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O jovem se levantou assustado com as palavras de Leorio, seus olhos arregalaram ao ponto de parecer assustador. Respirava fundo e cerrando os punhos, sentia uma decepção enorme lhe corroer por dentro.

- Como sabe que meus olhos ficam vermelhos? E quem te falou que eu desejariam lhe matar?

- Então é verdade?! - Leorio pulou do sofá preocupado.

- Apenas a parte sobre meus olhos... Droga, eu deveria esconder melhor este segredo.

- A Pakunoda... Ela veio em minha casa me contar sobre isto.

- Ah... Claro, tinha que ser. Aquela desgraç... - interrompeu sua própria fala abaixando a cabeça, se segurando para não deixar uma lágrima sequer descer de seus olhos - Por culpa dela e da gangue que trabalha... Minha família não sobreviveu ao ataque que causaram na minha cidade Natal... E agora tenho que suporta-la ver trabalhar na mesma empresa que eu, e como se já não bastasse me segurar para não matá-la e vingar minha família...

Leorio se assustou com aquela história, observava a tristeza e frustração nos olhos do loiro que em alguns minutos ficaram vermelhos como sangue, pérolas escarlates brilhosas, buscando alguma palavra para dizer e poder consolar o garoto. Agora que acabou de saber que o mesmo era órfão e perdeu sua família de uma causa injusta, como ajuda-lo agora? Ele não fazia a menor ideia.

- Eu não queria te contar isso - Kurapika enxugava o rosto enquanto dizia - Mas não faz diferença, é apenas mais um que escuta sobre o meu desejo de vingança.

- Vin-vingança? Eu compreendo a dor e raiva que deve estar sentindo agora, mas não acho que seja uma ideia boa ir para o caminho da vingança, isso só pode piorar ainda mais a sua situação.

- Você não entende, nunca passou por isso e nem espero que passe. Nada vai me fazer mudar de ideia, estou pensando nisto há anos.

O loiro se afasta para sair da casa do mais velho já que sente que agora não exista mais um clima bom para permanecer ali, aquele assunto acabou com tudo e só trazia memórias dolorosas que o obrigava a se romoer nelas.

- Espere Kurapika! - gritou Leorio o puxando pelo braço - Eu não vou deixar que faça nada imprudente, esteja do meu lado para que eu possa te ajudar a superar tudo isso. Eu quero te ajudar assim como fez por mim desde que entrei naquela empresa. Lembra quando me disse que eu não precisaria lhe pagar por ter usado os créditos do seu celular? Mas me falou também que eu poderia agradecer de outra forma...

Kurapika o encarou de lado, sem saber o que dizer já que não conseguiria recusar esta oferta maravilhosa que seria estar ao lado do homem que o fazia se sentir bem.

- Por favor, fique aqui... - Leorio o abraçou forte, impedindo que o deixe escapar, de alguma forma ele se preocupava muito com o garoto - Prometo te ajudar no que for preciso, desde que não faça nada de errado.

O loiro dos olhos vermelhos encostou sua cabeça sobre o peito do maior, ali se sentia confortável e seguro, fechou seus olhos na tentativa de esquecer um pouco a sua sede por vingança para poder aproveitar melhor do calor que aquele abraço o fornecia.

- Muito obrigado, Leorio... Eu vou tentar ficar próximo de você, embora não possa garantir que eu mude de ideia.

O homem assentiu aliviado por saber que pelo menos por um bom momento o jovem ficaria calmo, mas para permanecer neste nível de paz precisava inventar alguma coisa divertida na qual poderiam fazer até passar a noite.

- Ei Kurapika, o que acha de fazermos uma aposta? - perguntou se afastando do menor.

- Uma aposta? De que tipo?

- Jokenpô! Pedra, papel e tesoura. Haha, aposto que perderá de mim tão fácil!

- Hum... Me parece interessante, mas o que de valor você vai apostar afinal?

- Eu não sei... - Leorio coçou o queixo pensativo - Ah! Que tal, se eu ganhar você fará meus trabalho de escrever arquivos por um dia!

- Certo, mas se eu ganhar... - Kurapika o encarou nos olhos com um sorriso diferente do que costuma fazer, um pouco mais malicioso - Você irá fazer amor comigo no elevador.

- Q-quê... - sussurrou o moreno assustado com aquele desejo do loiro, seus olhos arregalaram surpresos e suas bochechas ferviam coradas - Ok... Er...

- Vamos lá então, 1... 2... 3... e..

- Já! - gritaram juntos ao mesmo tempo.

Leorio havia colocado pedra na esperança de ganhar facilmente aquela jogada, mas para o seu espanto Kurapika usou papel. Não podia acreditar em como perdeu tão facilmente, ele sempre se sentiu o mestre em Jokenpô.

- C-como você conseguiu?

- É muito simples... Pessoas nervosas geralmente iniciam com pedra, como o seu caso. Eu só precisava ter a certeza de que faria isso para eu então colocar papel e vencer o jogo.

- Tsc... Eu não sabia deste detalhe.

Kurapika riu de seu descontentamento mas após estar ciente de que sua aposta agora está vencida sentiu um frio na barriga por imaginar que finalmente teria seu desejo concluído, só não sabia quando o faria e de que forma.

- Acho que já está tarde, vou para casa.

- T-tem certeza? Você ainda não comeu nada.

- Hum... É ainda não... Mas amanhã no elevador sim - sorriu notando a cara de preocupação do mais velho - Boa noite e durma bem.

Saiu pela porta da sala deixando Leorio sem reação, mal sabia ele que o garoto era possuído por atitudes pervertidas e logo o jovem que lhe parecia ser apenas um mocinho inocente. O homem sentou sobre seu sofá pensativo e calculoso, e agora que teria que cumprir com a aposta? Logo ele que nunca namorou alguém do mesmo sexo, se sentia mais inseguro que criança fora do colo da mãe, suas pernas tremiam de tanto pensar, se depois de amanhã ainda vai conseguir andar.

O sol quente bateu na sua cara o fazendo acordar naquela manhã de verão, se levantou da cama para escovar os dentes e se olhava no espelho perguntado o quanto poderia ser atraente para o jovem loirinho, analisava até sua barba fina e suas coxas em forma, nada que para ele fosse tão interessante assim.

Desceu do carro correndo apressado para entrar no prédio por ter chegado meia hora atrasado, subiu até o décimo andar e caminhava pela sala 4 até chegar em sua mesa. Viu à sua esquerda Kurapika acudindo alguns papéis que caíam de sua mesa, riu por ter sido a primeira vez que o encontrava desastrado assim.

- Bom dia! - sorriu o ajudado com os papéis colocando de volta no lugar.

- Leorio... Ah... B-bom dia - corou ao ve-lo tão próximo.

O mais velho se afastou para fazer seu trabalho deixando o loiro ali parado nos seus pensamentos sobre a aposta que teria que cumprir. Seu coração agitava com esta esperança, sentou sob sua cadeira com a mão no mouse, suspirando lentamente.

- Eu sinto que não consigo me segurar muito... - sussurrou para si mesmo.

Se passaram meia hora, Pakunoda entrava na sala para ver o quanto suas palavras fizeram efeito em Leorio, para seu espanto, o home hoje parecia mais próximos de Kurapika que o normal. Franziu a testa não crendo no que via e decidiu se aproximar para entender qual era do colapso que não deu certo.

- Leorio - sorriu a mulher o encarando de lado.

- Pakunoda... - sussurrou o moreno se levantado da cadeira nervoso para gritar em voz alta - Sua vaca!

Seus olhos escarlatesOnde histórias criam vida. Descubra agora