ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSO

XIV. Entre amores e memórias

Capítulo 14

MEUS OLHOS FINALMENTE À ENCONTRARAM causando a famosa sensação de "borboletas no estômago" que há muito não sentia.

- ÓRION! - exclamou Lesly, segundos antes de esboçar o semblante mais doce de todos.

A empolgação era tamanha, que ela simplesmente largou todas as lenhas que segurava nos braços, suspendendo a bainha de seu vestido e correndo eufórica na minha direção.

- Oh céus, você está vivo! Eu senti tanto a sua falta. - Completou ela enquanto me abraçava.

- Eu também senti sua falta, Lesly. Nunca imaginei que te encontraria aqui. Isso parece até um milagre! - Nem imagino o que seria de mim, se você...

Nossos olhares se encontraram.

- Não diga isso, Órion! Agora está tudo bem... - Abafou Lesly. Demonstrando não estar tão desapontada com o lugar quanto eu estava.

Meu olhar permaneceu sério.

- Quer dizer... - Nós sobrevivemos, não é? A tudo aquilo, e agora: estamos aqui! Sam e salvos! - Eu te amo, Órion... - confessou ela com um brilho no olhar.

- Eu te amo ainda mais, Lesly! - disse enquanto lhe pregava um beijo nas bochechas rosadas.

- Venha, eu quero lhe mostrar uma coisa! - disse ela puxando-me pelos braços em direção à barreira.

- Certo, mas antes preciso falar com a... - completei apontando pra trás e percebendo que Líria não estava mais lá, como se estivesse desaparecido em um passe de mágica.

- Ah, deixe pra lá... ela deve estar por aí. - Completei intrigado.

Ao lado de Lesly, eu estava finalmente feliz. Era como se parte de mim voltasse depois uma longuíqua viagem pelos confins do esquecimento. Eu me sentia mais confiante ao lado dela, como se isso me completasse de alguma forma. Me sentia imensamente feliz em ter derrotado todo aquele sentimento de saudade que há muito me assolava. Sentia-me, como se pudesse respirar de novo.

***

Em frente ao círculo das fadas me deparei com uma tênue barreira roxa que acorbetava todo o local, uma espécie de aura protetora que se alastrava como chama pelo ar.

- Isso é mesmo seguro? - Indaguei.

- É sim. - Disse Lesly, convicta.

Estiquei os braços de encontro as chamas para romper a proteção. Mas antes de tocá-las, Lesly gritou:

- Não! Não podemos tocar! É a chama violeta, Órion! - Já que não somos fadas, precisamos de magia pra isso... - Alertou ela.

- Ah, que ótimo! E por acaso você sabe de que magia está falando?! - retruquei assustado.

- Claro, deixa comigo... - disse ela enquanto retirava uma espécie de papiro de sua bolsa de linho: uma bolsa que provavelmente ela mesmo teria feito nesses últimos dias aqui em Cristayland.

Aproximou seus passos da barreira e começou a recitar palavras ocultas numa linguagem que parecia naturalmente ancestral. Percebi que Lesly estava ainda mais empenhada com sua carreira de bruxa. Visto que, uma vez em que podia recitar frases estranhas, imagina só o que não poderia aprender se continuasse aqui.