ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSO

XV. Amor proibido

Capítulo 15

O IMPACTO DAS CHAMAS foi tão intenso que reluziu um brilho em onda de choque, se dissipando somente após acobertar longos metros de distância pela selva púrpura. Mas dessa vez foi diferente, pois assim que o meu corpo encontrou o solo minha consciência não desvaneceu, permanecendo firme e gélida mesmo perante os cortes que se revelavam.

Para compensar a sorte que tivera, um terrível ferimento se abriu sobre meu braço direito, causado por um, dos inúmeros cristais espalhados pelo chão. A dor era intensa, mas tive que me conter, uma vez que aquele confronto estava longe de ser o fim.

- ÓRION, NÃO! - Urrou Faya, aproximando-se tão ágil quanto um raio. - O que deu em você, humano?! Não pode se arriscar assim... É o meu dever protegê-lo!

- Não posso? - Disse, jogando um olhar ríspido à Triston e Sírian. - Então por que você pode?! Pode fazer isso com os meus amigos, pode achar que de alguma forma consegue controlar o amor. O amor não é assim!

- Ahr... Você não entenderia. Humano. - Desdenhou Faya assim que seus olhos voltaram à coloração dourada.

- Não, mesmo?! - arfei, tomado pelas lágrimas escorriam. - Olhe para mim!

Levantei-me, com o sangue escorrendo pelo braço, com as vestes rasgadas e os dedos quase em carne viva.

- Você acha mesmo que eu não sei o que é amor?

Os olhares permanecem em mim.

- Eu quase morri numa fogueira por amor, perdi o meu melhor amigo, a minha família... Eu atravessei toda uma dimensão para estar aqui. Para reencontrar a única garota pela qual já se apaixonei de verdade. - Eu não te entendo, Faya. - Como você pode ir contra sua própria filha?!

Faya inclinou sua cabeça para o lado suavemente, seus olhos e expressões mudaram tão de pressa que acabaram fisgando todos os olhares para a sua direção. Síria, pareceu intuir o que aquilo significava e deu um passo a frente.

- Mãe, você não precisa contar.

- Preciso. Deixe-o entender Sírian... - Assentiu Faya, olhando ao nosso redor a procura de intrusos.

Naquele momento, um ríspido uivo ecoou em algum lugar pela floresta. As orelhas de Faya se arquearam brevemente, e o sentimento de preocupação dominou a sua fala:

- Há muitos anos atrás, quando o domínio dos sete reinos eram parte de uma única nação. Eu me apaixonei por um Troll... Mas não por um Troll comum. PorqueTrogon assim como eu, possuía uma assombrosa facilidade em lidar com a magia. - Juntos, nós vivemos as mais belas aventuras pela dimensão. Fizemos nascer dezenas de Slambas pela ilha, transformamos néctary em glaucom, e, o pior de tudo, escrevemos os nossos próprios nomes na árvore do destino. - Faya, semicerrou os olhos, apertando seus lábios com força.

- Mas depois da chegada do colapso, algo mudou. - Olhou para o vazio. - Algo não... Tudo mudou! - Trogon passou a liderar os poucos que restaram da sua espécie, assim como eu, lutando para salvar o máximo de fadas que não tinham sido corrompidas pelo colapso. graças ao poder do destino, nós não morremos. Mas minha mãe... Bom, ela não está mais aqui. - E agora:

- O sangue nos separa do amor que nos uniu, meu coração não és o mesmo do que já existiu... - Recitaram em uníssono, mãe e filha, como se levassem aquele tenebroso legado muito à sério.

- Mãe! Talvez já esteja na hora de esquecer tudo isso. De continuar.

Sírian levantou-se indo de encontro a ela, no entanto seu olhar se voltou para a filha com ainda mais desprezo, fazendo-se mais uma vez incendiar os olhos.