VIII. SACRIFÍCIO: a execução dos bruxos

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Capítulo 8

"O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós." - Irmã Dulce.

PODERES, MAGIA, EXPLOSÃO... Tudo aconteceu numa fração de segundo e quando me dei conta, já não me lembrava de quase nada além de flashbacks.

Aos poucos, meus olhos foram se abrindo e minha consciência foi voltando levemente ao seu estado normal. Apesar da enorme dor de cabeça, eu felizmente não apresentava nenhum tipo de arranhão, como se tudo que eu me lembrasse simplesmente não tivesse acontecido... E assim espero. Sobretudo sei, que a única forma de descobrir é sabendo se Eidrew e seus amigos vão comentar algo sobre. E confesso estar implorando para que eles não se lembrem... Caso contrário eu estaria correndo sérios perigos, afinal o que eles pensariam de um garoto com superpoderes?! Era a chance perfeita de me matarem numa fogueira... Magia era com certeza uma das coisas mais odiadas de Northland.

Ainda estava atordoado quando passos pesados surgiram atrás de mim. O frio da neblina que sublinhava rasteiro, ocultava boa parte da minha visão ainda embaçada.

Receoso, rastejei-me lentamente para trás. Mas os passos só aumentavam. Até que de repente uma enorme lambida gosmenta encharcou o meu rosto. Era o Guardião... que certamente não se conteve em me "cumprimentar".

- Guardião? É você?! - Disse, ofegante. - Quer me matar do coração, amigo?!

Eu estava tão amedrontado, que já estava ficando paranoico. Já ele, continuou a me lamber, até eu finalmente criar coragem para me levantar do chão. Percebendo só assim: que estava em casa novamente.

Como é que eu vim parar aqui? - Perguntei em pensamento, mesmo sabendo que obviamente fora o guardião. Afinal isso explicaria todas as minhas últimas memórias... Ou pelo menos a junção perfeita do quebra-cabeça que se passava na minha mente.

- Valeu, amigão! - Agradeci, acariciando sua pelagem albina, enquanto ela ficava cada vez mais transparente. - Guardião? Você está bem?! - Perguntei, após perceber que ele estava simplesmente desaparecendo.

Quando se deu conta do fenômeno suas pupilas dilataram, fazendo-o correr floresta adentro (provavelmente, rumo ao lago). Mas seja o que for, algo me dizia que quanto mais claro ficava, menos real ele se tornava... Talvez fosse justamente a magia que o fizesse real... E pelo visto ele precisava se recompor.

Caminhei ao redor da cerca dos fundos, até chegar na portinha de entrada. A qual abri e fechei, fazendo soar o ranger de madeira mais velho que eu conhecia. Enquanto me aproximava da porta de entrada, tomei o maior susto ao vê-la se abrindo. Me fazendo recuar instantaneamente.

- Parado, aí!

- AAAH, MÃE?! SOU EU! - Gritei, enquanto via ela mirar o arco bem na minha direção, pronta para dar o primeiro disparo.

Ela me olhou assustada recuando no mesmo instante.

- FILHO?! Oh meu deus... Você está bem?! Achei que era um ladrão - explicou ela, soltando o arco e vindo ao meu encontro.

- NÃO MÃE... Você quase me matou de susto... Ou pior, você quase me matou!

- Ah, me desculpe querido, eu não sabia que era você! Aliás, o que você faz aqui numa hora dessas? Cadê o seu pai? - Indagou ela, preocupada.

- Eu não sei... Quer dizer: o meu pai está na casa do meu tio. Eu acho, mas não me lembro direito... Eu acabei caindo de uma árvore ontem...e...

- Tudo bem Órion, eu já ouvi o suficiente. Aprontando mais uma vez, né... Você não se cansa pelo jeito. Mas saiba que essa sua estória está muito mal contada... - Disse ela, ajudando-me a levantar.

ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSOOnde histórias criam vida. Descubra agora