O encontro com os deuses

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Aurien dispensara servas e centuriãs; desejava uma conversa reservada com o soberano. Fora informada de que ele dirigira-se ao recinto sagrado, local onde recebia os visitantes.

Ao adentrar no salão, paralisou ante a cena que se deparou. O imperador e Layus se enfrentavam no fio da espada, numa luta de vida ou morte.

O líder dos rebeldes soubera através de seus emissários sobre o acidente que a jovem sofrera e contrariando conselhos das filhas, viera vê-la; só não imaginava deparar-se com seu inimigo em pessoa.

— Parem com isso! – Gritou — O que pensam que estão fazendo?! Este é um local sagrado! – Indignou-se.

Eles, porém, cegos de ira, a ignoraram. A atitude de ambos, a deixou muito brava. Lançou mão de seu cetro e avançou contra eles. Num só golpe, derrubou o imperador e, em seguida, Layus.

— Fiquem no chão! Por que agem como crianças insolentes?! Estes são os meus domínios, eu sou autoridade aqui! Se quiserem lutar, serei seu oponente com todo prazer! – Disse-lhes com uma firmeza de voz não habitual.

Eles se ergueram desconcertados. Dois homens de Meríade, mais fortes que qualquer mortal, derrubados por uma mulher humana. O modo como ela os atacara, era diferente do estilo de luta dos nativos daquele planeta.

— Fique fora disso... – Bradou Aragon, quase fora de si.

Layus não agira diferente. Ambos queriam sangue.

— Esse maldito morre hoje! – Decretou, partindo para cima do inimigo.

Ela, novamente, intercedeu. Não permitiu que se engalfinhassem. Voltou a derrubá-los.

— Como ousam me afrontar desta maneira?! – Enfureceu-se.

— Onde aprendeu a lutar assim?! – Questionou o imperador, curioso.

— Não achas que os deuses me ensinaram algo mais que ser delicada?! Uma humana num posto como esse não deveria saber seus pontos fracos?!

Finalmente, eles conseguiam entender o motivo dela lutar daquela forma peculiar; ela fora ensinada pelos próprios deuses, um tipo de arte marcial que só as divindades conheciam.

— Ela não há de me deter para sempre! – Enfrentou Layus.

O outro assentiu. Ambos estavam de pé, prontos para colidirem ferozmente.

Aurien os advertiu:

— Atrevam-se e não hão de suportar a maldição que recairá sobre vós.

Diante da ameaça, eles se detiveram.

— Este é um local sagrado, não é lugar para resolverem suas pendências. – Continuou. — Deveis partir agora senhor Layus. – Completou.

— Sim! Perdoe-me a afronta. – Desculpou-se. — Noutro momento conversaremos! – Disse antes de sair.

O imperador quis segui-lo, mas ela o atalhou.

— O senhor fica! É meu convidado!

— Por que o defende? Salvei sua vida, não deveria ter alguma gratidão?! – Questionou irritado.

— Por que me salvaste, eu deveria ser condescendente e permitir que derramassem sangue em solo sagrado?! Será que não entendes que o salvei de cometer um sacrilégio?! Achas pouco a maldição que recaiu sobre o seu povo nos primórdios do tempo?! – Indagou-o. — Sei que está bravo, mas quando se acalmar verá que tenho razão. – Disse ainda.

Ele ficou como que paralisado, em absoluto silêncio. Sabia que havia se excedido, porém, recusava-se a admitir em voz alta.

Aurien deixou-o sozinho para que pensasse com mais clareza. Ela direcionou-se à sacada, de onde tinha uma bela vista para o jardim com uma fonte de águas termais, que formavam uma fabulosa piscina natural.

A GRÃ- SACERDOTISAOnde histórias criam vida. Descubra agora