XXII. DESTINO: as escolhas do escolhido

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Capítulo 22

"Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca." ~ William Jennings Bryan.

DEPOIS DE TANTO TEMPO, EU ME SENTIA EM PAZ. Uma serenidade interior dominou o meu ser e a luz frenética da árvore Súria, fez com que meu espírito se desprendesse de meu corpo numa velocidade próxima à da luz. E o que antes parecia impossível: agora era possível. De repente: eu era a Grande Mãe. Flutuando, percebia que minha mente estava completamente integrada àquele momento, os pensamentos não iam e vinham como antes. O estado mental estava focado apenas na minha respiração, no calor e em meus novos membros: que agora ao invés pernas e braços, transformaram-se em galhos, folhas e raízes. Minha visão estava totalmente iluminada por uma luz branca, e embora não houvesse ninguém, eu ainda podia sentir a presença de algo. Sentir, era o que definia estar conectado com a "Grande Mãe".

E mal sabia eu o que estava por vir.

- Filho? – Ressoou uma voz estrondosa vinda de todos os lugares ao mesmo tempo.

Meu coração disparou. Mas não de medo. De amor.

- Órion. Você está aqui? Te esperei por tanto tempo – Completou a voz.

Meu espírito perambulava de um lado para o outro no vazio daquele espaço em branco. Mas não conseguia enxergar nada além de mim mesmo.

- Não me procures. Sinta-me. A hora do destino está chegando. O que lhe traz aqui? – Indagou a voz divina.

Neste momento me lembrei da mensagem de Faya para que Súria nos teletransportasse até Ellevangel. Mas como eu perguntaria justo isso, se eu possuía tantas outras indagações em mente.

- Quem é você? – Questionei por impulso.

De repente a sensação de presença aumentou dentro de mim.

- Eu sou o "Eu Sou", Órion. Trago vida à esta árvore, assim como tu trazes vida ao teu corpo. Mas não sou a árvore, sou algo além. Agora você está Órion. Mas você não é Órion. Não devemos nos prender ao "estado de eu". Devemos primeiro sentir. A chave para todas as respostas está dentro de você. Mas lembre-se, não existe você. Somos todos parte da mesma coisa. Somos milhares de histórias de um único livro – Explicou a árvore, antes de sua luz começar a se desintegrar.

As suas palavras ainda me soavam confusas. Mas ainda assim, eu podia sentir que estavam certas. Eu me perguntava por que era tão difícil acreditar no meu sentir? E talvez fosse pelo fato de que porque nós humanos sempre tínhamos explicações lógicas e racionais para tudo. Só me dei por convencido ao relembrar que a única explicação que nós ainda não possuíamos era aquela que explicava: o que de fato era a vida...

- Não vá. Eu preciso de uma coisa – Clamei, antes de perder a missão.

- Seja breve – Respondeu a voz enfraquecida.

As perguntas sobre minha família, Líria, Isack e Robson, bombardearam a minha mente. Mas tive que fazer o que era certo.

- Nos teletransporte para Ellevangel. Em nome de Faya. Temos que encontrá-la – Comuniquei contra a minha própria vontade.

De repente, uma ventania luminosa se agitou por todo o ambiente com um clarão intenso e quando ascendeu em ápice, a Grande Mãe respondeu:

- Então assim será.

Logo, a luz se extinguiu por completo dando lugar a um imenso vazio de escuridão. Meu espírito retornou ao corpo com a mesma velocidade que havia se separado. E com um suspiro de afobação, retornei à realidade, percebendo que o lugar em que estava não se tratava mais de Fonday. Além de confuso, eu estava tonto, fraco e amarrado.

ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSOOnde histórias criam vida. Descubra agora