Eu já não fazia ideia de quanto tempo eu estava sentada na grama tentando ativar meu sharingan sem usar os sinais de mão, Itachi continuava sentado contra aquela árvore me olhando, vez ou outra o via fechar os olhos, mas abrir no mínimo movimento meu.
— Estou cansada e com fome — murmurei me ajeitando na grama.
— Você vai comer e descansar assim que conseguir ativar o sharingan. — Eu o olhei de boca aberta, ele não podia estar falando serio. Já estava escurecendo e eu ia voltar pra minha casa, pra minha cama.
— Você não deve estar falando serio! — O encarei ainda indignada.
— Estou falando muito serio. — Ele se levantou me fazendo, automaticamente, fazer o mesmo — Daqui você não sai até eu ver seu sharingan, já mandei um corvo pra sua casa levando um recado.
— Como ousa?! — gritei.
— Eu sou seu sensei, eu faço o que achar melhor para o seu treinamento. — Ele quase sorriu, e ia sorrir do modo mais sarcástico possível. Raiva. Era isso o que eu estava sentindo.
— Você vai me deixar passando fome?
— Você esta debaixo de uma macieira. — Eu olhei para cima, realmente haviam muitas maçãs ali, mas ele não podia estar falando serio. Por quanto tempo ele ia me fazer ficar ali. — Ficar parada com cara de nada não vai te ajudar. — ele voltou a se sentar.
— Eu te odeio — murmurei.
— Não esperava nada mais que isso. — Ele devolveu.
Eu não tenho ideia de quanto tempo fazia, mas já haviam se passado alguns dias. Isso dias. Eu tinha fé de que quando a primeira noite chegasse Itachi se levantaria e diria que aquilo tudo era uma brincadeira, mas não foi assim, os dias passaram e nós dois continuamos ali, meus olhos doíam, minhas pernas, braços e minha barriga. Eu estava morrendo de fome e de cansaço, eu não aguentava mais aquilo.
— Aonde você pensa que vai? — Ele se levantou tão rápido quanto uma flecha.
— Pra minha casa, pra minha cama — me virei furiosa — você é um psicopata, isso não é treino é cárcere e é tortura. — Me virei pronta para seguir meu caminho, quando fui parada pela mão de Itachi que havia agarrado meu antebraço.
— Você não vai sair daqui até... — Eu o interrompi me virando bruscamente, pulei furiosamente em cima dele e em menos de um mês era a segunda vez que eu estava em seu colo com uma kunai em seu pescoço. — Eu sabia! — Não havia entendido. Ele sabia do que? — Seus olhos.
— Você... — Ele era um grande... gênio. Eu havia trago meu sharingan a tona quando deixei que minha raiva tomasse conta de mim. — Eu consegui. — Sorri.
— Você só precisava de um incentivo. — Ele murmurou.
— Me deixar com raiva de você não foi uma boa ideia — murmurei respirando fundo. Ele era louco.
— Minha ideia era te atingir pelo estômago. — Eu ri, não eu gargalhei, pelo menos até o momento em que ele se levantou ficando sentado. Nossos rostos estavam tão próximos. — Agora você pode ir.
— Ah claro. — Me levantei rapidamente. — Nos encontramos daqui dois dias?
— Dois? — Ele arqueou a sobrancelha. — Amanha quero você na minha casa! — Senti minha bochecha queimar. — Depois do almoço, para não dizer que eu sou malvado.
— Você é malvado! — Ele deu ombros. — Até Itachi. — Acenei enquanto corria para minha casa, entrei tirando os sapatos de forma desesperada. — Estou em casa.
— Filha! — Minha mãe abriu um sorriso assim que meu viu. — Finalmente, Itachi nos mandou o recado, não imaginei que demoraria tanto. — Meu pai apareceu na sala, com o pano em mãos. — Que tipo de treino foi esse que demorou tanto?
— Ele estava me ensinando a ativar o sharingan sem uso de sinais de mão. — Papai semicerrou os olhos. — Foi complicado pra mim separar o sharingan do Byakugan — expliquei.
— Ele te ensinou isso? — Meu pai perguntou espantado.
— Sim, ele é talentoso, apesar de louco. — Os dois sorriram. Havia algo, eles estavam um tanto quanto tensos, mesmo quando nos sentamos a mesa para jantar, evitaram conversa, mas o clima pesava e eles me olhavam como se quisessem me dizer alguma coisa. — Está tudo bem? - perguntei por fim.
— Está sim minha querida. —Minha mãe sorriu. — Seu pai só esta meio tenso por causa do primeiro dia dele na policia, ele começa amanha. —Sorri animada.
— Que noticia boa, não é?
— É sim. — Meu pai sorriu. — Você vai ficar orgulhosa do seu pai — assenti. — Eu já tenho uma missão e ela vai mudar tudo, para todos. — Minha mãe segurou sua mão, sorriu e apertou os dedos do meu pai para lhe passar confiança.
— E eu vou saber que missão é essa? — perguntei animada.
— Quando acontecer, você vai saber. — Papai garantiu. — Talvez você não entenda de primeira, mas um dia tudo vai fazer sentido. — Franzi o cenho, nada disso fazia sentido, mas as palavras do meu pai me passavam confiança.
— Eu confio em você papai, e sei que sempre vai escolher o melhor. — Ele acenou com a cabeça, havia uma lagrima única e solitária escorrendo por seu rosto.
Itachi
— Você está preparado? — Me perguntou o Hokage mais uma vez. — Dois dias, esse é o prazo que temos para você. — ele soltou aquela fumaça novamente, ela subia tão lentamente.
— Estou. — Minha voz nunca havia saído tão vacilante, e obviamente o velho percebeu.
— É a garota? — Ele falava tão lentamente quanto aquela fumaça desaparecia. Ele conhecia todos naquela vila como a palma da sua mão, o velho era um mistério.
— Não posso, preciso deixá-la — admiti.
— Quando conversamos a primeira vez, combinamos que deixaria apenas Sasuke. — Ele murmurou e sem perceber eu me encontrava de joelhos.
— Me deixe poupa-la — pedi quase em uma suplica.
— Dois Uchihas — ele murmurou.
— Ela não é só uma Uchiha. — Lembrei.
— Ela vai te odiar, o resto da vida dela. — Ele me alertou puxando o cachimbo mais uma vez.
— Ela já me odeia. — Eu quase ri ao lembrar da cena que ocorreu mais cedo. — E pelo menos, ela vai estar a viva para me odiar.
— Se é o que deseja. — Ele suspirou. — Faça o que quiser. — Me curvei, não sei como faria aquilo, mas eu faria. — Precisamos de você.
— Não vou falhar — afirmei. Dessa vez minha voz soou firme, dessa vez eu sabia o que dizia, eu tinha certeza do que fazer, eu confiava...

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A Herdeira
Fanfiction"Você me mostrou o que é o amor ao mesmo tempo em que me ensinou o que é o ódio" Quando os pais de Yuriko Uchiha voltam para a aldeia depois de tantos anos sendo renegados, a jovem herdeira de duas das mais poderosas famílias do local começa uma vi...