Esconderijo

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Yuriko

Eu mal consegui gravar o caminho que tomamos, a dor em minha perna era gritante. Aquela maldita espada fez um estrago na minha perna. Talvez não tenha sido tão boa ideia deixar ela me morder, e pra ajudar eu sentia o olhar de Itachi queimar em minhas costas. Eu não entendia aquele homem, uma hora está matando todo mundo no outro me defendendo.

— Chegamos. — Kisame anunciou. Estávamos no meio do nada, havia apenas uma parede de rocha à nossa frente.

— Sem gracinhas. — Itachi murmurou ao passar por mim e se colocar ao lado de Kisame. — Pronto? — Os dois tomaram uma distância calculada, estavam perfeitamente alinhados e quando o cara de tubarão balançou a cabeça os dois estenderam a mão esquerda e tocaram a rocha, que em poucos segundos subiu dando passagem. Mas que merda foi aquilo?

— Pode entrar gracinha. — Kisame sorriu, aqueles dentes me davam arrepios, ele me dava arrepios, e não do tipo bom.

— As crianças primeiro. — Apontei para o local dando espaço para que ele entrasse, e mesmo que de cara feia ele o fez. — Vocês vão me manter nesse lugar? — perguntei assim que coloquei meus pés para dentro do local.

— Não é bem aqui minha querida. — Assim que a parede de rocha se fechou, aquela voz tomou conta do local. — Mas daqui você realmente não vai sair.

— Quem é você? — Meu Byakugan estava ativado eu não via ninguém, nem ao menos sentia o chakara.

— No momento sou apenas uma miragem, não estou aqui exatamente. — Algumas luzes foram acesas e eu os pude ver 7 figuras e a figura central era a que falava comigo. — Meu nome é Pain, e eu sou o líder dessa organização.

— Dessa máfia no caso. — Sorri de modo falso. — Agradeço que você tenha se apresentado, mas não esperava que fosse tão covarde. — Neguei com a cabeça. — Mandou me sequestrarem e nem ao menos esta aqui para receber sua recompensa.

— Gostei dela —  murmurou o loiro de rabo de cavalo.

— Ela é muito explosiva para mim. — Aquilo era uma pessoa? Parecia mais uma barata gigante. Eca, me dava arrepios.

— Exato Sasori, ela é pura arte.—  O loiro voltou a comentar. Mas que tipo de pessoas eles eram? Com que loucas Itachi foi se envolver.

— Cansei, o que você quer comigo? — perguntei sem paciência.

— É difícil mesmo de adivinhar? — Ele riu de modo sarcástico. — Olhe para seus olhos minha querida. — Meu Byakugan... — Não só esses.

— Ela tem aqueles olhos especiais da Aldeia da Folha. — Aquele homem parecia mais um monstro, olhos redondos e verdes, não um verde bonito, um verde quase morto a boca estava coberta por um pano e daqui sua pele parecia quase roxa. — Valeria uma boa grana já que não tem aquela coisa na testa. — Meu coração parou, de relance eu vi Itachi me encarar confuso.

— Vai me matar? Por dinheiro? — perguntei com a voz falha, era obvio que era isso.

— Você me vale mais viva, por enquanto... — dizendo isso ele desapareceu.

— Mantenha a menina aqui ate segundas ordens. — A única voz feminina entre aqueles homens se pronunciou e logo desapareceu junto com os outros.

— Então você é um pote de ouro, viva ou morta. — Kisame sorriu, aquele cara estava tirando toda a minha paciência. — Acho que Pain não vai se importar se eu pegar a recompensa com você morta. — O quão idiota ele era? Me atacou com minha guarda alta, não precisei de muito para afasta-lo de mim. Meu Byakugan ainda estava ativo em meus olhos, eu precisava apenas das pontas dos meus dedos.—- O que é isso? — Ele murmurou ao se ajoelhar.

— Isso é seu chakara correndo sem parar e sem controle. — Depois disso ele ia parar de me subestimar.

— Eu disse para não subestima-la — Itachi quase riu. Quase.

— Você não merecia isso, mas nem todos os Uchihas são assassinos — murmurei antes de tocar seus pontos e devolver seu fluxo normal de chakara, fazendo o mesmo com a espada que ele ainda carregava.

