BRENO
Apesar da diferença de idade entre Théo e eu não ser grande, não mudava o fato dele ser tão cabeça oca as vezes. Eu o acompanhei sofrer pela Arthena durante esse tempo inteiro, inicialmente pensei que seria passageiro e fosse somente uma fase, mas sem que eu percebesse ele já tinha se afundado e se entregado a bebida e a desgraça.
Eu odiava ver o meu amigo naquela situação, mas me odiava ainda mais por não ter sido homem o suficiente para lutar pela Bruna. Eu me apaixonei por ela e quando voltei para São Paulo quase enlouqueci de saudade, mas como um bom amigo eu poupei da minha própria dor para ajudar o Théo, e a Bruna fez o mesmo com a Arthena.
Nós combinamos assim, a situação da Arthena era delicada demais pra gente sofrer por amor, a menina quase morreu e enfrentou uma depressão horrível. Bruna e eu concordamos de manter a situação em segredo do Théo, ele não iria me perdoar se soubesse mas a saúde da garota dependia disso, e eu não brinco com vidas.
Eu não acompanhei o sofrimento da Arthena mas acompanhei o da Bruna, me sentia um idiota todos os dias por não estar ao lado dela, mas como bons amigos que éramos deixamos os dois ficar acima de nós e concordamos em ajudá-los e deixar o nosso drama amoroso morrer no esquecimento.
Eu literalmente me tornei babá do Théo, a Emilly por ser criança me dava menos trabalho do que ele. Mas não me arrependo das minhas decisões, hoje vendo a Arthena viva e saudável, sinto que concordar com a Bruna foi a melhor coisa que eu fiz, mesmo que isso significasse não tê-la.
— A avó dele quer brigar pela guarda, eu não sei o que eu faço! Se eles conseguirem o menino, todo o meu sacrifício vai ter sido em vão.- Bruna dizia, no telefone.
— Já falei pra você não se precipitar!
— Os médicos só me deram mais um mês!
— O que é um mês pra quem tá nessa luta a um ano?
Um silêncio pairou do outro lado da linha, após um longo suspiro dela.
— Eu preciso de você comigo.- ela dispara.
Seguro firme minha respiração para não permitir que meus sentimentos me influencie.
— Bruna, não começa.
— Você não entende? Eu to sofrendo!
— Eu sei, mas espera..- ela me interrompeu.
— Esperar? Sabe o que eu mais odeio? É que vocês pensam que eu não sofro ou não tenho problemas só por eu passar a maior parte do meu tempo rindo com vocês.
— Eu não acho nada disso.
— Já estou de saco cheio!
— Não começa, caralho.- Digo, apertando meus olhos.
— Eu vou pegar o menino e vou embora.
— Bruna, não inventa arte a essa altura.
— Arte? Ele é o meu filho! Não vou deixar que tirem ele de mim.- suspirei forte e senti um nó na minha garganta. Ouvi-la chamá-lo de filho era como uma faca atravessando o meu peito.
— Mais a gente prometeu.
— E cumprimos! Eles estão bem, a Arthena conversa comigo todos os dias, ela ama o Théo e você já sabe qual é o final dessa história.
— Eu não sei de nada, ele acabou de se recuperar mas ainda estar abalado psicologicamente.
— Eles vão se recuperar juntos, Breno! Já chega da gente ficar se metendo no lance dos dois, tudo o que pudemos fazer nós fizemos.
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titânio: feitos pra tudo suportar - II PARTE
Teen FictionSegunda parte do livro; "feitos para tudo suportar" Um ano e dois meses depois da tragédia, Arthena se reencontra com o Théo. Será o acaso, ou o destino?