ENLACE E TORTURA

401 49 107
                                    

Com as mais finas essências e óleos, Aurien se preparou para o que logo vinha. Sua extraordinária beleza se destacava nas vestes reais. Aragon tomara o cuidado de manter as cores dos sumos sacerdotes em seu vestido, certamente queria exibir a todos seu status de grã-sacerdotisa. Simbolizando a cor da rainha, ele enviara um precioso colar de pedras vermelhas, a que os humanos chamavam de rubis.

Larrih preparou-a em cada detalhe, com absoluto esmero. Ficou radiante em ver o resultado de seu trabalho.

— Chame Alícia, ajude nossos convidados! Pode ser que tenham dificuldades, afinal é tudo novo para eles. Irei ter com os deuses por um momento.

A serva não fez objeção. Após curvar-se em reverência, retirou-se do recinto sem fazer barulho. Parecia flutuar. Seu sorriso seguia estampado no rosto. Imaginou sua senhora. Ela representava a sublime perfeição. Por anos a servia e por muito mais a serviria com extrema devoção.

Alícia não pode deixar de notar que seus olhos cintilavam enquanto trocavam algumas palavras pelo corredor, depois que ela foi encontrá-la.

— Sei que não se sente confortável na presença de homens...

— Não, não! Não me favoreça! Irei ter com ele! – Alícia interrompeu, ruborizando.

Larrih assentiu e bateu na porta, diante da qual pararam. Evelyn as atendeu com grata surpresa.

— Minha senhora me mandou...

— Eu precisava mesmo! – Evelyn não deixou que terminasse e puxando-a pelo braço a colocou para dentro. –Estou toda enrolada com essa roupa!

— Eu não entendo...

— Okay! Só me mostre como vestir! –Pediu.

Enquanto isso, Alicia estava parada frente à porta de Bryan. E depois de um ou dois momentos de hesitação, levantou a mão tremente e bateu. Recuou um pouco quando a figura do homem tomou forma diante dela. Seu 1,65m de altura foi superado, facilmente.

As mulheres de sua espécie tinham uma média de estatura bem maior que a das humanas, salvo por alguma debilidade, o que era o seu caso. Sua mãe fora ferida no confronto com o inimigo, o que causou seu nascimento precoce. Na esperança de salvá-la, entregaram-na aos cuidados da grã-sacerdotisa. Crescera no templo, longe do convívio social, principalmente dos homens.

Bryan se deteve diante da diminuta criatura. Acabara de sair do banho e estava envolto no que supunha ser uma toalha.

— Sim?!

Sua voz grave provocou nela um sobressalto.

— Ah, meu senhor...é. fui incumbida de ajudá-lo! –Disse com voz arrastada.

— Seu nome?

— Alícia.

— Então, Alicia! Não preciso de ajuda!

Ela gelou da cabeça aos pés com a negativa. Não querer sua ajuda era o mesmo que dizer que ela não servia para o trabalho.

Ele, porém, não compreendia suas tradições e nem o peso de sua negação. Mas notou como ela se retraiu, baixando o olhar e abraçando o próprio corpo como se tudo fosse desmoronar e se assegurasse de que permaneceria no lugar.

— Isso é muito importante pra você, certo?!

Ela assentiu, porque não conseguiu se pronunciar. Ficara sem voz.

— Por favor, entre! Pensando bem, acho que eu teria dificuldades com as roupas.

O sorriso dela iluminou-se, mostrando seus dentes brancos perfeitos.

A GRÃ- SACERDOTISAOnde histórias criam vida. Descubra agora