Reencontro

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— Acho que não é normal ficar tanto tempo desacordado. — Ouvi dizerem, a voz estava distante, ela era familiar mas eu não conseguia reconhecer.

— Você exagerou na pancada. — Aquela voz me era bem mais familiar, e fez meu corpo aquecer como só uma pessoa havia feito em toda minha vida. — Espera acho que ela esta acordando. — Meus olhos começaram a girar, aos poucos consegui abrir minhas pálpebras e aos poucos minha visão deixou de ser turva.

— Mas... — Eu senti algo atrás de mim. Estava encostada em algum lugar... — Aonde eu estou? — murmurei confusa.

— Yuriko? Quantos dedos você vê aqui? — Era ele. Era Itachi! — Me responde. — Ele estava aflito.

— Eu estou sonhando? Merda eu parei de sonhar com você à um ano. — Ele levantou a sobrancelha de modo brincalhão.

— Não é sonho, quantos dedos? — Virei lentamente para a direção de sua mão.

— 3 dedos e um traidor. — Sorri.

— Ela está sã. — Ele se levantou. — Nem adianta, você esta bem amarrada longe de qualquer instrumento que possa usar para quebrar as cordas. — O fuzilei com o olhar.

— Eu não vejo onde essa menina é especial. — O homem azul começou a falar. — Nada demais. — Sua espada tocou levemente meu tornozelo e por alguns instantes senti todinha energia ser drenada.

— Que coisa é essa? — Puxei minha perna rapidamente.

— Minha Samehada. — Com apenas um puxão ele tirou toda a bandagem que cobria a espada deixando a mostra o pequeno monstro que ele usava como espada, meus olhos Byakugan ativaram quase que imediatamente. Aquilo era vivo e se alimentava de chakara. — Uma Hyuga. — ele sorriu. - Ela gostou de você, dizem que os Hyugas tem uma reserva grande de chakara.

— E nenhuma parte dessa reserva te serve — bradei.

— Não me serve, mas serve a ela. — Itachi deu um passo à frente no mesmo momento em que a boca da espada se abriu colocando minha perna entre aqueles dentes pontiagudos.

— Kisame pare com isso! — Itachi gritou, mas parou ao me ver sorrir. Com a outra perna eu usei meu pé como ponto de chakara e com apenas um chute acertei o exato ponto que fizera aquela coisa paralisar.

— O que você fez com ela sua peste. — O tal de Kisame correu até a espada, acudindo como se faz com um filho.

— Ela bloqueou o ponto vital da espada. — Empinei o nariz e virei o rosto, eu precisava me concentrar no que ia fazer agora.

— Como assim? — Kisame murmurou. — Concerte isso.

— Eu não quero. — sorri.

— Itachi. — Kisame o olhou preocupado.

— Eu não posso fazer nada. — Ele deu ombros. — É o punho gentil, um técnica do clã Hyuga que ela aperfeiçoou muito bem. — Eu não queria ficar com vergonha, mas senti meu rosto esquentar.

— Eu não vou ficar aqui. — Ele resmungo mais alguma coisa antes de dar as costas e caminhar floresta a dentro, e assim que ele sumiu eu senti as cordas caírem ao lado do meu corpo.

— Não levanta. — Eu não o escutei e na oportunidade que eu tive me coloquei de pé, esquecendo totalmente da perna onde eu havia acabado de levar uma mordida. — Sua teimosa! — Ele bradou se colocando ao meu lado. — Senta que eu vou dar um jeito nisso ai.

— Não quero sua ajuda. — Tentei me soltar de suas mãos, mas foi totalmente em vão, eu mal conseguia pisar no chão.

— Como se soltou? — Sua voz era sempre tão calma, mesmo quando ele estava me colocando no chão praticamente a força.