— Você ficou muito boa na arte do punho gentil. — Itachi observou. — Esta mais habilidosa com seu Byakugan.

— Foi o único clã que você deixou vivo, só me restou eles para aprender. — Devolvi o mais dura que pude. — Aonde vai ser minha cela?

— Seu quarto é o ultimo a direita. — Ele respirou fundo.

— Obrigada — murmurei. Meus passos eram firmes, mas cada pisada era como arames entrando e saindo da minha perna, tenho certeza que eu deveria ficar de repouso, quanto mais eu a usasse mais ela abriria, eu nem ao menos dei um ponto. — Bom, pelo menos tenho uma cama — sussurrei para mim mesma ao entrar no quarto.

Caminhei ate a cama e me joguei na mesma, não havia nada ali além do armário vazio, eu não sabia o que fazer, mas tinha que dar uma olhada na perna que latejava. Tirei a bandagem que Itachi havia feito, conforme a pele ficava a mostra eu podia ver, os buracos dos dentes e as feridas abertas com anéis roxos em volta.

— Que beleza Yuriko. — Encostei a cabeça na parede. — Que falta faz uma ninja medica, eu devia ter prestado mais atenção quando tentaram me ensinar.

— Você sempre foi do tipo que vai atacar, não cuidar. — A porta do quarto foi aberta, e Itachi passou por ela no mesmo instante. — Aqui esta uma roupa pra você usar, é tudo o que tinha aqui. — Ele colocou uma muda de roupa do meu lado. — E aqui esta o kit, deixa eu ver sua perna.

— Eu não quero você perto de mim — bradei enquanto o via sentar na ponta da cama. — Você esta acabando com a minha vida, mais uma vez.

— Tudo bem, eu mereço essas palavras duras. — Revirei os olhos. — Mas me deixe cuidar da sua perna, e vê se repousa quando eu terminar.

— Bom, prisioneira não tem muito pra onde ir de qualquer jeito. — Dei ombros enquanto assistia ele segurar meu tornozelo e me puxar para mais perto, deixando minhas pernas em cima das suas.

— O que ele quis dizer com, "vale mais dinheiro porque não tem o sinal na testa"? — Itachi perguntou depois de um pequeno período de silencio, onde ele já havia limpado todo o meu ferimento.

— Coisa de Hyuga — murmurei. — Os Hyugas da segunda casa carregam um selo na testa, quando morrem o segredo do Byakugan morre com eles, fica trancado e longe de mãos inimigas.

— Por que só os da segunda casa?

— Já viu alguém da primeira casa saindo para batalhar sozinho correndo a chance de ser pego? — Ele parou o que estava fazendo e me encarou, pareceu pensar e por fim negou com a cabeça. — Exato, saem com membros da segunda casa que estão prontos para morrer no lugar deles, protegendo o nosso segredo. — Respirei fundo. — Eu, como membro da casa principal não recebi o selo.

— Se esse selo é tão vantajoso porquê não usar em todos? — Ele começou a costurar os buracos deixados pelos dentes. Se seu toque não fosse como morfina, provavelmente aquilo doeria bem mais.

— O selo te limita, te controla e traz dor. — Eu soltei uma risada, aquilo era cômico apesar de triste. — Não são só os Uchihas os amaldiçoados — murmurei triste.

— Um selo é fácil de ser quebrado, agora o destino... — Ele devolveu.

— O destino somos nós que fazemos, nossas escolhas Itachi. — Eu peguei. — Você escolheu se entregar ao ódio e à maldição que ronda o clã, eu escolhi esquecer e Sasuke escolheu vingar sendo tudo, menos igual a você. — Seus olhos ficaram indecifráveis, mas havia um brilho diferente naquelas ônix, um brilho que quase me fizera querer abraça-lo.

— Fique deitada e com a perna elevada, não saia da cama ate que eu diga para fazer. — Ele se levantou, mudou totalmente o tom das palavras e se afastou. — Seus dias aqui comigo serão longos e serão muitos.— Eu tive a impressão dele estar se divertindo com isso.

— Como isso foi acontecer? — murmurei me jogando contra a cama. Minha vida vai virar um inverno nesse esconderijo.

A HerdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora