~ 5 ~

584 65 71
                                    

 - Esposa? Haha - riu o mais velho - Não não, eu não quero e nem pretendo me casar com ninguém, casamento só traz dor de cabeça.

Kurapika riu também, concordava com isto embora nunca tenha passado pela experiência mas sabia o quanto via seus pais sofrerem com esta maldição.

- E você? Tem namorada?

- Não, não tenho.

Os dois ficaram em silêncio por um longo tempo até um deles ter a ideia de fazer alguma coisa legal. Kurapika começou a correr pela praça fazendo o mais velho ficar confuso, foi atrás dele para saber o porque ficou louco do nada.

O jovem saiu da praça seguindo uma das ruas ao leste subindo pela calçada ainda com a pressa nos pés. Leorio corria atrás irritado e quase atropelando quem aparecia na frente.

- Ei! Kurapika! O que você está fazendo?!

O loiro parou até chegar em frente ao prédio de um cinema grande, olhou para a porta desapontado e abaixou a cabeça segurando em seus joelhos com o fôlego escasso.

- A gente poderia... Assistir um filme... mas... a bilheteria já fechou...

Leorio se aproximou franzindo a testa e olhou também para a porta fechada, cruzou os braços nervoso por ter gastado energia atoa correndo e encarou o mais baixo com raiva nos olhos.

- Você me fez correr até aqui para isto?! É louco ou idiota?

Kurapika deu gargalhada da cara do mais velho segurando a barriga com a mão para manter sua respiração mais controlada.

- Qual é a graça?

- Nada... Você é engraçado.

- Hum? Por acaso tá achando que tenho cara de palhaço?

O jovem sorriu negando e levou sua mão até o rosto do mais velho, lhe tocando com seus dedos finos e suaves, aquele toque que fazia o moreno se arrepiar e ficar encantado. Kurapika não estava tão consciente quando fez isso, seus lábios tremiam em desejo de tocar os de Leorio que não pôde se segurar por muito tempo.

Um beijo suave e inesperado fez com que o mais velho arregalasse os olhos surpreso, aquilo era tão bom que impossivelmente queria parar, não se afastou até o mais novo fazer isto e o encarar corado. Kurapika tentava raciocinar o que acabou de fazer, seu coração acelerado errava as batidas, observando o rosto de Leorio estampado de vergonha com as luzes da cidade o iluminando.

- Kurapika...

- Me desculpe... - o loiro virou de costas se afastando do moreno, não conseguia acreditar na coragem que tomou naquela hora - Eu não resisti...

Leorio suspirava fundo vendo o amigo correr novamente, dessa vez para bem longe e provavelmente para quem sabe nunca mais ve-lo. Sentiu um aperto no peito e ao mesmo tempo uma confusão de desejo e vontade por querer reviver aqueles últimos minutos novamente.

- Por que ele... me beijou?

Tocou sua mão nos lábios confuso e saiu caminhando pelo trajeto de onde veio, decido a ir embora para casa e tentar esfriar a cabeça depois do que aconteceu.

No dia seguinte, ainda sem crer naquele beijo da noite passada, Leorio mediu esforços para enfrentar o trabalho onde veria seu colega que divide da mesma sala que ele. Ao descer do elevador ajustou sua gravata ancioso e trêmulo, caminhava devagar pelo corredor até a entrada daquela sala turbulenta. Estranhou hoje por haver mais pessoas que o comum, não se importou muito até porque quanto mais gente tiver melhor poderia desviar sua atenção de Kurapika.

Sentou em sua cadeira evitando de olhar para a esquerda e colocou sua matela sobre a mesa para retirar dela alguns papéis importantes. Suspirou fundo ligando a tela do computador e acomodou seus músculos tensos. Aquela mesma mulher loira de antes havia passado próximo à sua mesa, ele não hesitou de observa-la já que causava desconforto para Kurapika e isso o despertava curiosidade em saber do porque isso acontecia.

Esta mulher se aproximou outra vez da mesa do jovem loirinho, o que Leorio menos queria fazer agora estava fazendo, observando o garoto que conversava seriamente com a mulher. Ele não sabia dizer exatamente o que via, mas estava bem claro de que a presença dela não era muito agradável para Kurapika.

Sorriu aliviado ao ve-la sair da sala, com uma pulga atrás da orelha, queria investigar o que estava acontecendo mas se lembrando da noite passada não tinha coragem de ir até a mesa do outro para perguntar. Kurapika suspirou fundo após a saída daquela mulher, tentou se manter concentrado para prosseguir com seu trabalho mas sentiu um frio na barriga ao perceber os olhares de Leorio sobre ele.

O rapaz corou as bochechas e escondeu seu rosto para não ser visto daquela forma, estava mais do que claro seus sentimentos pelo mais velho depois do que aconteceu naquela noite, daquele beijo quente que no fundo desejava mais do que tudo.

- Kurapika...

O garoto se assustou ou ouvir a voz do moreno tão próxima, virou seu rosto para ve-lo e surpreso olhava para o corpo do homem que estava à cinco centímetro de distância dele, ambos se encaravam tensos e tímidos.

- Le-Leorio...

- Quem é aquela mulher? Me desculpe perguntar, mas eu não estava aguentando mais de tanta curiosidade.

- Ah... Aquela é... Pakunoda...

- Pakunoda? Você é amigo dela?

- Não... Nem um pouco. - Kurapika abaixou a cabeça por um momento.

- E então? Por que ela tanto te intimida?

- É que... Ela não gosta nem um pouco de mim.

Leorio ficou intrigado com a informação, pensando em dizer: - Mas desde quando alguém deixaria de gostar de um garoto gentil e adorável como Kurapika? - Porém corou das bochechas até a testa notando o quanto seus pensamentos pelo garoto estavam indo longe demais.

- Ei, Leorio - o rapaz tomou coragem em prosseguir com aquela conversa - Meu beijo... É ruim?

Leorio tampou a boca pensativo com aquela pergunta inesperada, seu coração estava tão agitado quanto ao de Kurapika, não sabia o que responder pois lhe possuía um desespero interno de asusmir que gostou, e muito.

- Na-não... Não é ruim...

- Não? - Kurapika sorriu trêmulo, imaginando que seja possível ter agradado o mais velho - Você gostou?

Leorio finjiu uma tosse falsa se afastando do garoto que ficou sem receber respostas, o moreno voltou à sua cadeira para iniciar o seu trabalho. É claro que havia gostado, mas lhe parecia estranho se envolver com um colega de trabalho que o conheceu faz poucos dias.

Kurapika riu percebendo o quanto estava mexendo com o coração daquele homem, ele sabia como se sentia e não conseguia dividir a mesma sala com esta pessoa que estava a um ponto de cair de pernas abertas em seu colo.

- Como ele pode ser tão lindo com este terno azul... - sussurrou para si mesmo viajando em pensamentos impuros.

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora