O REFÚGIO DOS REBELDES

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De volta a Meríade, Aurien estranhou não ter sido levada ao templo. Ao invés disso, o acampamento dos rebeldes. O lugar onde tentara chegar luas atrás. Agora, sentia-se tão estranha, como se não devesse estar ali.

Encontrar as filhas de Layus sãs e salvas foi um imenso alivio. Kira e Freya a saudaram cordialmente. Melinda desviou-se dela, abraçando o próprio corpo. Havia algo errado com ela.

— O que quer que seja, está tudo bem, querida! – Disse-lhe suavemente.

A jovem lançou-se no chão, de joelhos.

— Não, não está! Eu a traí de uma forma vil. Não mereço perdão. –Disse entre lágrimas.

Foi aí que Aurien percebeu o quão grave era o que estava por vir. Aquele povo raramente chorava; o que significava que sua perturbação era extenuante.

— Fique de pé! – Pediu, com voz embargada.

Melinda se recusou. E ali, ajoelhada, começou a falar. Despejou tudo que a consumia. As irmãs a ampararam.

Ouvi-la a fez levar a mão a boca e abafar o próprio soluço. Não tinha porque chorar diante dela. Suportou a sensação de nó na garganta e engoliu o choro. Embora aquilo tudo a deixasse afetada.

No auge de sua loucura, Melinda a odiou por vencer a disputa. E tudo piorou ao perceber que o imperador a tratava com distinta preocupação. Pois ele a levara pessoalmente a ala de recuperação.

Ela os seguiu sem ser vista e quando esteve um momento a sós com a enferma, fez uma resolução perigosa. Havia pouca vigilância no local e não fora difícil removê-la de lá. Depois contatou uma de suas naves e deu instruções aos tripulantes para que a deixassem na terra. Eles levaram a carga sem saber de quem se tratava.

Ao contrário do que a grã-sacerdotisa imaginara, Melinda não permanecera no palácio como prisioneira. Aragon a persuadira a ficar como sua convidada.

Contudo, a façanha da jovem foi descoberta por Pandora, que se reteve em denunciá-la, imaginando que ela tentava proteger Aurien. A princesa percebeu o engano tarde demais. Somente quando soaram os alarmes de que uma nave não autorizada utilizava um de seus portais para fora do planeta.

Seu primeiro impulso foi de correr e contar tudo ao irmão. Porém não dava mais tempo de interceptar a nave. Deteve-se.

Foi ali, que Melinda descobrira que se iludiu com o soberano, que como uma fera, tentou persuadi-la a dizer para onde havia enviado sua futura rainha. E como ela se recusou a falar, foi enviada a masmorra, sob ameaça de ser torturada.

Nesse meio tempo, a princesa foi ter com ela e a convenceu de lhe dizer a verdade. Estava ciente de que o irmão mataria a prisioneira quando tivesse a resposta que desejava e resolveu intervir. Deu-lhe fuga.

E mesmo diante da gravidade do que fizera, não omitiu sua falha. Revelou ao imperador o paradeiro da grã-sacerdotisa e assumiu ter facilitado a fuga da filha de Layus. Isso foi o suficiente para deixá-lo fora de si. Sabia que a possibilidade de encontrar Aurien na terra sem pôr as mãos nos tripulantes que a levaram, eram remotas. E lidar com a traição da irmã não facilitava as coisas em nada.

Pelo menos, Pandora estava ao seu alcance e foi contra ela que descarregou sua ira. Queria enviá-la ao calabouço como forma de puni-la, mas isso seria demais para uma princesa. Reconheceu. Decidiu, então, prendê-la em seu próprio quarto, deixando-a sob vigilância, noite e dia. Não lhe fora permitido sair nem para as refeições.

Layus ficou sabendo através da filha, parte de tudo que se passara. Mais tarde, chegara a seu conhecimento, a notícia de que a princesa fora punida por ter salvado Melinda. O que o fez se arrepender de seu plano audaz. Agora tinha uma dívida eterna para com ela. Pensava em ajudá-la de alguma forma, mas a grã-sacerdotisa fora do planeta se tornara uma demanda mais urgente que qualquer outra.

A GRÃ- SACERDOTISAOnde histórias criam vida. Descubra agora