X. A negação

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Capítulo 10


- VAMOS MATÁ-LO! HEHEHE, ou melhor, vamos servi-lo como elemento surpresa do nosso jantar. HIHIHI...

- É claro que não seu cabeça de minhoca, me dá ele aqui! - Proferiu um dos seres grotescos que me puxavam pra lá e pra cá, enquanto se decidiam sobre qual a melhor coisa a se fazer comigo.

Os Troll, segundo as lendas, eram criaturas gigantescas de pele grossa e esverdeada que habitavam montanhas, cavernas e florestas das mais antigas localizações do mundo. Tais criaturas, além de mal humoradas e mal educadas, também costumavam emanar um péssimo cheiro de alho podre, tanto de seus corpos, quanto de suas bocas.

Não fazia a mínima idéia do que pensavam de mim, mas tinha certeza de que me viam mais como um Inimigo do que o oposto.

- Afinal Télry... O que devemos fazer com ele?

- "Ih qui devímos fazihr cunêleh"?! Não seja tolo seu estrume! Devemos levá-lo imediatamente ao rei Trogon! Ele sim, saberá o que fazer
- Insinuou o troll cujas falas pareciam ser as mais sensatas naquele momento.

Com toda aquela falação alta e grotesca, rapidamente acordei, me dando conta de estar apoiado sobre os ombros da enorme criatura esverdeada.

- Pirih ondie vicês estin mi levandio? - Perguntei em alto e bom tom, embora ainda sob efeito do gás constrangedor.

- AARH... Olha só o que você fez! - desdenhou um dos trolls. - Me dá logo ele aqui, deixa que eu carrego!

- Não! Deixa que eu mesmo carrego - retrucou o outro.

E assim, me vi sendo chacoalhado de um lado para o outro: bem como doce na mão de crianças. Mas, sabendo de que alguma forma eu precisava fugir: e o mais depressa possível.

Instantes depois, aproveitando-me da distração de ambos, dei uma forte mordida em um de seus dedos, fazendo com que o Troll derramasse uma espécie de sangue esverdeado.

- UAAARH! Nanico seboso! - Chingou o mais alto deles, enquanto recuava a mão de encontro a boca, despejando uma baba verde e glutinosa sobre sua ferida.

Apressei o passo assim que despenquei no chão, levando o maior susto ao me deparar com um grande aglomerado de gnomos marchando ao meu redor. Em meio a passos rápidos: tropeçei várias e várias vezes nos seres, derrapando com força a cada pisada dos Trolls.

Tentei me rastejar pra longe, adentrando sorrateiramente o bosque à minha esquerda; mas apesar de gigantescas, as folhas se iluminavam constantemente conforme eu me aproximava, então, o máximo que pudi fazer foi me encolher no interior de um tronco velho cujo diâmetro era tão estreito: que me fez atolar assim que o adentrei.

- Amiguinho? Não adianta se esconder... - Berrou o Troll com uma voz irônica e maliciosa, fazendo-me ofegar de aflição.

- Snifh... Snifh... Hmm... Sinto cheiro de... - pronunciou ele farejando cada vez mais perto.

- Criatura! - Terminou ele ao colocar a ponta de seu nariz sobre a abertura frontal do tronco.

"Droga!" - espantei-me, assim que vi um punhado de meleca verde escorrendo para dentro da madeira

- Icah! - murmurei.

- Ah! Aí está você! - urrou o Troll, enquanto se levantava.

Logo, com sua força exorbitante pôis-se a arrancar violentamente o tronco do chão, carregando-me novamente em suas mãos grandes e grotescas, rumo ao suposto "rei".

ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSOOnde histórias criam vida. Descubra agora