I. A liga dos caçadores

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Capítulo 1

"Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo." - Mark Twain

Nothland, Suíça.

- TOC! TOC! TOC!

- Órion?! - Tá na hora de acordar filho, finalmente chegou o grande dia! - Veste o casaco e vai tomar logo seu café, mas seja rápido, ou vai perder a "carona"... - alertou meu pai, com sua voz alta e autoritária.

Sonolento, soltei um murmúrio ainda rouco:

- Já vou pai. Só um minuto...

Despreguicei como quem não queria levantar, mas pulei da cama depois de um longo tempo olhando para o teto.

Ao espiar pela janela pude sentir que estava mais frio que o inverno anterior e que a neve já cobria tudo ao nosso redor, desde às árvores até às casas, um cenário típico de todos os anos. Caminhei até o banheiro a passos lentos, enxaguando o meu rosto num balde de madeira com uma água quase num estado glacial.

- Bruhr... que frio! - Estremeci.

Passei a mão úmida entre os cabelos pretos, e pronto: isso já era o suficiente para encarar mais um dia. Eu quase nunca optava em ser tomado pela vaidade já que tais aparências nada acrescentavam em minha vida de caçador.

No café, comi ovos de codorna cozidos com pão e fatias de búfalo, embora mal tive tempo de saborear quando fui quase "obrigado" a colocar o casaco e sair, isso sem não ao menos terminar o chá. Era pressa e mais pressa, e para falar mesmo a verdade eu odiava ter pressa, principalmente nas refeições. Todavia, isso se dava necessário hoje.

Quando abri a porta, um punhado de neve entrou pela abertura da minha bota, o que de fato, me incomodava muito.

- Droga! - Pensei enquanto caminhava pelo quintal até chegar à cerca de madeira do portão.

Meu pai já estava me esperando montado no alazão que ganhara da liga dos caçadores em outrora. Ele o apelidava de Prateado: vai ver porque só usava mantos de prata ou algo assim... Era impressionante como os cavalos do porte dele, eram ágeis e belos, lembro-me até de quando meu pai o ganhou, ele ainda era bem pequeno, assim como eu na época, mas agora, após alguns anos, depois de ter crescido, acabou por se tornar um dos nossos únicos meios de locomoção de nossa família.

Montei no cavalo sentando-me sobre a sela bordada em prata, enquanto cavalgávamos floresta à dentro, rumo ao palácio real. Pelo caminho não conversamos muito e para ser bem sincero: não costumávamos conversar nada durante as manhãs. Mas em compensação ao silêncio, em poucos minutos já havíamos chegado.

Estávamos bem em frente ao glorioso palácio de NorthLand, para uma cerimônia única de recrutamento. E embora não estivesse tão empolgado, estava extremamente ansioso - meu estômago já se encontrava completamente revirado, fazendo-me suar frio por todo rosto. Afinal, eu havia treinado e aguardado por aquele dia desde o meu nascimento.

Ao redor, haviam poucos camponeses trabalhando em seus ofícios - era engraçado perceber como toda aquela neve tinha o poder de deixar as pessoas menos produtivas.

Quando chegamos próximos da multidão, meu pai parou o cavalo, e eu desci.

Mas, antes de eu ir, ele proferiu suas últimas palavras enquanto me encarava:

- Isso tudo vai ser muito importante para você filho... Não se esqueça, honre sempre a sua família.

Em seguida, me deu um forte aperto de mão, indagando-me ao perceber minha expressão de assustado:

ÓRION - DIMENSÃO em COLAPSOOnde histórias criam vida. Descubra agora