Meu coração pesava, o dia estava ensolarado, mas mesmo assim eu me sentia pra baixo, triste e desanimada como em um dia chuvoso. Me levantei por obrigação, me troquei e segui com minha mãe calada para o outro lado da Vila, onde moravam os Hyugas. Eu realmente não entendia de onde eles tiraram esse interesse repentino por nós, eles foram os primeiros a rejeitar a volta dos meus pais, então por quê?
— Senhora Aia! — Um dos ninjas que estavam parados na frente do portão do local se curvou assim que viu minha mãe. — Senhorita Yuriko! — Fizera o mesmo comigo antes de abrir os portões e revelar as casas grandes uma ao lado da outra, todas em perfeito estado, onde em seu "quintal" crianças eram treinadas por ele, Hiashi.
— Papai?— Aquela deve ser minha tia, Hinata. Minha mãe soube dela assim que voltou para a aldeia, ela tem 7 anos, nasceu 5 anos depois que minha mãe foi embora. — Quem é essa? — Era tão linda, delicada e frágil.
— Entre com sua irmã Hinata, preciso ficar sozinho com as nossas visitantes. — A menina nem questionou, agarrou a mão da menor e entrou templo a dentro. — Aia.
— Hiashi. — Minha mãe se curvou e eu acabei fazendo o mesmo.
— Ela, é sua filha? — Minha mãe assentiu. Os dois se encaravam sem nenhuma expressão. Olhos tão lindos, e tão vazios. — Yuriko. — Ele sussurrou.
— É um prazer senhor. — Fui interrompida pelos braços fortes de Hiashi, ele havia levantado minha cabeça.
— Vô — murmurou. — Assim que deve me chamar. — Meus olhos quase saltaram para fora, minha mãe não parecia tão surpresa. — Entre filha, vamos conversar. — Vazios por fora, cheios por dentro. Os Hyugas eram interessantes.
— Fiquei muito feliz com seu chamado meu pai. — Hiashi, tinha seus 40 anos, apesar de não parecer nada, teve minha mãe muito cedo, e a expulsou muito cedo, a relação tão boa entre eles era um mistério.
— A garota não se parece nada com nós. — Ele a ignorou. — Nem com eles... — Eu havia entendido que ele se referia aos Uchihas, realmente eu não parecia com eles, nenhum dos dois. Cabelos em um tom de louro escuro diferente do marrom queimado da maioria dos Hyugas, nem perto dos negros da minha mãe e dos Uchihas, meus olhos eram um castanho escuro, longe dos cinzas dos herdeiros do Byakugan, não tão intensos quanto os amaldiçoados do sharingan, meus traços eram leves para um Uchiha, carismáticos demais para um Hyuga, eu não era como eles, mas eu tinha os poderes deles. — Ela é única, como vocês.
— Yuriko é especial. — Minha mãe murmurou.
— Um nome muito bem pensado. — Ah meu nome, tantos significados para ele nunca entendi qual realmente era a intensão de meus pais.
— Obrigada. — Os dois se olharam por mais um tempo. — Eu queria entender o que o senhor quer com esse chamado.
— Volte, não pretendo te treinar para ser minha herdeira. — Ele adiantou. — Hinata esta fazendo este trabalho, mas eu vi que errei, você, ela e seu marido são família, sangue puro ou não... — O momento foi interrompido pela criança que passou correndo pelo lugar. — Neji.
— Tio! — Ele se curvou. — Esta doendo demais hoje. — O garoto tocou sua testa e no mesmo instante minha mãe agarrou minha mão. — Não fiz nada, juro.
— Eu sei Neji, as vezes ela vai doer, com o tempo você acostuma. — O garoto devia ter uns 10 anos, sorriu e voltou a fechar a porta.
— Tão novo? — Minha mãe perguntou.
— Engraçado. — Ele murmurou. — Neji é filho de Hizashi, segunda casa dos Hyuga. — Minha mãe revirou os olhos. — Mas o Byakugan, de alguma forma, veio na forma mais pura nesse menino, tão forte quanto o meu já nessa idade.
— Por isso o selou? Para controla-lo? — Nunca vi
— Precisava, por causa de seu tio também. — Hiashi suspirou. — Esqueça, coisas internas que explicarei caso você volte. — O relógio na parede marcava 15 horas, precisávamos voltar antes das 17.
— Mãe, preciso voltar — sussurrei, não baixo o suficiente.
— Tem treino hoje? — Assenti — Pensarei com carinho meu pai. — Minha mãe se levantou, seguida de mim e então Hiashi. — Yuriko tem treino marcado com Itachi.
— O menino gênio? — Ele perguntou e minha mãe assentiu. — Não vejo sensei melhor para ela. — Semicerrei os olhos, eu gostava dele apesar de sentir o peso dos segredos que ele carregava. Uma clareza na escuridão, se eu ativasse meu sharingan agora, saberia exatamente como tortura-ló. Tantos segredos... — Vê algo? — Ele perguntou, quase como se soubesse o que estou pensando.
— Preferia não ver — murmurei. — Foi um prazer meu avô. — Me curvei.
— Vamos Yuriko. — Minha mãe apertou meus ombros, mais que o necessário, ela saiu do local sem dizer uma só palavra, andando mais lento que o normal, só vi expressão em seu rosto quando chegamos perto do clã Uchiha e começamos a ouvir os gritos, o cheiro de sangue, a confusão de ninjas, os portões abertos, os corpos jogados no chão sem vida. — Takashi! — Minha mãe gritou e então a ficha caiu, estava ocorrendo um massacre.
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A Herdeira
أدب الهواة"Você me mostrou o que é o amor ao mesmo tempo em que me ensinou o que é o ódio" Quando os pais de Yuriko Uchiha voltam para a aldeia depois de tantos anos sendo renegados, a jovem herdeira de duas das mais poderosas famílias do local começa uma vi...