— Cada parte do meu corpo é capaz de liberar chakara. — Ele me encostou na arvore e se levantou. — Assim eu consegui fazer a rotação, por exemplo. — Itachi abriu a capa e de lá tirou a bolsa com as bandagens. — Então eu treinei para poder focar nesses pontos de chakara, nosso clã tem o chakara como sua maior arma, e a verdade é que ele pode ser usado de jeitos que nem mesmo nós descobrimos, por exemplo deixar que ele saia por apenas um ponto de modo rápido e em pequena quantidade, isso o transforma quase em uma agulha.

— Realmente, você cresceu. — Ele se sentou ao meu lado, com delicadeza ele segurou minha perna machucada e colocou em cima de seu colo. — Você quase acabou com sua perna. — Eu olhei de relance para a ferida, realmente estava feia, mas não doía, não agora. Toda aquela região estava quente e adormecida, eu estava arrepiada.

— Não preciso que você faça isso. — Me curvei segurando sua mão.

— Eu não perguntei o que você precisa. — Mas era um grosso mesmo, isso não havia mudado.

— E eu não queria ser sequestrada. — Puxei as bandagens da sua mão. — Nem tudo é como queremos. — Eu não o encarei de volta, me concentrei em fazer as ataduras sozinha. Eu era péssima nisso, precisava de muita concertação, algo que não tive a partir do momento em que ele se levantou e jogou aquela capa enorme do meu lado.

— Vista, você caiu na água, vai pegar um resfriado. —  Ele estava de pé, se mantendo de costas, sua voz estava diferente, quase como se ele estivesse magoado.

— Eu não vou vestir isso. — Apontei pra capa. — Itachi, isso aqui é enorme em você, como acha que ficaria em mim? — Ele se virou lentamente, seu olhar era firme e duro, ele estava levemente irritado e o melhor é que eu não me importava.

— Fique com isso então. — Ele se ajoelhou na minha frente e quase que se deliciando com o que ia fazer, tirou a camisa jogando em cima de mim. — É menor. — Arregalei os olhos, a proximidade, o calor de seu corpo, o cheiro que emanava dele. Eu nunca havia visto ele sem camisa, merda eu só o beijei uma vez, por que eu estou tão mexida? Já vi homens sem camisa antes.

— Agradeço, nuvens vermelhas estão fora de moda. — Sorri. — Ser sequestrada também, mas não temos escolha.

— Não se preocupe seu Príncipe de Cabelo Branco vai vir te salvar. — O que era aquilo que eu ouvi? Raiva? Nojo? Desprezo? Deboche? Espera, ciúmes?

— Espero, e espero que não demore, sou eu quem geralmente faço o jantar. — Ele se levantou tão rápido quanto uma flecha.

— Venha logo. — De modo grosseiro ele me puxou para ficar em pé. — Fique quieta antes que eu perca a paciência. — Ele murmurou enquanto colocava a capa e me pegava no colo. — Coloca logo essa camisa. — Me colocou no chão.

— Estou tentando, mas você é um apressado. — Ele trincou o maxilar enquanto me via abrir os botões do shorts. — Poderia se virar?

— Poderia, mas não quero. — Semicerrei os olhos. — Não vou correr o risco de te perder. — Meu coração bateu mais forte, o tom da sua voz dizia mais do que ele aparentava estar realmente dizendo.

— Safado. — Me virei de costas tirando a regata. — Descarado — murmurei enquanto colocava a camisa dele, constatando que ela ficava em uma altura aceitável. — Cretino. — Tirei o shorts rapidamente.

— Acabou os insultos? — Ele perguntou assim que me virei para ele.

— Tenho muitos, mas não estou afim de gastar mais saliva com você. — O vi revirar os olhos voltando a me pegar no colo.

— Não era assim que eu imagina esse reencontro. — Ouvi ele sussurrar para si mesmo, enquanto seguia a trilha de Kisame.

— Eu não imaginei um reencontro — desabafei, e por mais que eu não tenha visto eu senti ele me olhar, e seu olhar não desviou de mim tão rapidamente. Eu não queria imaginar um reencontro porquê eu sabia que eu o perdoaria em todos eles.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora