IX. Serzinho do novo mundo

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Capítulo 9

"O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços." - Machado de Assis.

AS ÁGUAS ENVOLVERAM NOSSOS CORPOS com uma atmosfera densa e turva à medida em que afundávamos lentamente nas águas.

Lesly ainda segurava minhas mãos com força enquanto tentávamos nadar incansavelmente para a superfície. Mas por mais que tentássemos, estávamos tão submersos que nossos corpos pareciam pesar toneladas ao invés de quilos. A respiração era nossa única necessidade e à essa altura, já conseguia imaginar perfeitamente que ao invés de queimados, morreriámos afogados: e eu nem sei qual dessas opções seria a pior...

O fôlego ia acabar em cinco segundos; Eu e a Lesly já nos olhávamos quase roxos, quando algo um tanto pouco estranho começou a acontecer... Bolhas surgiram ao nosso redor, uma, duas, três... E um turbilhão delas. Seguidas de um clarão de luz avassalador que iluminou completamente o fundo do lago: revelando assim, uma vasta extensão de cristais e pedras preciosas cravadas bem ao fundo daquela imensidão aquática.

Até que inusitadante, um grande redomoínho de sucção começou a se formar, sugando os nossos corpos com uma força violentamente anormal. Nós estávamos de fato, afundando cada vez mais... Fazendo-nos perceber que o brilho; as bolhas; e a sucção: "eram todos como uma grande dança cujo único sentimento predominante era o medo... O árduo medo do desconhecido, o simples medo da morte... O qual já assombrava cada batida dos nossos corações..."

O fôlego estava a três segundos de acabar, quando a luz nos sugou por completo, fazendo com que todo nosso ar se soltasse instantâneamente.

- UHRUUU! UHRUUU!

Tossimos finalmente, enquanto éramos arrastados por uma grande correnteza que se formara bem abaixo do lago, denotando que nos encontrávamos bem no interior de um enorme túnel cavernoso. Era como uma extensa caverna de cristais, cujas paredes jaziam enormes pilares de quartzo compostos de pedras tão pontiagudas: que poderiam facilmente nos cortar em pedaços.

- ÓRION!!! CUIDADO!!!

Gritava Lelsy desesperada, tentando nos alertar sobre os mais diversos filamentos de cristais que passavam raspando pelos nossos corpos, na mais alta velocidade. Enquanto ainda estávamos de mãos dadas, pude avistar mais adiante uma enorme estaca de cristal, que fazia com que a imensa correnteza se dividisse em dois caminhos distintos.

E eu sabia: que se nós, não nos soltássemos, seríamos estrassalhados numa pequena fração de segundo.

- Leeesly!!! Temos que nos separar!!! Rápido!!!

- Não Órion!!! Não me deixa...

- Você precisa me soltar Lelsy, rápido!!! - disse incansavelmente, visto que de nada adiantaria lutar contra a correnteza.

Quando finalmente nos soltamos, estávamos bem diante dos enormes cristais, e por um milésimo de segundo, um deles acabou espetando à fundo um dos dedos da Lesly.

- AAAH!!! Meu dedo ÓRION... Está sangrando...

- Não!!! Cadê você?! - indaguei completamente perdido, ao adentrar pelo caminho oposto ao dela.

- Eu não sei... A correnteza está muito forte!!! Eu não consigo te ver!!! ÓRION?!

- Calmaaa Leeesly! É só seguiiir o fluuuxo... - Nos encontramos no finaaal, okay?! - berrei o mais alto alto que pude.

- Eu não... UOORH! Uorh...Uorh... - Buum!Bum...Bum... - Ecoou a voz da Lesly, seguida de um estrondoso som de batida nas paredes da caverna.

ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSOOnde histórias criam vida. Descubra agora