Segunda parte do livro; "feitos para tudo suportar"
Um ano e dois meses depois da tragédia, Arthena se reencontra com o Théo. Será o acaso, ou o destino?
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As aulas da faculdade haviam voltado a duas semanas, e em ambas as duas eu faltei. Esse seria o meu último semestre se eu ainda estivesse frequentando. Destranquei as matérias não sei por qual motivo, acho que a minha empolgação durou apenas naquele dia, ou eu só estava me iludindo mesmo crente que iria estudar dessa vez.
Acabei saindo do trabalho tarde, ser policial é isso, sair de casa sem ter noção da hora que vai voltar para casa ou se irá voltar.
Não gostava de ir á faculdade nos turnos das aulas, muita movimentação me incomodava, tento ser o menos notado possível.
— Você tem certeza disso, meu rapaz? Destrancou seu curso outro dia, e já irá trancar ou vez?- uma senhora que fica na recepção, conversava comigo enquanto eu aguardava a minha vez.
— Sim, eu tenho. Ando com a cabeça cheia demais pra focar na faculdade.- ela consertou o óculos em seu rosto, enquanto demonstrava estar decepcionada.
— Não afaste seus sonhos de si mesmo, meu rapaz.
— Agora já é tarde, dona Isabel.- digo, com a Arthena na minha cabeça.
— Nunca é tarde para nada.- a encaro, absorvendo sua última fala, e assentindo com minha cabeça.
Não imaginei que esperar aqui sentado seria tão entediante. Me distraio ao toque do meu celular, é o Breno me ligando, rolo meus olhos e atendo.
— Fala tu, putão.- digo, me esquecendo da Dona Isabel na recepção, olho para a mesma e observo seus olhos arregalados. Sorrio sem graça e me afasto da mesma.
— Está de bom humor, isso é novidade. Decidiu acabar com o seu chororô e ir provar um acarajé com dendê foi?- rolo meus olhos para a sua piada sem graça.
— Vai se foder, e leva essa história junto.
— Quer enganar quem pagando de superado?
— Eu só cansei desse caralho todo.- podia ouvir um barulho no fundo, parecia ser uma música infantil.
A galinha pintadinha e o galo carijó.
— Que merda é essa?- pergunto.
— Minha irmã está com algumas amiguinhas aqui em casa.- ele suspira forte. — Sabe qual o removedor que usa pra retirar glitter dos olhos?- não pude evitar a risada.
— Nem ferrando que você tá maquiado e com glitter.
— A vizinha que geralmente fica com elas, não pôde vim. Eu tive que servir de cobaia.
