A Verdade

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Yuriko

Eu não estava nem aí para a educação, para os Hyugas que estavam felizes em me ver de volta, nem para minhas tias que treinavam no quintal ou para meu avô que quase chorou ao me ver, a única pessoa que poderia me acalmar e saciar toda essa minha ansiedade era minha mãe, e eu estava torcendo para que minha raiva não falasse mais alto que minha educação.

— Aonde você vai com tanta pressa mocinha? — Levantei minha mão fazendo com que meu avô parasse na mesma hora.

— Aonde está minha mãe? — Ele se virou para a cozinha e apontou para a mesma,  estava tão confuso quanto as outras 10 pessoas que eu ignorei no caminho para cá. — Mãe!

— Yuriko, filha... — Minha mãe ainda era a mesma, sem nenhuma ruga a mais nos olhos. Genética de Hyugas.

— Não me abrace, não se aproxime apenas pare e me escute. — Eu estava tão acelerada que se alguém me tocasse eu não poderia responder por mim.

— O que está acontecendo? Você está em choque? — Ela secou suas mãos em um pano de prato e logo jogou o mesmo em cima da pia. — Você sabia que é muito normal ficar em choque depois de tudo o que passou.

— Todo mundo agora é especialista nisso? — bradei — Eu não estou em choque, eu estou confusa mãe.

— O que aconteceu? — Ela deu um passo a frente, mas parou assim que me viu olhar para ela. Provavelmente meu olhar era frio, e eu sabia que isso sempre a assustou, ela chamava de "olhar Uchiha".

— Ele me disse que eu não entenderia o porquê ele fez o que fez... — Minha garganta travou, senti meu avô e minhas tias pararem na porta da cozinha. Eu estava falando mais alto do que necessário, eu sabia. — Ele me disse que eu não deveria estar lá naquele dia, e que você — apontei meu dedo, naquele ponto minhas lágrimas escorriam grossas por meu rosto — deveria ter me mantido longe por mais tempo, o que isso significa?

— Filha... — O olhar em seu rosto a havia entregado, ela sabia de alguma coisa e agora ela sentia pena, culpa e tristeza.

— Yuriko querida, você não pode acreditar no que um ninja renegado te diz. — Eu não precisei me envolver ou me mover, minha mãe se virou para meu avô, seria como nunca a vi antes.

— Leve minhas irmãs daqui papai, preciso conversar com Yuriko em paz. — Eu não desviei meu olhar dela, esperei meu avô sair para então me juntar a ela na mesa. — É difícil explicar, mas 5 anos atrás quando seu pai voltou o clã não estava em plena paz com a aldeia.

— Do que está falando mamãe? — Ela abaixou a cabeça e prendeu seu olhar em seus dedos.

— Só quem pode te explicar isso com todos os detalhes é ele. — Ela deu ombros. — Tudo o que posso te dizer é que seu pai chegou um dia em casa, era tarde e ele chegou cansado e abatido, naquela manhã ele havia ido se encontrar com o Hokage. — Eu não perguntaria nada agora, estava ansiosa demais para me permitir interrompe-lá. — Eu perguntei para ele o que havia acontecido mas ele não me disse nada, eu já sabia que envolvia uma missão, e uma das grandes... — Minha mãe se ajeitou sobre seus joelhos. — No dia que procedeu ele chegou em casa antes de você, se eu não me engano você estava com Itachi e seu pai então me contou.

— O que mãe? O que ele te contou? — Segurei sua mão e a fiz olhar em meus olhos. Eu tinha tanto direito de saber disso quanto ela.

— O Hokage havia designado Itachi para uma missão ultra secreta, mas Itachi não poderia fazer sozinho e não queria fazer sem dizer ao seu pai. — Arquei a sobrancelha, me lembrava vagamente dessa missão, meu pai estava um pouco triste naquele dia. — Ele precisava que seu pai desse um jeito de nos tirar de casa, o mais longe possível, ele queria que seu pai fugisse conosco.

— O que? Itachi avisou sobre o massacre? — Minha mãe assentiu.

— A missão de Itachi era matar todos os membros do clã Uchiha. — Minha cabeça girou, aquilo não fazia o mínimo sentido. — Por isso seu pai não aceitou fugir, conversou com seu avô e o convenceu a conversar conosco, mas na hora do massacre ele voltou para lá, disse para mim que era o certo a fazer "ajudar o pobre menino".

— E mesmo assim Itachi o matou? Meu pai o ajudou e mesmo assim ele o matou? — Minha mãe deu ombros.

— Quando entramos vimos aquele cara de máscara laranja, acho que Itachi já tinha procurado ajuda, não esperava que seu pai voltaria então seu cúmplice não sabia quem podia ou não podia matar.

— Eu... — Tudo estava claro mas turbulento, as informações eram muitas e insanas, mudavam todo o rumo da história, todos os meus sentimentos tudo o que eu vivi nesses 5 anos eram uma farsa.

— Yuriko olhe para mim! — Minha mãe se levantou seria, seu olhar era duro. — Não conte isso aí Sasuke em hipótese alguma. — Abri a boca indignada.

— Sasuke quer matar o irmão. — Neguei. — Ele quer matar o irmão que sempre o amou e o protegeu.

— Exato, Itachi queria assim, queria que esse segredo ficasse escondido então respeite a decisão dele. — Ela ordenou. — Eu não sei quais foram os motivos dele, mas creio que foram grandes e válidos, ele precisou de muita força para matar os próprios pais e amigos, então não estrague o que ele planejou, não o deixe sofrer em vão.

— Eu preciso vê-lo de novo mãe, saber o porquê ele fez isso. — Eu queria gritar, espernear e voltar até aquela caverna, abraçar e beijar aquele idiota. — Eu suprimi todos os meus sentimento e todos esses anos me culpei por ama-lo, eu o odiei como nunca odiei alguém e agora tudo isso desmoronou.

— Se acalme filha, você precisa pensar bem no que vai fazer. — Minha mãe me abraçou e afagou meus cabelos. — Ninguém sabe disso nessa vila, apenas Danzou e os dois conselheiros da Hokage.

— Aqueles velhos malditos. — Enxuguei minhas lágrimas e me afastei. — Vou pedir para que a Hokage me deixe ir, não falarei nada prometo. — Eu tinha essa mania, essa de deixar a pessoas sozinhas sem dizer nada e simplesmente sair correndo para fazer alguma coisa. Acho que fazia para não perder a coragem.

— Yuriko. — Abri a porta da sala da Hokage sem nem ao menos bater, eu precisava ajoelhar e agradecer depois por ela estar sozinha.

— Me deixe ir até Itachi, me deixe procura-lo. — Pedi.

— O que? Mas é claro que não. — Ela negou seria. — Eles estão atrás de você, não pode ir até eles e se entregar assim.

— Não vou, mas preciso falar com ele. — Tsunade tinha aquele olhar, aquele que diz "escute o que eu digo ou vai se arrepender".

— Se pisar fora dos portões da Vila será considerada uma renegada, e será assim até que eu diga que não é mais, você me entendeu?

— Eu entendi.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora