A FUGA DA GRÃ-SACERDOTISA

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Layus saltou da cama ao ouvir o rugido. Havia algo errado. Precipitou-se para fora da casa e deparou-se com a cena que o deixou paralisado. Sabia que não haveria tempo para Aurien voltar à zona de segurança, devido à proximidade com o animal. Puxou cuidadosamente sua arma, não tinha outra opção.

Por sua vez, a moça o viu se aproximar. Ignorou-o. Estava concentrada na fera, e contrariando os prognósticos, mantinha-se inabalável. De repente, a fêmea reduziu de tamanho e se inclinou em sinal de reverência. Aurien sorriu e afagando-lhe o espesso pelo, pediu:

— Leve-me daqui!

Layus não teve tempo para reagir. Quando se deu conta do que ela faria, correu para impedi-la, mas de um salto, ela montou o animal que disparou correndo.

Rapidamente, ele soou o alarme e apareceram alguns generais. Não fora preciso explicar nada. Ao longe viam estupefatos, a grã-sacerdotisa sumir na linha do horizonte. Cada um tomou sua nave de patrulha e partiu em perseguição com o líder a sua frente.

Porém, a fera embrenhou-se na densa floresta. Não puderam rastreá-la. Aurien aferrou-se ao seu pelo, tentando não cair. Ainda havia escuridão e não pode ver para aonde iam. Vez ou outra sentia rasgos no vestido e na pele. Provavelmente, galhos e espinhos que davam suas boas-vindas pelo caminho.

Teve a sensação de que passavam por uma cachoeira; embaixo dela. O barulho sobre a água se fazia forte. Molhou-se. A fuga lhe pareceu uma eternidade. Sentia dores pelo corpo e uma estranha letargia. Talvez, tivesse sido ferida por uma planta venenosa.

Havia pedido que fera a levasse à entrada do reino e ela assim o fez. Ela parou, subitamente. O dia estava claro. Amanhecera.

Apeou. Seus passos vacilavam, à medida que sua visão se turvava.

— Vá para o templo! – Apontou a direção. — Haverá companhia que a agrade! –Disse, afagando-a.

O bicho emitiu um ronronar, depois partiu na direção indicada. Ao passo que ela aproximou-se do grande portal de acesso ao centro do reino. Tropeçava sobre si mesma. Um guarda veio recebê-la.

— Pelos deuses! – Pronunciou assombrado ao reconhecê-la e perceber seu estado.

— O imperador...

Os sentidos lhe fugiram.

***

Aragon se levantou abruptamente do trono quando um de seus ministros sussurrou-lhe algo. Não teve como ninguém detê-lo, não que tentassem. Saiu a passos largos da sala do trono, deixando os que estavam em audiência temerosos. Ao que o ministro tratou de acalmá-los.

O soberano entrou na ala de cura como um furacão. Aurien se encontrava estendida num leito. Um dos médicos passava um laser que emitia luz branca a poucos centímetros de sua pele e seus arranhões iam ficando, instantaneamente, curados.

— O que fizeram a ela?! – Indagou com voz de trovão.

— Não sabemos! Os guardas a encontraram aos portões. Ao que tudo indica esteve na floresta dada a natureza de seus ferimentos...

— O que mais? – Questionou quando o homem se deteve como se procurasse palavras certas para dizer.

— Ela está envenenada! Certamente por uma dessas plantas que são letais para humanos. Fizemos tudo ao nosso alcance, mas temo que ela tenha demorado demais a chegar até aqui. O veneno se espalhou em sua corrente sanguínea e atingiu todos os órgãos vitais... Não há o que fazer.

— Saia! – Esbravejou — Saiam todos! – Gritou ainda mais alto.

Ninguém teve coragem de permanecer no local. Cada um buscou a saída mais próxima.

A GRÃ- SACERDOTISAOnde histórias criam vida. Descubra agora