer se são reais? — Eu nem percebi o momento em que me levantei, com livro em mãos, e caminhei ate a cama de Itachi onde sentei ao seu lado.
— É o que dizem... — Ele deu ombros. — Eu encontrei esse livro, em um lugar que apenas os Uchihas conhecem — deixei que meu olhar se virasse para encontrar com o dele. Itachi estava tão próximo —, mas nunca provei nada disso. — Sua boca, ela era convidativa, pequena e tão bonita.
— Por que esta me fazendo ler então? — perguntei desviando meu olhar para o dele. Olhar sua boca não era uma boa ideia.
— Achei que gostaria de conhecer mais das suas origens. — Ele deu ombros. — Apesar de você ter bem mais dos Hyuugas.
— Não acho... — Seus dedos tocaram meu rosto, foi um gesto inesperado que me fizera arrepiar.
— Você é doce, inocente, divertida. — Sua mão tocou minha bochecha e seus dedos escorregaram para afastar meu cabelo de meu rosto. — Não deixe a escuridão que ronda esse clã dominar você. — Seus olhos desviavam dos meus para meus lábios, sua respiração atingiu meu rosto e ele começou a se aproximar. — Não mude, não importa o que aconteça. — Meu estômago deu um salto quando seus lábios triscaram o meus. — Me prometa!
— Nada vai acontecer... — Minha mão agarrou seu braço. Eu estava preocupada.
— Me prometa! — Ele pediu mais uma vez, quase em uma súplica.
— Não vou mudar — sussurrei.
— Isso não é certo. — Ele parecia estar dizendo isso mais para ele mesmo do que para mim, mas mesmo assim se deixou avançar e acabar com o mísero espaço que havia entre nossos lábios. Borboletas no estomago? Não, era um furacão, uma briga de pássaros, fogos de ano novo, era quente como o verão e seus lábios delicados e macios assim como os dedos que acariciavam meu rosto, ele moveu seus lábios e selou-os no meu, varias e varias vezes antes de se afastar definitivamente. Eu estava maravilhada, assustada, vermelha e desapontada. Eu queria mais! — Eu não podia ter feito isso com você.
— Eu não — ele se levantou bruscamente me interrompendo. — Itachi?! — Eu estava confusa.
— Eu não estou bem. — Ele tocou sua temporã. — Amanhã nos vemos, depois das 5 P.M.
— Por que tão tarde? — perguntei confusa.
— Preciso sair com meu pai para uma missão — assenti. — Até mais Yuriko.
— Até mais Itachi. — Peguei o livro e segurei contra meu peito, eu queria chorar, algo me dizia que eu não devia deixa-lo, algo dizia que amanhã nada seria o mesmo, mas mesmo assim eu deixei aquele quarto. Foi em seu quarto que ele me provou pela primeira vez, foi em seu quarto que o vi derramar uma lagrima antes de fechar a porta e descer as escadas correndo para minha casa.
— Minha filha! — Mamãe se assustou. — O que houve?
— Nada. — Segurei o choro. Minha garganta ardeu, nem ao menos sei o porquê quero chorar. — O que houve?
— Amanhã, quero que vá comigo em um lugar. — Ela sorriu. Estava alegre, mas havia um pesar. — Seu pai conversou com seu avô e ele quer te conhecer. — Olhei para papai que sorriu assentindo.
— Os Hyuga? — Eles assentiram. — Então tudo bem! — Respirei fundo. — Preciso mesmo conhecer minhas origens — murmurei encarando o livro. — Vou me deitar, até amanhã. — Meu pai se levantou, caminhou ate mim e me abraçou.
— Dará tudo certo! — Ele murmurou beijando o topo da minha cabeça. — Você vai ver.
— Eu sei pai. — Sorri sem entender. — Te amo.
— Te amo minha filha...

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A Herdeira
Фанфик"Você me mostrou o que é o amor ao mesmo tempo em que me ensinou o que é o ódio" Quando os pais de Yuriko Uchiha voltam para a aldeia depois de tantos anos sendo renegados, a jovem herdeira de duas das mais poderosas famílias do local começa uma vi...